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Depois de um atraso de cerca de 6 meses, Singularity, jogo de ação FPS da Raven Software, chega às lojas. Assim como vários jogos em 2009, esse título decidiu ficar bem longe do gigante Modern Warfare 2, temendo que fosse obliterado pelo FPS da Activision e sabiamente movendo seu lançamento para o meio deste ano.

Nos primeiros trailers e vídeos, Singularity apontava para uma jogabilidade diferenciada com mecânicas interessantes e uma história aparentemente empolgante. Mas, infelizmente, o jogo não corresponde tão bem assim às expectativas.

Na trama você é Nate Renko, um membro de uma força militar secreta que é mandado para a ilha de Katorga-12, na costa russa, a fim de investigar estranhas emissões energéticas. A ilha é um imenso complexo laboratorial, construído no auge da guerra fria aonde os soviéticos descobriram um elemento chamado E-99, capaz de maravilhas no campo da ciência.

Durante o sobrevôo de helicóptero, uma onda energética derruba o veículo espalhando seu time pela ilha. Depois de algum tempo rondando as instalações de Kartoga 12, você inexplicavelmente viaja no tempo (que varia de 2010 a 1950) e se depara com monstros, que são resultados de experiências mal-sucedidas de soldados russos com fenômenos físicos.

Ao decorrer da história, seu personagem vai descobrindo mais detalhes sobre a trama, até o ponto em que ele encontra o verdadeiro cerne de todos os experimentos bizarros daquele local: um pequeno aparelho chamado de TMD, ou Time Manipulation Device (Dispositivo de Manipulação Temporal). Com esse aparelho seu personagem pode manipular certos objetos e criaturas, fazendo com que eles avancem ou regressem no tempo; Soldados viram esqueletos cobertos de pó, caixas e escadas que eram destroços voltam ao estado que eram antes.

O TDM permite também criar bolhas temporais que deixam o fluxo de tempo mais lento nessas áreas, te ajudando a desviar de tiros inimigos e fazendo com que os seus acertem eles. Essa é a característica que mais difere esse de outros FPSs de ação da atualidade.

Além do seu tradicional arsenal de armas de fogo (escopeta, rifle, lança-granadas, etc), você possui o seu TMD e suas inúmeras habilidades defensivas e ofensivas. É digno de nota que o jogo, mesmo no modo singleplayer, possui um sistema de “perks”, habilidades que ampliam certas características do personagem como ter uma mira mais precisa e habilidades mais poderosas do TMD.

Ao longo do jogo você vai encontrando “blueprints” que liberam novas atualizações para suas habilidades. Essas atualizações são pagas com objetos coletáveis chamados de “E-99 Technology”, que servem unicamente como dinheiro. Já os upgrades para as suas armas de fogo são adquiridos através de maletas chamadas “Weapon Tech”, que aumentam entre outras características o poder de fogo e velocidade na hora de recarregar as armas. Sem dúvida um toque interessante na jogabilidade.

Porém, mesmo com tantos poderes oferecidos pelo TMD e as armas disponíveis, você tende a ter apenas duas armas preferidas para fazer os upgrades. Por conta disso, lá pra metade do jogo seu arsenal estará tão forte que não haverá mais desafio para passar pelas ondas de inimigos. Não importa quantos sejam ou quão grandes são, você vai estar poderoso o suficiente para derrotar qualquer horda.

Aliado a isso temos uma Inteligência Artificial burríssima, que gosta de fazer inimigos te darem as costas esperando um tiro na cabeça, e chefes que tem grandes pontos coloridos e didáticos no corpo revelando seus pontos fracos. Mas mesmo sendo pouco desafiante, a ação do jogo é bem divertida. E dos poderes da TMD, o meu favorito é o “Deadlock”, a bolha que congela o tempo numa área determinada. É um barato disparar uma rajada de balas e ver elas chegando lentamente nos alvos paralisados.

Além da ação, Singularity tenta oferecer momentos de puzzle. Os poucos puzzles disponíveis consistem em sempre procurar o destroço de uma caixa de metal, reverter essa no tempo para usar como degrau para uma entrada ou para escorar alguma porta de metal. Com a capacidade do TMD em alterar o estado dos objetos, era de ser esperar quebra-cabeças mais interessantes e equilibrados. É realmente uma pena ver este potencial desperdiçado em quebra-cabeças repetitivos e sem inspiração.

Outro ponto negativo são os problemas na parte técnica. A trilha é muito boa, mas os efeitos sonoros deixam a desejar, especialmente os disparos das armas e grunhidos dos monstros. Mas nada se compara ao terrível sotaque dos personagens russos. Já o visual, produzido com a Unreal Engine 3, agrada bastante. O design das armas e monstros são caprichados e os efeitos gráficos na hora que o TMD entra em ação, seja na hora de reverter objetos, transformar soldados em pó ou desacelerar o tempo, são bonitos e competentes.

Porém, de um modo geral, faltou polimento. Não é raro – pra falar a verdade é muito frequente – você se deparar com texturas que não foram carregadas corretamente, e que às vezes nem chegam a carregar por completo. Dá pra contar em uma mão o número de polígonos em uma parede, por exemplo. A equipe da Raven, mesmo tendo 6 meses extras de prazo para finalizar o jogo, parece ter trabalhado na pressa e sobre pressão. Ausência de sombras, objetos que se repetem (caixas e escadas), a falta de uma opção para armazenar os diários de áudio encontrados ao longo do jogo (para ouví-los a qualquer momento), são alguns dos problemas que vi no jogo.

Imagem do jogo Singularity

Por fim temos o modo multiplayer, que se divide em dois modos básicos: Team Deathmatch e Control Point. A diferença básica aqui é que os times são divididos entre Soldados e Monstros, cada um com habilidades diferentes, criando uma espécie de ação baseada em estratégia de times. Algo parecido com Left 4 Dead, mas não tão divertido.

Singularity é um jogo bonito, com ideias interessantes mas que poderiam ser melhor aplicadas, principalmente no que se diz respeito ao uso do TMD. Faltou mais ação, e não dá para se empolgar muito com a história, que além de fraca não consegue convencer o jogador. A campanha singleplayer dura cerca de 10 horas, enquanto o multiplayer pode estender a diversão. Como o próprio nome propõe este é um jogo singular, mas que pode agradar os jogadores menos exigentes.

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