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Quantos jogos você já jogou em que simplesmente assumimos um personagem qualquer em um mundo completamente desconhecido e nosso único objetivo é tentar descobrir as coisas por conta própria? Provavelmente vários. Resolutiion bebe dessa fonte e em apenas duas linhas eu consegui resumir o jogo inteiro, então é isso, pode fechar este review, nos vemos na próxima.

Brincadeiras à parte, eu sempre encarei jogos construídos dessa forma ousados demais. Geralmente, quando um jogo não chama nossa atenção logo de cara pelas mecânicas ou pelo visual, se não tiver ao menos um enredo interessante ou personagens carismáticos, dificilmente nos sentimos motivados em continuar jogando. Podemos dizer que Resolutiion possui defeitos em cada um de seus aspectos, mas ainda assim consegue ser fiel a sua proposta.

Em busca de identidade

O enredo do jogo é completamente solto e misterioso. Nós nem sequer temos o luxo de ver uma cutscene inicial; ao começar um novo jogo, você imediatamente assume o controle de uma criança jogando futebol e, se não resolver explorar seus arredores por conta própria, provavelmente vai ficar jogando futebol para sempre, pois em momento algum o game te aponta alguma direção do que fazer.

Após esse rápido prólogo um tanto maluco, acordamos na pele de um personagem adulto em um lugar bizarro, uma espécie de base que ao mesmo tempo remete a uma prisão. Sem muita escolha, seguimos em frente até descobrirmos que nosso único aliado nessa jornada é uma “coisa” chamada Alibii, que teoricamente serve como seu guia nesses corredores escuros – mas na realidade não ajuda em nada, só fica jogando mais perguntas sem resposta no ar.

Nosso protagonista é Valor, um homem (ou será uma mulher?) que não lembra de nada sobre seu passado ou o mundo em que vive. Nosso objetivo é seguir em frente, encontrar novas informações, juntar pedaço por pedaço e descobrir quem somos e qual o objetivo da nossa humilde existência.

Estou armado e perigoso!

O começo do jogo é extremamente lento e será um divisor de águas. Uma coisa que pode ajudar a manter o interesse do jogador é o fato dele lembrar bastante Hyper Light Drifter, tanto no visual como no combate. Tudo bem que tudo aqui é consideravelmente inferior, mas ainda assim é um bom jogo para ser comparado e todos que o jogaram vão perceber a semelhança logo de cara.

No começo você só anda sem rumo, derrota alguns inimigos e torce para descobrir mais alguma coisa que te aponte para alguma direção. Como dito antes, o jogo não te ensina nem os comandos e você precisa descobrir qualquer coisa por sua conta. Aprender a jogar sozinho não é problema, mas as primeiras horas são um tanto tortuosas e podem ser bem entediantes para quem procura algo mais dinâmico (principalmente para aqueles que já jogaram Hyper Light Drifter). Quem insistir o bastante para descobrir novos cenários e habilidades pode ter um novo jogo diante de seus olhos.

Sem descanso para os ímpios 

Em Resolutiion, tudo que você faz é andar para lá e para cá e matar inimigos. No Switch isso pode ser especialmente mais cansativo, pois tudo nesse jogo é minúsculo, incluindo sua barra de HP e Stamina, e jogar na telinha do modo portátil pode ser bem mais incômodo do que parece. Jogar na televisão resolve o problema, mas ainda assim alguns elementos são tão pequenos que continuam incomodando, como é o caso da HUD. Eu entendo que eles fizeram dessa forma para deixar a tela o mais limpa possível, mas não custava ter deixado essas informações básicas um pouquinho maior.

Ficando cercado em 3, 2, 1…

No começo você não sabe o que é amigo ou inimigo e sai atacando tudo que vê pela frente, mas com o tempo descobre que nem tudo nesse mundo mórbido quer te matar. A princípio, tudo que temos na manga é um ataque físico bem básico, mas conforme jogamos vamos adquirindo novas armas e habilidades. A maioria delas só serve para desbloquear novos caminhos, mas também podem ser usadas em combate. Vai da criatividade do jogador.

Quanta à dificuldade, por mais que o jogo tente ajudar, não é brincadeira de criança. Sempre que morremos retornamos de um checkpoint próximo e todos os inimigos derrotados não dão respawn, o que já ajuda muito, mas cada combate que ainda está por vir será uma pedra no seu sapato. Os inimigos atacam aos montes, demoram para morrer e te cercam com facilidade, então dificilmente Valor aguenta mais de cinco hits antes de ir para o saco.

As mecânicas de combate também não ajudam muito. A hit box é bem estranha e por vezes parece que os inimigos conseguem te acertar na diagonal, mesmo que isso pareça impossível, do nosso ponto de vista. Isso contribui consideravelmente com a dificuldade do jogo, mas nas batalhas contra chefes a coisa fica realmente em um outro nível, então quem curte jogos difíceis terá um bom desafio pela frente.

É muito vermelho para um jogo só.

Para finalizar o pacote, a trilha sonora é um ponto forte do jogo. Todas as músicas tem aquele clima cyberpunk carregado de tensão e mistério. Elas contribuem muito com a atmosfera do desconhecido que estamos enfrentando em cada nova área descoberta, então mesmo que o jogo não se destaque muito com seu pixel art minimalista, ainda consegue se salvar com as músicas.

Resolutiion não é um jogo ruim, mas suas falhas podem acabar afastando muitos jogadores. Suas primeiras horas são chatas e o combate um tanto confuso, além de difícil. Quem for mais paciente terá um jogo desafiador com um tempo considerável de campanha, então provavelmente vai conseguir tirar algum proveito dessa experiência sem pé nem cabeça.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024