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Jogar jogos antigos é uma experiência única – pro bem ou pro mal. Atualmente, os videogames evoluíram a tal ponto que torna difícil reviver certos clássicos com o mesmo brilho que um dia já tiveram. Quando falamos de um jogo de Star Wars, daí a coisa fica muito mais séria, afinal não existe fã mais exigente que um fã de Star Wars (então vai por mim, é melhor não irritá-los).

Star Wars Jedi Knight II: Jedi Outcast é uma joinha rara lançada em 2002 que foi muito importante em sua época. Esse jogo não só agregou muito ao universo expandido de Star Wars nos games como também definiu e aprimorou diversas mecânicas que foram usadas posteriormente em títulos como Jedi Academy (2003) e Battlefront (2004). Jedi Outcast foi um sucesso de críticas e quem chegou a jogar naquele tempo provavelmente tem lembranças positivas a seu respeito.

A questão aqui é: será que todo jogo vintage consegue continuar sendo bom através das eras? Aproveitando o embalo do lançamento de A Ascensão Skywalker nos cinemas e de Jedi Fallen Order nos videogames, eis que este clássico ressurge nas plataformas modernas para diminuir a espera dos fãs entre um filme e um jogo novo. Entretanto, os anos não parecem ter feito tão bem a este que um dia já foi referência quando o assunto é jogos de Star Wars.

Quando a Força não está com você

O jogo pertence ao antigo universo expandido da franquia (que foi retirado do cânone com o lançamento de O Despertar da Força). Se passando oito anos após O Retorno do Jedi e dois anos após os eventos de Star Wars Jedi Knight: Dark Forces II (incluindo as expansões), o jogo traz de volta como protagonista o ex-Jedi Kyle Katarn, que abandonou seu posto como cavaleiro da Força após ter quase cedido ao lado sombrio. Agora ele trabalha como mercenário, mas é claro que isso não vai ficar assim por muito tempo.

Um único alvo já vai ser desafio o bastante nesse jogo.

Jedi Outcast introduziu nos videogames o que foi considerado (e para alguns, continua sendo até hoje) o melhor combate com sabres de luz de um jogo da franquia. Tendo títulos como The Force Unleashed e sua sequência nos dias de hoje, é difícil considerar que este ainda possui o melhor gameplay com sabres de luz, mas sua importância ainda é notável. Jedi Academy apenas melhorou o que já era bom e tudo isso moldou com perfeição as mecânicas que temos hoje nos Battlefront atuais.

O maior defeito do jogo é te fazer esperar por um período tão longo e torturante para poder entrar na pele do Kyle Jedi novamente. Por aproximadamente cinco horas, você será apenas um mercenário que enfrenta frotas imperiais o tempo todo – e aqui, atirar é o verdadeiro problema.

Jogar isso no PC há anos atrás nunca foi um problema, afinal nada substitui a praticidade de um teclado e mouse para dar uns tiros. Agora, jogar isso em um Nintendo Switch – que convenhamos, tem o pior joystick possível para jogos de tiro – vai ser um teste de paciência e perseverança.

A inteligência artificial é muito limitada, o que é compreensível considerando o ano em que o jogo foi lançado. Mas também não dá para ignorar o fato de que ela vai te irritar bastante, até que você finalmente comece a usar um sabre de luz. Os inimigos não têm o mínimo de estratégia, eles correm contra os seus tiros e atiram à queima-roupa, assim como os BOTs que vão te acompanhar (e caso seu companheiro morra, é Game Over).

Atirar em terceira pessoa consegue deixar a coisa pior do que já é.

Além disso, acertar um único tiro já é desafio o bastante, pois eles não param quietos! Todos os inimigos ficam correndo sem rumo e ziguezagueando, o que somado a imprecisão dos controles torna essa uma péssima experiência. Logo nos primeiros momentos do jogo já é possível ter um gostinho do que te espera: muitos inimigos atirando em você, todos correndo loucamente pelo cenário e você morrendo em poucos instantes.

Você ainda pode alternar a câmera entre primeira e terceira pessoa (outro fator herdado por Battlefront), mas jogar essas horas iniciais em terceira pessoa é impossível. Por alguma razão, a mira não é fixa e acompanha o movimento do braço do personagem, então em terceira pessoa ela fica se mexendo sem parar, tornando impossível andar e atirar ao mesmo tempo. Combates em terceira pessoa, só com sabre de luz.

Quando a Força está com você

 

Tirando todo os infortúnios citados anteriormente, ainda existem algumas coisas que tornam este port jogável. Primeiramente, ele conta com algumas adições, que não é muito, mas é algo positivo já que não se trata de uma remasterização. Quem jogar no Switch poderá ativar os controles de movimento para mirar – o que não vai auxiliar em nada na mira, só deixar as coisas mais difíceis ainda (sério, por que esses desenvolvedores ainda insistem em usar a mira pelo sensor de movimentos do Joy-Con em jogos de tiro? Isso é péssimo!).

O visual também recebeu uma repaginada leve. Foram aplicadas texturas em HD e realizado uma conversão para que o jogo rodasse adequadamente em widescreen (além do fato dele estar rodando em 60fps até no Switch). É bem simples de notar a diferença: basta ver como ficaram as transições do início do jogo para ver como a imagem fica horrorosa quando esticada. Felizmente, isso é só durante as transições da dev/publisher, durante o gameplay está tudo mais limpo e bem adaptado.

Rebatendo tiros à moda antiga.

O início do jogo é bem exaustivo e desanimador de se jogar, mas quem for forte o bastante para recuperar seu sabre de luz experimentará um jogo totalmente diferente. A mudança é drástica, indo de um game de tiro para um de ação, com um combate muito fluido que conta com um bom sistema de combos. Poderiam ter explorado mais o uso da Força, mas é para isso que temos The Force Unleashed.

Um outro fator que talvez desanime algumas pessoas é o level design, que não é ruim, mas também não é bom nos dias de hoje. Os jogos antigos eram feitos de uma maneira muito linear e com puzzles surreais, que muitas vezes não fazem sentido algum ou exigem coisas absurdas de tão aleatórias (como achar um painel específico em uma sala qualquer, mas tudo sem dicas). É normal se perder nesse tipo de jogo devido à falta de instruções ou simplesmente de sinais que possam indicar o que deveríamos fazer, mas não é bem um defeito do jogo e sim de um level design ultrapassado.

Para completar, este port não conta com o modo online, que trazia vários modos básicos como Team Deathmatch e Capture the Flag e fez bastante sucesso em sua época. Pra ser sincero, creio que isso pouco importa e a mudança seria mínima na nota final, mas pelo preço que está sendo cobrado, apenas a campanha singleplayer está mais que justo.

Star Wars Jedi Knight II: Jedi Outcast tem seu lado bom de ser lembrado, mas envelheceu um pouco mal e hoje já se encontra bem datado. Existem outros títulos de Star Wars que foram lançados com pouco tempo de diferença e podem oferecer uma experiência muito mais sólida, como a própria sequência deste, Jedi Academy. O Nintendo Switch talvez não seja a melhor plataforma para experimentar um jogo desses, mas é claro que sempre haverá um fã roxo de Star Wars que irá até os confins da galáxia para se aprofundar mais nesse universo – e fã de Star Wars jamais deve ser contrariado. Que a Força esteja com você.

Review – Pepper Grinder

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