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O que é mais importante para se tornar um empreendedor de sucesso? Alguns dirão que é o fator sorte, outros dirão que é a habilidade de saber o momento certo para agir, e ainda existem aqueles que atribuirão à inteligência todos os louros do sucesso. Em Startup Panic, esses elementos serão colocados à prova, onde a combinação dos fatores citados e de diversos outros que estão implícitos determinarão quem sobreviverá a esse cenário.

Concorrentes de peso, equipes com membros que possuem habilidades distintas e uma corrida intensa para melhorar o seu produto final. Os elementos citados anteriormente são parte constante na vida de quem decide se aventurar pelo universo das startups. Colocando você no papel do CEO de uma empresa em desenvolvimento, Startup Panic é mais um jogo do gênero tycoon que tenta buscar o seu lugar ao sol, trazendo uma proposta bastante atual e elementos interessantes.

Ter sucesso é falhar repetidamente, mas sem perder o entusiasmo

Devo dizer que o gênero tycoon é um dos meus favoritos. Com horas e horas em títulos como Game Dev Tycoon e Mad Games Tycoon, Startup Panic me empolgou bastante em sua proposta inicial – afinal de contas, as startups estão crescendo a cada dia. Ora, um dos meus gêneros preferidos em um título cuja proposta é bastante promissora, o que pode dar de errado, certo?

E lá vou eu criar o meu personagem para seguir a jornada no mundo do empreendedorismo. Como era de se esperar, um pequeno tutorial aparece para me ajudar. Contudo, muitas mecânicas ficam bloqueadas até que certos objetivos sejam atingidos, então não há muito o que se fazer no começo – o que é compreensível, visto que o seu começo é literalmente criando um aplicativo dentro do quarto.

Todo grande projeto começou pequeno.

A sua startup deverá criar um serviço que funcionará como uma rede social. Para essa missão, será necessário ir incrementando essa rede com recursos variados, onde cada um deles demandará um esforço de desenvolvimento. As habilidades de tecnologia, usabilidade e estética são os grandes determinantes da qualidade do seu trabalho, mas cada recurso implementado demandará diferentes prioridades na hora do desenvolvimento. Startup Panic te dará uma colher de chá no começo, citando nominalmente quais são as habilidades importantes dos recursos básicos e facilitando bastante a sua vida. Entretanto, após um certo tempo, essa mamata acabará, e você terá que deduzir sozinho o que é importante para cada recurso.

O processo de aprendizagem é parte essencial nos jogos tycoon. Em Game Dev Tycoon, por exemplo, cada jogo desenvolvido pode ser analisado após o seu processo de criação, o que permite ao jogador saber os pontos a serem focados. Em Startup Panic um recurso similar existe, mas que é bem menos desenvolvido do que o do título citado anteriormente. Após um recurso ser implementado, você poderá saber apenas se a quantidade de pontos gerados foi menor, maior ou suficiente para atingir as expectativas. Todavia, diferentemente da maioria dos jogos do gênero, tais pontos gerados estão escondidos no jogo, então não dá para ter uma noção exata da qualidade do trabalho realizado.

Desventuras em série de um CEO à beira do colapso

Após esse início bem confuso, tentei recuperar o meu ânimo e seguir em frente pensando que as coisas melhorariam conforme mais mecânicas fossem liberadas. Sim, de fato as coisas melhoraram depois que consegui contratar os meus primeiros funcionários, mas não tanto quanto eu esperava. Gerenciar equipes é essencial em jogos desse tipo, já que a maioria tende a simular o ambiente de trabalho utilizando mecânicas de fadiga, mas Startup Panic me decepcionou bastante nesse quesito.

É comum encontrar funcionários idênticos disponíveis para contrato.

Cada funcionário tem uma barrinha de motivação, onde a mesma desce conforme ele trabalha. É possível mitigar esse efeito através da compra de objetos para o escritório, mas isso demanda uma quantia considerável de dinheiro. É necessário mandar o funcionário de férias para recuperar essa barra, o que priva a empresa dos seus serviços por um período determinado de tempo. Certo, nenhuma novidade até aqui, visto que jogos como Software Inc. e o próprio Game Dev Tycoon possuem algo parecido. Entretanto, há um pequeno detalhe: é você que paga pelas férias dos seus funcionários.

