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Sparklite é uma mistura de vários jogos, tanto novos como antigos. Enquanto jogava, cada elemento me remetia a um título na cabeça, o que não é necessariamente ruim já que são jogos bons. Imagine que você tenha um liquidificador e dentro dele tenha Zelda, Moonlighter, Iconoclasts, Titan Souls, Rogue Legacy e todo tipo de roguelite moderno e jogos de aventura que nós tanto jogávamos e ainda jogamos. Bata tudo e você obtém Sparklite.

O novo jogo da Red Blue Games (e primeiro projeto que ganha uma certa notoriedade) aposta em características retro para entregar uma formula mais que batida, mas que sempre funciona. O resultado pode não ter sido um jogo inovador ou ousado, mas ele definitivamente é cativante o bastante para te prender por horas a fio.

Pilhar para sobreviver

Comecei esta análise citando um punhado de jogos que serviram como inspiração e cujos elementos são nítidos dentro de Sparklite, mas calma que essas características são muito mais gritantes do que podemos imaginar. O jogo se passa no mundo de Geodia, onde as catástrofes naturais obrigaram a humanidade a buscar refúgio nos céus e agora tudo que habita a terra são monstros muito perigosos.

Nós assumimos Ada, uma simples mecânica que só estava vivendo sua vida e acaba se vendo obrigada a explorar as minas terrestres para salvar seu melhor amigo robô, que foi capturado por um dos capangas do Barão, o vilão principal do jogo e o causador de todos os terremotos e catástrofes naturais. O Barão quer extrair o máximo possível de Sparklites da terra, um tipo de cristal que fornece energia para esse mundo. Nosso objetivo é encontrar cada general do Barão e derrotar todos para enfim poder encará-lo e por um fim em suas maldades.

Os Sparklites são a fonte de energia de Geodia.

A protagonista lembra muito Robin, a personagem principal de Iconoclasts (ainda mais que ambas são mecânicas e usam uma chave de boca como arma principal). A história é bem semelhante à Moonlighter, que também se passa em um mundo precário onde os mais corajosos se arriscam em minas para obter suprimentos e itens para vender. Sparklite segue a mesma premissa, onde o objetivo primordial serve mais como uma desculpa para Ada arriscar sua vida explorando aquelas minas e fazendo o mesmo que Will faz em Moonlighter: pilhando dinheiro (que nesse jogo são os próprios Sparklites) e itens para ficar mais forte.

O modo como o jogo se desenrola é muito rápido, então não tem muita enrolação, você só assiste a um prólogo e o resto é por sua conta. Tratando-se de um roguelite, ele possui mapas gerados aleatoriamente e “morte definitiva”, mas você não perde a sua personagem, perde apenas os perks que coletou ao longo daquela jogada (porém o dinheiro fica, o que ajuda muito). Aqui entra a inspiração em Rogue Legacy, pois o mapa é dividido em cinco ambientes diferentes, cada um com seus próprios inimigos e um chefe. Você pode explorar livremente esse mapa enquanto sobreviver e a única coisa que muda entre uma morte e outra é a posição das coisas (como a localização dos chefes, eventos especiais etc.).

O céu é o limite

 

Sem sombra de dúvidas, o ponto mais elogiável do jogo é o visual. Ainda seguindo suas inspirações retro, mas sem abandonar os indies modernos que também foram homenageados, o game possui um pixel art muito bonito e rico em detalhes. O que mais me impressionou foram as animações, tanto da personagem como dos inimigos – tudo é muito fluido e transmite uma sensação de movimento impressionante! Além disso, as animações relacionadas ao ambiente também é caprichada e cheia de detalhezinhos incríveis como folhas voando ao acertar um arbusto, pólen saindo de uma planta e coisas do gênero.

Dessa vez seguindo os passos do bom e velho Zelda, o mapa é dividido em “quadrados”, onde encontraremos inimigos e passagens para todos os outros quadrados ao redor. Eventualmente nos deparamos com dungeons e alguns puzzles simples, que estão lá somente para nos recompensar com um perk ou um projeto de arma de longo alcance. Com o dinheiro que coletamos podemos comprar novos perks ou dar upgrades na comunidade em que Ada vive, assim expandido o leque de serviços que eles oferecem. Não espere conseguir melhorar tudo do dia para a noite, pois como todo roguelite, o progresso é lento e exige muita paciência.

Amarelou!

A dificuldade também é bem amarga, mas de uma maneira bizarra. Ada é frágil como papel e mal aguenta levar duas porradas de inimigos comuns, então sua vida não será fácil na maior parte do tempo, pois estaremos rodeados de inimigos rápidos e fortes enquanto exploramos. Porém, os chefes são surpreendentemente fáceis e com padrões de ataque muito previsíveis, então é totalmente possível vencer a maioria sem nem ter conseguido tantos upgrades para sua personagem.

Após vencermos o primeiro chefe, liberamos o modo co-op (exclusivamente local) onde um jogador controla Ada e o outro pode controlar seu robô de estimação, que também se torna jogável em modo solo (alternando entre os dois personagens) e necessário para a resolução de puzzles. Não é o tipo de jogo em que esperamos ver um modo multiplayer, mas foi uma adição muito bem-vinda que tornou o jogo ainda mais divertido.

Como é impossível fugir dos males de um roguelite, pode ter certeza que não vai demorar muito para que Sparklite se torne repetitivo e enjoativo, o que não é necessariamente um defeito do jogo e sim do gênero. Alguns desafortunados podem se deparar com bugs e problemas de performance, que são raros mas acontecem. No meu caso, o jogo bugou logo no tutorial, onde a inteligência artificial do robô desligou e não deu sequência à conclusão da cena, me obrigando a reiniciar. Fora isso, não tive problemas.

Você é grande mas não é dois! Não, pera…

Um pequeno detalhe para quem estiver jogando no Switch é que no modo portátil as coisas ficam pequenas demais, pois tudo neste game é em miniatura. Jogar no modo portátil consegue deixar tudo ainda menor, podendo incomodar em certos momentos e até sendo decisivo em outros (principalmente nos combates), tornando o jogo meio desconfortável de se jogar. O melhor é sempre jogar pela televisão.

Sparklite é um jogo charmoso e divertido que entrega o que promete. Ele usa e abusa de vários fatores que deram muito certo em jogos aclamados, o que pode tirar um pouco de sua identidade, mas no final é um título que merece sua atenção.

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