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Sendo a estreia do estúdio Pillow Castle, Superliminal é um jogo de puzzle em primeira pessoa baseado em perspectiva forçada e ilusões de ótica, disponível com exclusividade através da plataforma Epic Store nos PCs inicialmente. Desafiando os limites do acreditável, somos convidados a pensar fora da caixinha para solucionar os mais diversos quebra-cabeças em um sonho alucinante, inspirando-se em filmes como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e A Origem (Inception) – então, já dá para imaginar o que vos aguarda.

Percepção é realidade

Apesar da inexplicável realidade presente aqui, o título conta com uma narrativa irônica. Você acabou adormecendo com a TV ligada às 3 da manhã, mas antes de cair no sono, lembra de ter visto de relance uma propaganda da clínica de tratamento de sono Somnasculpt relacionada ao novo programa de terapia de sonhos do Dr. Glenn Pierce, e quando você se dá conta, está em um sonho no primeiro estágio do programa experimental.

A sensação durante todo o gameplay de Superliminal é de estar em uma mistura de Portal com The Stanley Parable – ainda que não conte com as inúmeras ramificações de caminhos possíveis do segundo. Afinal, estamos em meio a um tipo de experimento, tal qual Portal – sem falar da voz robótica que nos alerta sobre os protocolos do experimento. Em meio a isso, desviamos da rota proposta para entrar em um tipo de “caminho alternativo” fora dos testes, como ocorre em The Stanley Parable.

Imagem do jogo Superliminal.
Onde tudo (sempre) (re)começa.

O gameplay de Superliminal é simples, assemelhando-se bastante a Portal, com a diferença de que ao invés de usar uma Portal Gun, usamos o poder da perspectiva para solucionar os puzzles. As fases são divididas por salas, que propõem formas de interação variadas com o ambiente, incluindo modificar a proporção de objetos, seja para maior ou menor, usar perspectiva para revelar objetos através de ilusões de ótica etc.

Os puzzles são relativamente simples, nada muito complicado – pelo menos nas fases iniciais. Os objetos interativos encontrados durante as fases são itens como peças de xadrez, dados, maçãs – ou até um pedaço de queijo -, entre outros artefatos mundanos do cotidiano. Todos eles podem ser alterados nessa realidade de sonho, seja em proporção ou em multiplicação, às vezes. Para tal, basta segurar o objeto e utilizar o ângulo de visão para torná-lo maior ou menor em relação ao cenário. Muitas vezes utilizamos isso para alcançar locais mais elevados ou acionar mecanismos (por via de um botão na superfície da fase).

Imagem do jogo Superliminal.
Quem não gosta de feijões aos domingos?

Também há uma mecânica que se utiliza de ilusões de ótica para criar objetos antes pintados em uma superfície, por exemplo, para se tornarem elementos palpáveis. Tal qual um cubo pintado em uma parede que, ao ser observado por um ângulo específico, gera a impressão de ser 3D, e nesse ponto simplesmente podemos pegá-lo na forma de um objeto. Uma mecânica bastante curiosa e criativa.

Nem tudo é o que aparenta

Cada fase do jogo indica um nível de sonho mais profundo. À medida que se avança nessa realidade, tudo se torna cada vez mais, digamos, bizarro, a ponto de se transformar em algo completamente insano e irreal – assim como imagino que sejam os sonhos de fato. De início, somos apresentados a um mundo bastante plausível, muito semelhante ao mundo real, porém à medida que entramos em novas camadas de sonho, somos introduzidos em uma realidade onde a lógica não mais é a matriz das decisões, fazendo-nos pensar literalmente fora da caixinha.

Superliminal é relativamente curto, contando com 9 fases no total, essas que, por sua vez, também não chegam a ser extensas, sendo possível terminá-las todas em pouco mais de 5h (em média). Porém esse tempo é bastante proveitoso, entregando uma experiência enxuta e sem ‘encheção de linguiça’, ou seja, oferecendo um gameplay com eventos e cenários únicos, além de possibilidades diversificadas.

Imagem do jogo Superliminal.
Eu só queria uma saída.

Como citado, a trama de Superliminal não é tão clara, mas no decorrer dos níveis, além da voz robótica nos alertando sobre os testes, iremos encontrar rádios que, ao serem acionados, irão reproduzir gravações do Dr. Pierce tentando nos ajudar – eu imagino -, avisando sobre como podemos sair daquela situação maluca e o quão profundo podemos mergulhar no mundo dos sonhos sem trazer sequelas para nosso estado físico, entre outras coisas. Superliminal conta com menus e legendas em português brasileiro, o que ajuda muito no entendimento da trama.

É graficamente muito bonito, especialmente em se tratando dos detalhes dos objetos interativos, ao aumentá-los ou diminuí-los de dimensão, e das ilusões de ótica muito bem implementadas. As fases também são bem construídas, principalmente as dos níveis finais, que se tornam uma insanidade – algo que só vemos em sonhos mesmo. A trilha sonora também é bastante agradável, apesar de nem sempre presente.

A busca pela saída nem sempre será pelos caminhos mais agradáveis.

Superliminal é uma experiência extremamente criativa que nos faz pensar fora da caixa, onde a lógica muitas vezes não rege a realidade em que estamos. Vai agradar em cheio aqueles que curtem jogos de puzzle ao estilo Quantum Conundrum, Manifold Garden e The Stanley Parable, e também é recomendado para quem curte jogos diferenciados. É uma experiência válida até para aqueles que não curtem o gênero também. Afinal, ele traz consigo uma ótima reflexão: não importa o quão grande possa parecer uma adversidade, nenhum problema é tão grande que não possa ser resolvido – às vezes, basta olhar por uma outra perspectiva.

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