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Confesso não conhecer bem o universo da franquia de games inspirados no tabuleiro Warhammer 40K. Muito menos joguei Space Hulk, laçado em 2013. Portanto não sabia o que esperar de Space Hulk: Deathwing que, pelos trailers, deram uma boa impressão. O FPS de ficção-científica atraiu minha atenção em especial pela mistura de armas de fogo com armas brancas e habilidades especiais. Mas convenhamos que jogos baseados em propriedades licenciadas são uma faca de dois gumes.

Space Hulk: Deathwing foi desenvolvido pela francesa Streum On Studio, que antes só havia produzido outros dois games do mesmo gênero. A Cyanide deu assistência na produção, esta sim com mais experiência – entre vários jogos de esporte, a Cyanide é responsável pelo excelente Styx: Master of Shadows. Um jogo co-produzido não poderia dar errado, certo? Mas deu…

Um bibliotecário da pesada

Na trama, o jogador encarna um “Bibliotecário dos Anjos das Trevas”, da Primeira Companhia de Fuzileiros Espaciais (em tradução literal). Mas, diferente dos Fuzileiros Espaciais, você tem altos poderes extras. Pode usar o arsenal tradicional, como a metralhadora Storm Bolter (marca registrada do universo Warhammer 40K), como também espadas e machados poderosos. Já no combate corpo a corpo, você pode usar seu enorme porte físico para arremessar ou esmagar os inimigos.

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Parece, mas não é um jogo dos Transformers.

O game começa com um breve tutorial, que explica também o trabalho em equipe e o funcionamento da sua armadura. Em suma, você atira, dá espadadas, defende, corre e usa seus poderes conforme a disponibilidade. Um holograma da armadura é mostrado no canto direito da tela, indicando onde você mais tomou dano. É sempre bom ficar de olho pra não perder mobilidade ou morrer rápido. Quanto ao trabalho em equipe, o protagonista possui dois NPCs (Barachiel e Nahum) para acompanhá-lo durante as missões seguindo ordens básicas como atacar e curar. Só temos dois problemas aqui: a Inteligência Artificial de Barachiel e Nahum é baixa e suas respectivas habilidades são bastante limitadas.

Visualmente, o game segue a média aceitável. Há cenas animadas muito bem feitas, mas quando partimos pra ação in-game a coisa fica estranha. O futurismo do game não me impressionou, especialmente os cenários. Parece tudo sem vida, sem uma boa ambientação. Talvez isso seja proposital, já que tudo é dominado por máquinas e robôs bizarros, mas eu definitivamente não gostei. Os inimigos também deixam a desejar, com design e animações muito simples. Em termos de desafio, você só encontra mesmo ao enfrentar os inimigos armados, que geralmente atacam à distância.

Moço, dá uma polida nesse game pra mim

Não dá pra negar que faltou polimento e otimização em Space Hulk: Deathwing, uma vez que a interface é bastante confusa e mal mapeada para o controle. A qualquer momento você pode trocar seus equipamentos e poderes obtidos conforme a evolução da campanha, bem como equipar seus parceiros. O protagonista pode até, por exemplo, hackear um canhão de defesa pra atacar os inimigos distraídos. Ideia comum, que já vimos funcionar muito bem em jogos como Deus Ex, mas que aqui foi mal implementada e com regras estranhas – é necessário acessar o mapa para hackear dispositivos.

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Interface de menus no estilo 1900 e bolinha.

Ao total são 9 capítulos bem estruturados mas tediosos, em que você anda por ambientes fechados enfrentando hordas de inimigos e completando objetivos dos mais genéricos. Por falar em hordas, é somente assim que o game lhe oferece algum desafio: as criaturas avançam aos montes encurralando você em corredores estreitos. São nestes momentos que você faz bom uso da espada e poderes, como uma descarga elétrica com dano de área. Pena que enjoa rápido.

Ainda falando sobre os inimigos, há tantos bugs no game que é comum flagrar inimigos com reações bizarras, como deixar de atacá-lo e ficar ali, de boas. Quando rola “rush” de inimigos, acontece com frequência a queda nos frames, mesmo se você jogar em um PC potente. De quebra, sofri duas travadas de fechar o jogo. Ok, isso acontece, tem updates pra resolver isso, mas que é chato isso não dá pra negar.

Co-op? Só se for com amigos

Dá pra jogar Space Hulk: Deathwing em modo co-op, com mais dois jogadores. Porém, jogando na versão de PC, quando não dava erro de servidor eu simplesmente não consegui achar jogadores dispostos a agir estrategicamente. Não que este game demande estratégias elaboradas, mas toda vez rolava um “cada um por si”. Atirar que nem louco e esquecer de salvar os colegas não ajuda muito.

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Hordas e mais hordas de inimigos, até você não aguentar mais.

É importante também escolher o arsenal correto antes de iniciar cada capítulo, pois se você decidir voltar pra nave – usando uma habilidade de teleporte – o cenário sofre algumas mudanças para intensificar a ação. Em alguns casos, o jogo o força a começar tudo de novo. E vai por mim: escolher a arma errada acabará com a sua diversão. O duro é saber se a sua escolha é a certa ou errada quando não se conhece as armas.

Space Hulk: Deathwing tinha potencial para ser um bom jogo. De verdade. Bastava um pouco mais de dedicação nos pontos negativos e teria saído um game bem mais interessante e divertido de jogar. Se você não conhecia a franquia, ficará perdido como eu fiquei. Ainda assim dá pra encarar a campanha e tirar algum proveito disso, principalmente se for jogar em co-op.

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