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Durante a minha infância, fui fortemente influenciado no mundo dos games por dois primos. Me lembro das tardes quentes de verão onde visitava minha tia e lá jogava games que jamais iria encontrar casualmente. Entre os diversos títulos que lá descobri estava um de luta que me marcaria profundamente: Soul Blade. Esse foi o início da jornada que culminaria em SoulCalibur VI.

Quem teve o PS1 e o disco do Soul Blade certamente lembrará da emblemática frase “Transcending history and the world, a tale of swords and souls, eternally retold!”, narrada junto de uma incrível animação de abertura (pra época) que até hoje está cravado na alma dos fãs da série criada pela Project Soul.

Transcendendo a história e o mundo

Criado pela Namco em 1995, originalmente para Arcade, Soul Edge seria o primeiro título cronológico da série SoulCalibur. No game conhecemos Cervantes, o pirata imortal portador da Soul Edge, uma arma lendária que se alimentava da alma daqueles que eram derrotados pela mesma. Após anos causando pânico no coração da humanidade, Cervantes é derrotado por Taki e Sophitia.

A SoulEdge foi criada para um antigo rei, o único capaz de utilizá-la sem se corromper.

Guiado pela loucura, o cavaleiro perdido Siegrified toma para si a espada profana, se transformando em Nightmare e dando início a tudo que se desenrola em SoulCalibur – série que traz lutadores de todo o mundo para um embate pelo poder supremo. Uma vez em posse de Siegrified (agora Nightmare) nascia a série SoulCalibur, trazendo a história da contraparte da espada profana Soul Edge.

SoulCalibur VI chega trazendo os eventos que ocorrem após a corrupção de Siegrified pela espada, com foco no arco de Kilik, Xianghua e Maxi como personagens principais. Afinal, um deles possui a SoulCalibur. Após a destruição de uma parte da espada por Sophitia, fragmentos da mesma se espalharam pelo mundo, causando ainda mais caos e destruição do que quando estava com Cervantes. Para impedir que Nightmare afunde o mundo na loucura, os heróis precisam encontrar a contra parte da Soul Edge, a SoulCalibur.

Com uma história épica e que sempre manteve os fãs grudados na tela por horas, a série SoulCalibur fez bastante sucesso. Porém, nos últimos anos, caiu em desgraça com o quarto e principalmente quinto título, onde tiveram algumas boas ideias que foram muito mal executadas. Felizmente, alguém brecou a carruagem antes que ela caísse de um penhasco rumo ao esquecimento. SoulCalibur VI é uma das melhores entradas da série, batendo fortemente de frente com SoulCalibur II e SoulCalibur III, os favoritos dos fãs.

Astaroth é um gigante criado por um grupo que queria a SoulEdge para si.

Como dito antes, o jogo possui um modo história muito bem feito, pois além do gameplay viciante muitos seguem a série pelo embate entre Caos e Ordem. Em SoulCalibur VI existem dois modos em que podemos experimentar a história: um é através dos arcos dos personagens originais do jogo, chamado Crônica das Almas, e o outro é através de um personagem criado pelo próprio jogador, chamado Libra das Almas.

No modo original, somos apresentados à história contada através de slides de personagens conversando e interagindo com o mundo. Como páginas de um livro, o jogador escolhe qual personagem quer jogar e assim completa as lacunas de outras histórias.

No modo Libra das Almas, que nos permite criar nosso próprio personagem, temos muito mais liberdade com um sistema de viagem e escolhas que parece uma versão aprimorada do modo história de SoulCalibur III. Esse modo é extremamente divertido e profundo, contando com progressão de nível, compra e venda de itens e até mesmo upgrade de cidades.

Sophitia continua graciosa e poderosa como sempre.

A criação de personagens impressiona, sendo de longe a mais ampla de toda a série. Independente da raça que escolher, o personagem é contaminado por uma Semente do Mal, um dos fragmentos da Soul Edge que foram espalhados pelo mundo após a luta de Cervantes. Ao acordar encontramos com Zasalamel, que nos entrega uma libra da alma, que mede as ações do personagem e mostra se você está sendo um herói ou um dos novos soldados de Nightmare.

Parte do que torna o jogo tão cativante são seus personagens. Com nomes marcantes como Mitsurugi, Cervantes, Taki, Maxi, Kilik, Yoshimitsu e muitos outros, SoulCalibur VI chega trazendo grande parte do elenco original de volta. Isso inclui também novos personagens para tapar os buracos que ficaram na lore, algo positivo e mais do que bem vindo. Um deles é Azwel, um personagem que controla diversas armas que parecem ser feitas a partir dos fragmentos tanto da Soul Edge quanto da SoulCalibur.

