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Quando somos crianças, todos temos medo das sombras à distância. Quando o sol se põe e o manto sombrio da noite encobre a terra, deixamos nossas mentes livres para criar terríveis criaturas que nos assombrarão: bichos-papões, bruxas, esqueletos do Silvio Santos que dirigem motos e muitos outros que surgem de nossas férteis imaginações e do boca a boca de pais, tios e irmãos mais velhos para nos aterrorizar. Com o advento da internet, muitos monstros criaram vida, mas nenhum deles ficou tão famoso quanto Slenderman, que agora chega ao Switch com Slender: The Arrival.

No Gamerview já estamos abordando jogos de terror na série Freakview, explorando as motivações, referências e origens das criaturas, porém Slenderman é diferente de tudo que já falamos até agora, já que foi 100% criado na internet. Criado por Erick Knudsen, o “aterrorizante” Slenderman nasceu no fórum Something Awful e de lá ganhou a rede, infectando a mente das pessoas e aterrorizando outras com bizarras histórias de abdução. Sua grande estreia foi no jogo Slender: The Eight Pages, que foi atrelado a Slender: The Arrival (lançado originalmente para PlayStation 4, Xbox One e PC), expandindo a mitologia do personagem.

Uma vez na sua cabeça, não há como fugir

Slenderman tem em sua base personagens como It e Freddy Krueger, tendo preferência por vítimas adolescentes ou crianças. Ele só aparece quando se tem conhecimento dele, ou seja, se você jamais souber de Slenderman, ele jamais irá lhe pegar – ou era o que pensávamos até a chegada de Slender: The Arrival. A história do jogo acompanha a jovem Lauren em busca de sua amiga Karen, que desapareceu misteriosamente após a morte de sua mãe.

Imagem do review de Slendet: The Arrival
Desce aqui, tu é grande mas não é dois.

Pouco antes de chegar à casa de Karen, Lauren acidenta seu carro e tem de caminhar até a propriedade da amiga, localizada dentro de uma área isolada e rural. Ao chegarmos, vemos desenhos de Slenderman pelas paredes e temos a impressão de que a casa foi revirada. Lá encontramos uma lanterna e mais pistas de que algo está errado. Ao entrarmos no quarto de Karen, ouvimos um grito à distância e seguimos em sua direção para encontra-lá e descobrir os mistérios que cercam esse lugar.

Mais para frente descobrimos a propriedade dos Mathesons. Essa antiga família possuía um grande sítio nas proximidades, porém hoje em dia ele se encontra em ruínas chamuscadas devido ao incêndio que consumiu o local. Durante o jogo, descobriremos que os Mathesons conheciam a lenda de Slenderman e a compartilhavam no boca a boca, porém a história se mostrou verdadeira e ainda mais aterrorizante com o descobrimento dos proxys, pessoas pegas por Slenderman que podem agir em nome dele, capturando vítimas e as levando de encontro ao seu mestre.

Agora em ruínas, podemos encontrar alguns fragmentos de informação aqui e ali e vemos o que parece ser um garoto correndo entre os escombros, acompanhado de uma garota mais velha – quem são eles? A história de Slender: The Arrival expande o universo do jogo anterior ao recriar os eventos de The Eight Pages, mostrando que Karen originalmente era perseguida por Slenderman junto de seu amigo Chris Rock, mas o mesmo parece ter desaparecido rumo a torre de rádio.

Imagem do review de Slender
Não adianta correr, ele irá te encontrar.

Encarando os fatos, Slender: The Arrival não é um jogo de terror que consegue causar um medo profundo nos jogadores mais ávidos ao gênero, justamente por ser um título que depende inteiramente do fator Jump Scare. O game já era bem “pobre” visualmente no PlayStation 4 e PC, porém com o port para o Switch o jogo se tornou ainda menos convidativo, contando com menos capricho gráfico e muitos espaços abertos.

As texturas tiveram uma redução drástica na qualidade e o jogo parece algo saído diretamente da época do PlayStation 1, só que sem aquele charme que muitas empresas utilizam em jogos atuais que remetem aquela estética, como The Night Ripper da Puppet Combo. O jogo não é atrativo de maneira alguma, contando com uma tela escura demais – caso não esteja apontando com a lanterna para aonde deseja ver, pode esquecer, não há como enxergar nada que não esteja no raio do feixe de luz.

Outro fator importante é que em todas as versões o jogo possui uma terrível sonoplastia – o efeito do som de passos é extremamente alto, como se estivéssemos andando constantemente em cascalho e, quando estamos parados, podemos ouvir um delay no som, como se ainda estivéssemos andando.

Imagem do review de Slender
O mais aterrorizante é a textura dessa mala.

O jogador controla Lauren através do analógico e pode interagir com objetos utilizando o botão A enquanto o botão B faz com que ela ande lentamente. Com o ZL é possível correr infinitamente, enquanto com o botão ZR podemos focar a lanterna em um ponto específico, o que serve para afastar os proxys de Slenderman. A partir daí o jogador deve explorar os cenários em busca de pistas sobre a família Matheson e sobre o que aconteceu com Karen.

Não há muita diferença em relação as versões anteriores, apenas o fato de que a de Switch é bem inferior graficamente. Afinal, como dito antes, o jogo não se encaixa bem como um jogo de terror psicológico em si. Ele é uma pedida interessante para se pregar uma peça em amigos que nunca jogaram ou uma porta de entrada para o universo de jogos de horror, tal qual Slender: The Eight Pages foi na época em que estourou entre os YouTubers.

Imagem do review de SLender
Desenhos são uma maneira de Slender se comunicar com suas vítimas.

A Sony também tentou expandir o universo da criatura com o filme Slender Man, lançado em 2018, mas também quebrou a cara tendo uma nota média de 30/100. O jogo em si não ajuda também, contando com mecânicas falhas e mal executadas, ambientes e cenários pouco interessantes como uma fábrica abandonada, uma mina e a torre incendiada de rádio – não dava para ser mais clichê.

Slender: The Arrival chegou, mas não ficará muito tempo na mente das pessoas e, diferente de Freddy Krueger, Slenderman não ficará preso na memória do público como uma figura de terror e sim como apenas uma lenda que surgiu, fez algumas ondas e desapareceu para sempre.

Imagem do review de Dicefolk

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