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Como um grande fã do gênero beat ‘em up, é difícil não pensar com carinho em Streets of Rage. Um game em que torrei minha mesada para jogar com amigos por muitas horas na locadora, no finalzinho dos anos 80. Afinal, não era barato ter um Mega Drive em casa. Além da ação frenética em co-op, com três personagens distintos para pegar as manhas, o jogo me conquistou também pela trilha sonora.

Streets of Rage 2, meu favorito, evoluiu a fórmula trazendo um gameplay mais ágil, novos lutadores de rua e golpes especiais diferentes para cada um. A mudança deu tão certo que serviu de base para o terceiro e quarto game.

Na cola dos gêmeos Y

Com a queda do Sindicato e o Mr. X, os filhos gêmeos do vilão acabam assumindo sua posição para formar uma nova organização criminosa em Wood Oak City. Tal trama ocorre 10 anos após os eventos dos games originais, trazendo de volta os ex-detetives Axel Stone e Blaze Fielding. Eles unem forças com Cherry Hunter, filha de Adam, e Floyd Iraia, aprendiz do Dr. Gilbert Zan (de Streets of Rage 3). O objetivo da equipe é descer a porrada na malandragem e impedir os planos de Mr. Y e Ms. Y. Simples como um beat ‘em up tem que ser.

Imagem de Streets of Rage 4
Luta em elevador? É jogar pra fora ou ser jogado pra fora.

O primeiro estágio de Streets of Rage 4 já entrega várias homenagens ao primeiro game. As músicas refeitas, os inimigos clássicos, as comidas pelo chão (maçã e frango)… Comidas que você pode trocar a qualquer momento por outras da franquia, inclusive pelas opções da versão japonesa Bare Knuckle. Quer ouvir a trilha original 16-bit enquanto joga? Sem problemas. O fan service aqui é enorme, repleto de nostalgia.

Após concluir o 5º estágio, o game desbloqueia o Adam Hunter para jogar, sendo o personagem mais balanceado do quarteto. Num rápido comparativo, Adam e Blaze são equilibrados em força e velocidade, enquanto Cherry é a mais rápida e fraca e o Floyd é o mais forte e lento. Adam possui um dash (com →→) que ajuda muito na esquiva e combate, especialmente para encaixar um combo com o inimigo no ar.

Evolução natural

A continuação produzida pelo trio de ouro Lizardcube, Guard Crush Games e Dotemu traz um gameplay que muito se assemelha à um jogo de luta. Há muitas maneiras de fazer combos, seja sozinho ou aproveitando a ajuda do seu parceiro. Além da sequência tradicional de golpes, os personagens possuem especiais que podem ser usados tanto para ataque como para defesa, no chão e no ar. O especial de defesa (Y/△) serve para anular golpes iminentes dos inimigos, gastando uma barra verde que pode ser recuperada batendo nos adversários. Se tomar um golpe antes, você perde toda essa barra. Se fizer este mesmo comando colocando pra frente no controle, você realiza um especial de ataque que também consome uma barra recuperável.

Imagem de Streets of Rage 4
Combo de 130 golpes e contando…

Em Streets of Rage 4 também é possível cortar um agarrão do inimigo e se recuperar de uma queda, apertando o pulo antes de tocar o chão. Estes novos movimentos dão uma agilidade incrível para os personagens, seja ele rápido ou lento. Claro, vai do jogador se acostumar com eles, mas o jogo o encoraja a testar as possibilidades com cada um. Eu particularmente não gostei do Floyd na primeira vez que terminei a campanha, opinião que mudou depois de jogar outras vezes com amigos.

Além dos cinco lutadores principais, o game oferece outros personagens para desbloquear através de uma barra de progressão. São 12 ao total, nas versões de Streets of Rage 1, 2 e 3. E não é um mero pixel art reaproveitado: além de retrabalhados para maior resolução, os pixels sofrem mudanças conforme a iluminação do cenário. Infelizmente os chefões Ash e Roo, personagens jogáveis secretos em Streets of Rage 3, não estão disponíveis no novo game. Mas as homenagens à eles foram garantidas em um pôster e em um barzinho, respectivamente. Pelo menos o Shiva retornou, sendo o mais ágil da turma old-school. Só tem um probleminha: ele não pega armas brancas do chão.

Imagem de Streets of Rage 4
Há quatro batalhas retrô escondidas pelo game.

É curto, mas o replay é monstro

Não bastasse o gameplay incrível, o jogo ainda introduz algumas ideias geniais, como a possibilidade de recuperar itens arremessados nos inimigos em pleno ar. Por exemplo: ao arremessar uma espada, ela bate no inimigo e volta no ar dando tempo suficiente de você pegá-la antes de cair no chão. Com isso as possibilidades são enormes, somando acertos até nos combos do seu parceiro. E tem de tudo: faca, taser, granada, cutelo, estrela ninja e por aí vai.

Os estágios, 12 ao total, também oferecem armadilhas e buracos para usar estrategicamente. Algumas são mais longas que outras, mas a maioria se divide em cenários com sub-chefe e chefão. A campanha oferece continues recomeçando o estágio em que parou, enquanto que o modo Arcade não dá moleza com continues. A dificuldade vai do Fácil ao Mania, esta última sendo a opção ideal para os que se acostumaram com tudo do game. Até isso acontecer, leva um bom tempo. Porém o maior desafio de todos se encontra no modo Desafio dos Chefões: um chefe após o outro, sem vida extra ou continues, apenas com algumas comidas surgindo aos poucos no cenário.

Imagem de Streets of Rage 4
O modo Desafio dos Chefões é mamão com pimenta.

Jogando pela primeira vez e na dificuldade Normal, Streets of Rage 4 dura menos de 3 horas. É pouco, mas o game naturalmente o convida a jogar de novo e de novo, com outros personagens e na companhia de amigos com habilidades diferentes. Eu mesmo joguei por mais de 16 horas até destravar tudo e finalmente começar a enjoar. E olha que eu não consegui terminar na dificuldade Mania, muito menos vencer o Desafio dos Chefões, heim! Se eu tivesse um pouco mais de paciência, passaria fácil das 20 horas de jogatina.

Este game é um excelente exemplo de como um gênero batido pode evoluir. O visual desenhado à mão é fantástico e combina totalmente com a franquia, inclusive jogando com personagens em pixel art. Os chefões são inventivos, um diferente do outro, e prestam suas devidas homenagens. Há também várias referências à cultura pop, como uma brincadeira com os nomes Beyoncé e Rihanna. Em suma, um jogão que você não pode perder.

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