Com tantos estilos de luta diferentes e personagens para jogar, SoulCalibur VI entrega tudo isso em um sistema de combate extremamente polido e divertido. Os especiais voltaram ainda mais estilosos, os golpes continuam dando aquela sensação de peso e satisfação, e pode acreditar que pedaços de armadura vão voar pelo cenário.

Como senti sua falta em SoulCalibur V, Taki!

Utilizando os comandos clássicos (ataque médio, forte, chute e o botão de guarda), SoulCalibur VI mantém toda a simplicidade da série. Afinal, apenas esses comandos básicos combinados com seu sistema de oito direções geram combinações devastadoras e combos que parecem ter saído diretamente das páginas de um mangá Shounen.

É incrível que um sistema tão datado e simples possa desencadear tantas combinações. Geralt por exemplo, nosso querido amigo “bruxeiro” que caiu de paraquedas no universo do jogo, possui combos espetaculares utilizando sua espada e magias. Já Grøh, o misterioso lutador nórdico, possui uma lâmina dupla que pode se dividir em duas, criando combos rápidos e avassaladores.

Além dos combos, os jogadores podem de novo utilizar poderosos especiais, chamados de Golpes Extremos. Essas técnicas irão causar um belo dano para a barra de vida inimiga. Caso queira colocar o oponente contra as cordas, você pode gastar a barra de almas em uma Carga da Alma, habilidade que deixa o jogador mais rápido e forte por um período de tempo.

Nightmare, em toda a sua profana glória e desejo de afundar o mundo em trevas.

Outra novidade é o Embate Extremo: nesse ataque, o jogador carrega a arma em defesa e depois contra-ataca. Caso o ataque conecte e quebre a defesa do oponente, os jogadores irão participar de um “Pedra, Papel, Tesoura” onde podemos atacar ou tentar desviar e recuar do ataque. Caso erre demais os Embates Extremos a saúde da arma irá diminuir, deixando o jogador cada vez mais indefeso. O “Ring Out”, possibilidade de derrubar o oponente pra fora do cenário, também continua presente.

Eu preciso chegar ao limite da alma

Com tantos aspectos positivos, é impossível não aproveitar o jogo. Contando com personagens de todos os cantos do mundo, consequentemente temos estágios em diversos cenários, um mais bonito que o outro. Em um momento estamos lutando em uma floresta na Europa, em outro estamos em um porto no sul da Índia ou quem sabe até mesmo nas ruínas de uma cidade esquecida.

Graças à essa salada de diversidade, SoulCalibur VI consegue ser muito criativo e renovador. Convenhamos que uma história que se passa em pleno século XVI em uma versão alternativa da terra geralmente é algo sobre cavaleiros, piratas ou ninjas, mas cada um em seu quadrado e não todos misturados em uma corrida atrás de uma espada maligna caolha que pode dominar o mundo.

Para de pôr defeito! Ele tá um clone perfeitinho.

O modo multiplayer online permite que você desafie jogadores de todo o mundo, em partidas casuais ou ranqueadas, podendo utilizar personagens da história ou criações próprias. Só tome cuidado com aqueles que ficam só de agarrões, pois há muitos jogadores abusando da tática. Escolha um personagem que possa quebrar o agarrão facilmente.

Outra coisa que não poderia faltar em SoulCalibur VI é a trilha sonora fantástica. Além de muito inspiradas, as músicas refletem tanto os personagens e suas pequenas características como os cenários e sua cultura predominante. Apesar da obviedade dos temas, como a música egípcia para a fase no deserto ou a música fúnebre e macabra da catedral onde Nightmare se encontra, todas elas possuem um qualidade ímpar.

Mas nem tudo são rosas… No jogo podemos liberar um personagem extra, o espírito da Soul Edge, um demônio chamado Inferno. Presente na série desde o primeiro game, aqui Inferno não passa de uma skin para Nightmare, tendo apenas alguns comandos e habilidades diferentes do brutamontes maligno. Outro ponto negativo vai pra a decisão de deixar de fora alguns personagens queridos da franquia para adicioná-los como DLC – como Tira, que por incrível que pareça estava presente no beta do jogo mas não no produto final.

A Talim é baixinha, mas é nos menores frascos que vem os mais poderosos venenos.

Com os avanços gráficos e mecânicos, acredito que SoulCalibur VI possa ser o título definitivo para reerguer a franquia. Espero ainda que tragam de volta outros personagens, como Setsuka, Hawk, Li Long, Rock, Olcadan, Edge Master e muitos outros. Poder jogar novamente um título da série SoulCalibur após tanto tempo é muito prazeroso. A série marcou minha vida e, claro, recomendo facilmente para aqueles que estão afim de dar um tempo de combos precisos e a movimentação frenética de outros jogos de luta.

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