Eu não sei quem teve a ideia de criar um sistema desse tipo, mas as férias dos funcionários são uma responsabilidade financeira do CEO. É possível escolher entre diversos tipos de atividades de férias, onde as que recuperam mais motivação são as mais caras. Dá até mesmo para economizar um pouco, mandando vários funcionários de uma vez para curtir férias coletivas!

Eventos são uma constante por aqui.

O pior de tudo é que não dá para medir o impacto que um funcionário com baixa motivação tem dentro da empresa – pelo menos não de maneira clara. Como dito anteriormente, os pontos de trabalho acumulados em um projeto ficam escondidos no jogo, logo é impossível saber qual é a razão correta entre a motivação e a eficiência. Devo mandar meus funcionários de férias quando eles estiverem com menos de 70% de motivação? Ou talvez eu deva esperar até esse valor chegar a 50%? Quem sabe nada disso importe até esse valor chegar nos 0%? Não sei, não dá para saber ao certo, apenas saiba que isso existe e você que se vire tentando achar uma equação mágica!

A concorrência é cega

Ignorando esses empecilhos citados anteriormente, devo admitir que foi bem divertido ver todo o processo de desenvolvimento de uma rede social. Os recursos implementados possuem notas que afetam diretamente a receita gerada pelo seu serviço. Além de mais dinheiro, um recurso bem desenvolvido faz com que mais pessoas passem a utilizar o seu serviço – o que, na prática, significa mais dinheiro entrando no caixa.

A coisa começa a ficar séria quando os concorrentes entram no jogo. Fiquei bastante empolgado ao ver que a concorrência é bastante ativa em Startup Panic, pois esse é, geralmente, um recurso deixado em segundo plano no gênero. A luta pela fatia de mercado é constante, fazendo com que haja uma necessidade de entregar mais recursos a fim de atrair mais usuários.

O relatório de análise de desenvolvimento não é muito claro nos pontos a serem melhorados.

Como esse é um mercado em constante expansão, diversos eventos que expandem o acesso aos serviços online ocorrem durante o jogo, beneficiando não apenas você, mas também os seus concorrentes. Mais gente com acesso à internet implica em mais lucros, mas aqueles que contam com os melhores recursos conseguirão mais benefícios do que os que ainda estão lutando para se estabelecer.

Progresso e declínio

A minha empresa está finalmente crescendo. Estou no terceiro ano do jogo, contando com alguns funcionários e com uma rede social com a maioria dos serviços essenciais funcionando bem quando, de repente, um evento aparece em minha tela: tenha seus recursos com uma nota superior a 7 daqui a um ano, caso contrário você perderá o jogo automaticamente.

Sempre imaginei que a diversão desse gênero estava atrelada à liberdade dada ao jogador para explorar os recursos oferecidos, criando companhias gigantes através de métodos diferentes por meio da tentativa e erro. Quando se pode fazer o que quiser, quando o jogo não pune métodos alternativos inventados pelo jogador e quando a condição de vitória pode ser atingida de modos diferentes, a diversão está ali para ser explorada diversas vezes. Entretanto, esse fator se perde quando o jogo lhe força a seguir um rumo determinado, limitando todas as suas ações a fim de focar o seu esforço não mais na sua própria meta, mas na meta que os desenvolvedores querem.

Olha quantos caminhos podem ser percorridos!

Sim, é bem verdade que uma história de fundo enriquece qualquer jogo, mas o gênero tycoon não combina com as limitações que uma história linear oferece. A minha startup estava gerando um lucro constante e batendo de frente com a sua concorrente, então por que acabar com a minha experiência me forçando a realizar atividades que vão totalmente contra o que eu planejei para continuar expandindo? Sem dúvidas é muito frustrante se ver obrigado a mexer em recursos que já dão lucro unicamente para evitar a tela de game over.

Não nego que Startup Panic tem elementos interessantes. Todavia, por ser um jogo tycoon, considero que obrigar o jogador a seguir os requisitos de uma história foi uma decisão errada. Se é para colocar uma narrativa a fim de guiar o andamento do jogo, por que não criar um modo separado? Creio que a maioria dos fãs do gênero também prezam pela liberdade em detrimento à linearidade. Esse é um projeto que, apesar dos erros, tem um grande potencial, mas que, infelizmente, optou por escolhas que não são compatíveis com o gênero.

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