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Quando pivete, eu era muito mais ligado em basquete do que em futebol. Naquela época me apaixonei por NBA e maluquices como Space Jam, longa animado em que Michael Jordan ajuda os Looney Tunes. Mas isso foi apenas o começo: passei a seguir a carreira de Shaquille O’Neal, fosse nas quadras, cinema, música ou até no infame Shaq-Fu.

Não me pergunte como, mas eu realmente estava empolgado para o lançamento de Shaq-Fu: A Legend Reborn. Afinal, a campanha no Indiegogo prometia uma mistura de Streets of Rage, Street Fighter e Devil May Cry. E adivinha? Quebrei a cara mais uma vez! Agora Shaquille não tem apenas um game horrível no currículo, mas dois.

Tá tudo errado

Diferente do primeiro jogo, de luta, Shaq-Fu: A Legend Reborn é um beat ‘em up no estilo de Streets of Rage e Double Dragon. Somos novamente apresentados à Shaquille, um bebê com uma estranha marca de nascimento em formato de Lótus, e também à sua mãe adotiva, uma mulher chinesa que encontrou nosso herói dentro de um bolsa de couro. Ela o cria para ser uma criança como as outras, mas o plano vai por água abaixo quando ele atinge seus 2,16 metros de altura.

Se prepare para lutar contra os mesmos tipos de inimigos, de novo e de novo.

O jogo é uma paródia que mistura animes, filmes de kung-fu e elementos da cultura pop. Lembram da receita das Meninas Superpoderosas? Açúcar, tempero e tudo o que há de bom, junto de uma pitada de elemento X. Shaq-Fu: A Legend Reborn foi produzido com uma receita semelhante, que seria algo como: estereótipos, piadas ridículas, celebridades e uma pitada da tentativa de fazer um beat ‘em up decente.

Após treinar a arte do Wu-Xing com o velho Ye-Ye (uma paródia do estilo Wing Chun, eternizado por Bruce Lee), Shaq vira um mestre das artes marciais. Sua vila acaba sendo atacada por celebridades demoníacas e é aí que começa sua aventura. Na batalha contra as forças do mal, Shaq luta contra inimigos concebidos com muito mau gosto, como estereótipos homossexuais e asiáticos extremamente forçados, tudo dentro da lógica preguiçosa do “copia e cola”.

Você também enfrenta um Trump cibernético, Justin Bieber (que na verdade é uma galinha demoníaca) e muitas outras figuras sem sentido… Ao menos acertaram em algumas referências, pois a piada com Gold Bond ficou impecável.

Merry Go Brown… Sério? Isso é o máximo que vocês conseguem?

O background é cheio de referências, assim como tudo neste jogo. Por exemplo, no primeiro estágio na China temos como chefe o Trump mecanizado – o que faz sentido, afinal metade das piadas da fase são sobre mão de obra ilegal e marcas falsas. No segundo nível, vamos para uma cidade costeira onde parece rolar um eterno Spring-Break no qual as pessoas só consomem refrigerantes e esteroides.

O combate não exige nada do jogador. Se você apenas pressionar o botão de soco o tempo inteiro, é possível passar as fases sem se esforçar. Shaq possui outros golpes, como um especial onde ele esmurra o chão liberando ondas de choque que inflige dano em vários inimigos ao mesmo tempo, além de usar um dash que imobiliza inimigos atingidos. Mas nenhum desses movimentos quebra a repetitividade.

O gameplay de Shaq-Fu: A Legend Reborn é travado e nem um pouco original, não permitindo nem mesmo a criação de combos. Para criar a sensação de diversidade, às vezes os inimigos voam na tela ou são lançados para longe numa animação de golpe final. Vez ou outra o jogador vai encontrar power-ups baseados nos apelidos de Shaq, como Shaq Diesel (que vem em uma esfera ridícula escrito Big D… se você entendeu, meus pêsames) e Shaq Cactus, em referência à época em que era chamado de Big Cactus.

Tá aí uma piadinha bem desnecessária.

A trilha sonora também é bem fraca, não tendo nenhum tipo de peso. Podemos notar que o time de desenvolvimento sequer tentou criar algo original e marcante. A única música realmente bem trabalhada é o tema do jogo, e olha lá! Os tempos de rapper, que lhe rendeu um disco de platina em seu primeiro álbum, ficou definitivamente enterrado.

Promessas quebradas

O jogo possui apenas 6 níveis, mas foram os seis mais difíceis que já enfrentei. Não porque o jogo é difícil, mas sim porque eu esperava algo incrível. Afinal, o projeto de Shaq-Fu: A Legend Reborn ultrapassou a meta no Indiegogo e havia uma galera apoiando. No fim, o jogo sofreu do mesmo mal de Mighty N° 9.

No trailer original e nas imagens promocionais, podemos ver que o jogo seria muito mais sombrio e que o Shaq lutaria contra ninjas e, mesmo com cara de spin-off, parecia ser divertido. É nítido que o produto final não tem nada do projeto original e recebemos algo sem qualidade, sem funcionalidade, sem carisma e por incrível que pareça, inferior ao Shaq-Fu de 1994.

Tudo indica que a grana apertou no meio do desenvolvimento e tiveram que simplificar tudo, saindo totalmente do escopo. É uma pena, pois gostaria que essa história tivesse sido diferente. Se deu certo para Jackie Chan e Jet Li, com seus respectivos jogos de beat ‘em up, poderia ter dado certo para o Shaq também. Quem sabe num terceiro game.

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