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Shakedown: Hawaii é a evolução natural de Retro City Rampage DX, lançado pra geração passada. Um jogo de mundo aberto 8-bit com missões variadas e que fez tanto sucesso que recebeu crossovers oficiais com Minecraft, Super Meat Boy, Bit.Trip e Epic Meal Time. O novo título da Vblank Entertainment mantém sua inspiração no clássico Grand Theft Auto, mas agora com gráficos 16-bit e trazendo uma série de melhorias para o gameplay.

Você encarna um CEO velhote que, ao não acompanhar as mudanças do mundo moderno, vê seus negócios afundarem. À beira da falência, vale tudo pra recuperar seu valor e espaço no mercado. Intimidar lojistas pra receber propina em troca de proteção, financiar propagandas enganosas e vender refrigerante tóxico são alguns exemplos do que é possível em Shakedown: Hawaii.

Primeiro os negócios, depois o resto

Uma empresa chamada Crüzer esmagou seu negócio de taxis. O serviço de streaming obliterou suas locadoras de vídeo. Após abusar muito da vida boa, o CEO (sim, este é seu nome no game) precisa entender a modernidade que colocou seu império em risco. Entender não, mas sim sabotar, extorquir e adquirir novos negócios na base da intimidação. Vale tudo para criar uma corporação “legítima” nesta paródia do mundo dos negócios, onde nem tudo é legalizado.

Imagem do jogo Shakedown: Hawaii
O mapa possui zoom, mostrando poucos ou muitos pixels pra você.

Shakedown: Hawaii apresenta uma ilha com mais de 100 missões de história e uma cacetada de missões paralelas, como extorquir lojistas, intimidar donos de estabelecimentos para que eles vendam pra você, concluir desafios de pontuação e outras com armas. Estas missões paralelas são as que dão conteúdo para os momentos que desejar apenas causar o caos na cidade. Há inclusive um modo de “free roaming”, pra explorar o mapa livremente e fazer o que bem entender.

A campanha é incrivelmente divertida, oferecendo uma trama humorada e com missões típicas de um GTA da vida. Felizmente, a criatividade vai além de roubar carros vendidos por você mesmo, enfrentar diversas gangues e destruir negócios alheios. Em uma missão em que você precisa levar uma pessoa pra gravar um comercial de tv para a nova marca de refrigerante gamer que você criou, rola um mini game rítmico onde esse cara precisa fingir estar jogando e se divertindo. Em outro exemplo você precisa destruir servidores de um site que promove avaliação de hotéis, sendo que os seus estão com notas baixas.

Outra característica que o game empresta, agora de GTA V, é a mecânica de troca instantânea de personagem. Em Shakedown: Hawaii também são três protagonistas: o CEO, seu filho desocupado Scooter e o Consultor, quem geralmente assume as missões mais sujas da história. Uma espécie de tio mais velho do Trevor. Todos eles utilizam armas brancas, de fogo, podem roubar veículos, agarrar e arremessar pessoas, e assim por diante. Em termos de personalização, você pode comprar roupas, acessórios, cortar o cabelo, a barba, mudar a cor do carro, etc. Mesmo com gráficos em pixels, a personalização é muito bem apresentadas no game, mesmo que minimamente. Por ironia, rola piada dentro do jogo com relação às cutscenes, que não sofrem tais mudanças no visual.

Imagem do jogo Shakedown: Hawaii
Preguiça dos devs? Talvez, mas a piada é boa.

Quero ser um mogul

Esperar o lançamento deste game e jogar com calma foi uma boa decisão para este review, pois recentemente foi lançado o “Mogul Update” para melhorar justamente aquilo que eu não estava gostando no game até então: o gerenciamento de negócios. Não que seja difícil de entender, mas a monotonia causada por esta fração do game era mais que incômoda. Tomar o controle de toda a ilha pode ser divertido para alguns e nem tanto para outros (o meu caso). A atualização veio pra facilitar esse gerenciamento, como o aumento do salário e a aquisição de propriedades realizados de forma mais rápida. Para turbinar os ganhos, o jogo oferece multiplicadores para ativar nos negócios mais valiosos.

A atualização adicionou a opção de vender suas armas para ganhar grana e liberar espaço no inventário, que fica lotado frequentemente. A perseguição policial, seja à pé ou de carro, também foi aprimorada. A inteligência artificial ficou melhor, dando mais trabalho pro jogador. E pra expandir um pouco mais a campanha, que é curta pra um jogo de mundo aberto, incluíram novos pontos pra aplicar o tal do shakedowns (intimidação) e dominar mais pontos do mapa, consequentemente conseguindo mais grana. Até a história recebeu diálogos extras para orientar os jogadores para mantê-los focados nas missões principais.

Imagem do jogo Shakedown: Hawaii
O lança-chamas promove animações de sprites incríveis.

O jogo tem mais de 200 locais possíveis de entrar, muitas áreas secretas para descobrir e uma boa variedade de ambientes (subúrbio, esgoto, praia, fazenda, etc). A viagem rápida ocorre pegando o metrô, com pontos espalhados estrategicamente pelo mapa. Mas o que realmente surpreende neste mundo pixelado é a física: quase tudo no mapa é destrutivo, com animações super detalhadas. Dá pra botar fogo em árvores com o lança-chamas, passar por cima de carros com um monster truck, entre outros exemplos de destruição.

A variedade de veículos também impressiona. Alguns possuem até turbo pra pegar impulso e fugir da polícia, por exemplo. Posso dizer o mesmo do gameplay, que funciona super bem e ainda permite coisas inesperadas como um sistema de cobertura, para se proteger de tiros inimigos, e a possibilidade de pular alto pegando impulso em camas elásticas no jardim dos vizinhos. E, assim como em Retro City Rampage DX, você pula na cabeça dos pedestres como se fossem Goombas e atira como num clássico twin stick shooter.

Imagem do jogo Shakedown: Hawaii
Dentro do carro, é possível atirar pela janela contra gangues na sua cola.

Mesmo sendo um jogo de mundo aberto, Shakedown: Hawaii consegue ser casual. No Switch, joguei em pequenas doses até pegar as manhas e me dedicar um pouco mais ao gerenciamento dos negócios. De cara eu não estava gostando da ideia, pois queria apenas curtir a história e a ação desenfreada. Mas depois de ver que tal gerenciamento não é um bicho de sete cabeças, passei a desfrutar ainda mais da experiência como um todo. Uma coisa completa a outra, sendo impossível concluir o game sem dar atenção à isso. Afinal de contas, seu objetivo principal é ganhar muito dinheiro e comprar a ilha toda.

Vale citar que o game também empresta algumas características de Hotline Miami, como as expressões faciais escrotas dos personagens nas cutscenes e, principalmente, a trilha sonora nostálgica. E caramba, que trilha sonora foda (ouça aqui). Aliás, dá pra mudar a trilha a qualquer momento na rádio do veículo que estiver dirigindo. Shakedown: Hawaii é curto mas entrega diversão a todo momento e arranca boas risadas. Pra mim, um dos melhores indies que joguei este ano.

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