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Todo dia é dia de experimentar um novo indie no Switch e felizmente a passagem do tempo não está sendo um obstáculo para incrementar a fantástica biblioteca do console. So Many Me é o mais novo título que se junta ao catálogo da Big N e convenhamos: é o tipo de jogo que parece ter sido criado para o Switch!

Lançado originalmente em 2014 para PC e posteriormente para PS4 e Xbox One, esse incrível jogo de plataforma e puzzle chega ao Switch mais requintado, com uma versão que já inclui suas duas expansões. Sendo assim, os nintendistas que esperaram até agora podem comemorar, pois vão poder usufruir de toda a fofura, diversão e principalmente da dificuldade exacerbada desse joguinho de maneira completa.

Eu comigo mesmo

Quem procura história não vai encontrar nada rebuscado neste título, mas isso não é nenhum problema devido ao tipo de jogo que é. O enredo é bobo e muito simples: você é Filo, uma criaturinha verde que estava indo tomar café da manhã quando um misterioso ser surge em seu caminho e afirma que ele é o único que pode salvar o mundo de Xio de uma grande calamidade. Filo não parece se importar muito com a gravidade da situação, mas ao pular em uma fonte mágica, ele ganha uma habilidade incrível: a de se replicar e controlar vários clones.

É daí que vem esses “eus”. O grande diferencial do jogo é que devemos resolver os diversos puzzles utilizando as habilidades de nossos clones, que podem assumir outras formas. Inicialmente, eles podem apenas se transformar em blocos, nos dando a possibilidade de criar novas plataformas para progredir nas fases, mas conforme avançamos no jogo, novas formas vão aparecendo. Indo além de transformações individuais, também temos outras habilidades divertidinhas, como se transformar em um dinossaurinho super fofo que destrói tudo que vê pela frente. O jogo oferece uma variedade de coisas que ajudam a sair da mesmice.

Impossível não querer abraçar esse dinossauro!

A princípio não contamos com um exército de clones, pois adquirir mais “eus” faz parte do objetivo de cada fase. O jogo disponibiliza alguns mundos divididos em fases, cada uma com um desafio diferente e com dificuldade crescente. Em cada fase devemos coletar três itens: uma bolha, uma sacola e um parafuso. Não é obrigatório coletar nada disso para avançar, você pode simplesmente chegar de um ponto a outro e ir para a próxima fase, mas será bem recompensado ao buscar tudo.

O mais legal é que podemos personalizar cada um dos nossos clones com skins diferentes. Cada sacola escondida nas fases nos presenteia com uma nova skin para nossos “eus”, o que ajuda a dar mais identidade para cada bolinha verde que controlamos. E tem mais: eles não são simples clones, cada um possui uma personalidade que é distinguível pelo seu nome – temos o clone inteligente, o corajoso, o mal-humorado etc.

O mais legal é que os clones também conversam de acordo com sua personalidade, o que ajuda a manter os diálogos quase sempre divertidos de ler. Assumo que caso houvesse menos diálogos, não iria fazer falta alguma, pois muitas vezes você só quer continuar jogando, mas não consegue porque precisa esperar as bolinhas pararem de conversar. No final, a maioria dos diálogos só estão lá para te dar dicas de coisas óbvias, então mesmo com a tentativa de ser cômico, a maioria das conversas são desnecessárias e chegam até a incomodar.

Temos que achar nossos clones em cada mundo que adentramos.

Com os parafusos podemos comprar ou forjar novas skins, relíquias ou habilidades que irão nos ajudar nos desafios que virão, enquanto as bolhas nos garantem um novo clone. Nem mesmo os clones são obrigatórios de pegar, é totalmente possível passar de fase com poucos, mas caso você se esforce para coletar todos, os próximos desafios ficarão consideravelmente mais fáceis.

Fofinho e cruel

 

No início, So Many Me até consegue enganar. O jogo é realmente muito bonito, com gráficos cartunizados, cores fortes e sprites bem animadas. Ao final de cada mundo enfrentaremos um chefe; as primeiras fases são um passeio no parque em uma tarde ensolarada e, até o primeiro chefe, o game segue com poucos desafios, mesmo que no caminho uma fase ou outra já nos obrigue a quebrar a cabeça um pouco mais.

Após esse longo “tutorial”, desbloquearemos uma área chamada Chrono Castle e a partir daqui o bicho começa a pegar sem dó nem piedade. O salto de dificuldade nas fases seguintes é gritante e concluir cada nível coletando os três itens opcionais vai ser um feito exclusivo dos jogadores mais pacientes (levando em consideração que ninguém vai procurar vídeos que entreguem as respostas dos puzzles… estamos de olho!).

Até os chefes conseguem ser fofos.

Caso termine o jogo (o que já é um feito e tanto) e ainda não esteja satisfeito, haverão uma série de desafios te esperando em Chrono Castle e esses aqui conseguem ser ainda mais cabeludos. Eles levam não só seu raciocínio lógico ao limite, mas também suas habilidades em jogos de plataforma; e tem mais: você não pode morrer nesses trechos, tem que fazer tudo em uma tacada só. Felizmente, o jogo só pega mais pesado nesses eventos opcionais pós-game, pois durante a campanha o game não te pune tanto por morrer.

A trilha sonora é boa, mas não tem músicas muito notáveis ou grudentas. Todas casam bem com aquele universo fofo e colorido, alternando entre músicas eletrônica padrão ou algo mais instrumental, mas no geral as faixas são bem esquecíveis. Os controles respondem bem, afinal nem existem tantos comandos a serem usados, mas eu particularmente tive problemas com a movimentação dos personagens em blocos no ar. Sempre que um clone vira um bloco, podemos desafiar a gravidade e andar em qualquer um de seus lados, mas por vezes os comandos se confundem e acabamos caindo de bobeira. Fora isso, tudo é bem funcional.

Chrono Castle, onde só os fortes sobrevivem.

Os DLCs já podem ser acessados após a conclusão do primeiro mundo. Em Mystery of the Skulls, devemos encontrar umas caveiras que escaparam após Filo abrir um caldeirão suspeito, acrescentando 12 fases novas. Já em Flora’s Untold Story, controlamos uma das personagens que encontramos na história enquanto estávamos lá morrendo à beça. São expansões divertidas que acrescentam algumas horinhas consideráveis de jogo.

Para quem adora jogos de plataforma e de quebra ainda ama puzzles, So Many Me é um dos melhores do gênero! Ele é charmoso, tem uma identidade própria e oferece um bom nível de desafio, daqueles que te instiga a continuar tentando na base da tentativa e erro até eventualmente conseguir (e se sentir muito orgulhoso disso). Mais um excelente jogo que chega para agregar a biblioteca de jogos do Switch!

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024