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Hoje é dia de mais um indie charmoso e amigável marcar presença no Nintendo Switch, assim como tantos outros títulos que já foram lançados há anos e caíram no limbo do esquecimento estão fazendo. Porém, o jogo da vez não tem nada de amigável e seu único objetivo é torturar o psicológico do jogador e levar suas habilidades (e paciência) ao limite.

Robbie Swifthand and the Orbs of Mysteries não tem uma reputação tão quilométrica quanto o seu título, mas pode apostar que esse é um jogo que nunca mais vai sair da cabeça de quem ousar jogá-lo. Lançado originalmente para PC em 2018, seu único objetivo é provar para quem acha que é bom em jogos de plataforma que isso não passa de uma opinião e que você será humilhado em cada fase que te espera nesta divertida e cruel aventura.

Sem dor, sem ganho

Robbie Swifthand (podemos adaptar seu sobrenome para “Mão Leve”, em português) é um sujeito muito ganancioso que muito provavelmente adora se apossar do que não é seu – mas isso jamais fica explícito no jogo. A única coisa que sabemos é que ele inexplicavelmente acorda em um templo, acompanhado de um espírito amigável que diz que o destino da humanidade está em suas mãos. Agora ele deve superar cada desafio presente ali para aprisionar um espírito maligno e impedir uma grande calamidade, mas é claro que ele só topou porque será recompensado no final.

A morte ronda este lugar…

Agora cabe a nós explorar cada fase do jogo, desvendar seus segredos, desafios e, na filosofia de Dark Souls, morrer, morrer e morrer, sempre aprendendo com nossos erros. As fases não são contínuas, em que devemos avançar para a direita enfrentando inimigos, coletando moedinhas e derrotando chefes – isso não é Cuphead, mas é tão difícil quanto!

Cada fase oferece um único desafio em que nosso objetivo é muito simples: coletar um orbe brilhante, encontrar um outro orbe maior, destruí-lo usando o orbe menor e depois correr para a saída. É simples, né? Mas eu não cheguei a mencionar as milhares de armadilhas que nos cercam, muitas delas escondidas, apenas aguardando sua aproximação para surrupiar sua vida da maneira mais injusta possível.

Por incrível que pareça, o jogo possui seleção de dificuldade. Não existe Easy nem Normal, o seu Normal já é o Hard e ainda existe o modo Insano, que é bem autoexplicativo. A dificuldade do jogo é crescente, então as primeiras fases não serão tão cabeludas, mas é claro que o jogo oferece dezenas de níveis e a coisa não demora muito pra sair do controle. Quem quiser apenas se preparar para o que lhe aguarda ainda pode jogar no modo Not So Hard, mas não pense que o jogo pegará leve com você.

Olha a cara do safado…

Prazer culposo

 

Até agora eu só enfatizei o quanto esse jogo é difícil, mas o mais legal de tudo isso é que essa fórmula realmente funciona. Esse é um daqueles jogos que dá gosto de jogar e quanto mais você morre, com mais vontade de jogar você fica! É um ciclo meio masoquista, mas ele é tão simples e fluido que o tempo voa na jogatina e nem percebemos.

Robbie Swifthand faz questão que você veja todos os seus fracassos diante de si. Cada morte é intercalada por um contador, que vai acumulando cada um dos seus fracassos desde o começo do jogo, além do fantasma de Robbie que fica lá, jazendo no exato ponto em que você morreu. Você morrerá tanto em algumas fases que esses fantasmas vão tomar todo o cenário.

Tá tudo bem!

As mecânicas são muito simples e dá para entender tudo de primeira, mas alguns comandos ficaram desnecessariamente complicados, tudo com o intuito de deixar o jogo ainda mais difícil (mas nem precisava, ele já é bem hardcore por si só). Robbie pode pular mais alto quando abaixamos e pulamos logo em seguida, o que muitas vezes acaba nos confundindo e ficando fácil de errar os comandos no meio do desespero – um pulo duplo já bastaria e o efeito seria o mesmo. A maneira como atiramos o orbe também não é das melhores, já que não temos uma noção da força que estamos usando ou da direção que a esfera irá seguir no ar. Poderiam ter colocado uma linha guia só para dar uma luz do que estamos fazendo, não ia tirar a graça do jogo e nem deixá-lo menos difícil.

O mais legal de tudo são os detalhes, o cuidado que os desenvolvedores tiveram ao deixar seu gerador de dor e sofrimento ainda mais charmoso. Quanto mais você apanha na fase, mais machucado Robbie fica, então é comum terminar a fase com um galo na cabeça, um dente faltando ou o nariz sangrando. As caras de pânico do personagem ao ficar muito próximo das armadilhas também são impagáveis, outro detalhezinho que torna o jogo engraçado e ainda mais divertido.

A expressão de Robbie resume bem o desespero do jogador.

O level design é elogiável e a criatividade das fases e desafios impressiona. Você nunca fica com a impressão de que está jogando sempre a mesma coisa, ainda que o visual dos cenários de cada região seja praticamente o mesmo em todos os níveis. A trilha sonora também é agradável, se encaixando bem naquele clima de “templo perdido em meio a uma floresta tropical” e as vezes até dando mais desespero que de costume.

A dificuldade do jogo pode até ser um pouco exagerada, mas faz parte da sua identidade. Ele frustra, ele provoca (tanto que a opção de sair da fase não é apenas Quit, é Ragequit), mas ele sempre dá um gostinho de quero mais. Não é um daqueles jogos feitos somente para deixar o jogador fulo da vida e louco para quebrar alguma coisa, como aquela safra de títulos que surgiram após I Wanna Be The Guy Gaiden (alguém ainda lembra disso?). Ele foi feito para desafiar e levar sua capacidade a um nível além, lhe tornando um jogador melhor e mais habilidoso.

É isso que é Robbie Swifthand and the Orb of Mysteries. Um jogo para hardcore gamers, para quem gosta de se superar, para quem ri na cara do perigo e, principalmente, para masoquistas.

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