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Quem nunca pensou em transformar dois jogos favoritos em um único título? SuperMash promete realizar essa ideia misturando gêneros para criar diversos jogos com visuais, mecânicas, desafios e histórias diferentes. Com o PlayType, uma máquina de mashup, você poderá salvar uma loja de games da falência, afinal esse curioso equipamento será capaz de manter o seu catálogo com novidades e atender até mesmo os clientes mais exigentes.

SuperMash é um título indie produzido pela Digital Continue onde você pode gerar fases, tal como Super Mario Maker, porém de uma forma muito mais limitada. Você não vai montar seus níveis com recursos e ferramentas como no jogo da Nintendo, mas poderá escolher os gêneros, duração, dificuldade, entre outros detalhes e voilà: o sistema do jogo cuida do restante e lhe entrega a aventura. No entanto, essa máquina não é perfeita e muitos de seus resultados podem ser rasos e maçantes.

Experimentando a nova geração de consoles

Na trama, você controla Tomo, que ajudará sua irmã Jume a enfrentar uma forte crise em sua loja de games. É em um belo dia de caçada gamer onde os irmãos encontram uma caixa abarrotada de cartuchos e outros itens que incluem o PlayType, uma estranha máquina com entrada para dois jogos que pode misturar seus conteúdos em um novo título. Talvez seja essa a novidade que resgate a clientela de Jume.

Imagem do jogo SuperMash
Como uma loja linda destas pode estar em crise?

São seis gêneros de jogos disponíveis em SuperMash, entre eles: Plataforma, Shoot ‘Em Up, Ação e Aventura, Stealth, Metrovania (termo adaptado de Metroidvania) e JRPG. Você pode combinar dois estilos ou até repetir o mesmo que ainda assim a fusão funcionará. Pensar nesta mistura de estilos é tão instigante que é difícil não ficar curioso para descobrir seus resultados, mas eles podem não ser como você espera.

Antes de abordar os resultados dessas uniões, é preciso dizer que SuperMash é claramente inspirado em jogos famosos. Platformer, por exemplo, possui uma pitada de Super Mario Bros, enquanto em Stealth o diálogo homenageia Metal Gear. Já em JRPG há um pouco de Final Fantasy e assim por diante. O problema é que o jogo optou por absorver muito mais das estéticas e pouco das mecânicas dos respectivos jogos. Claro que não há problema em usar o visual com como base para os gêneros, no entanto, fica notável que eles não possuem profundidade, prejudicando no design das fases geradas.

Imagem do jogo SuperMash
Para quem que não acreditou, aqui está uma prova.

A combinação de Stealth com Plataforma pode resultar em um jogo onde o personagem tem os power-ups em uma fase onde você deve evitar ser visto, mas caso seja pego, consegue eliminar os inimigos facilmente com tais poderes. Já em uma mistura de Action Adventure com JRPG, você pode receber um jogo onde seu personagem tem o visual dos antigos jogos da série The Legend of Zelda e deve explorar um pequeno cenário para encontrar uma quantidade de inimigos invisíveis, que ativam batalhas por turnos. Dentro das batalhas, você também pode se deparar com aliados aleatórios que possuem o visual semelhante aos personagens dos jogos de Pokémon.

É a partir daí que a decepção com Supermash começa a surgir, e você percebe que as mecânicas são superficiais com algumas regras aqui e ali que resultam em misturas que nem sempre são atraentes. Em uma fusão de plataformas com shoot ‘em up, talvez você espere algo como um R-Type, no entanto pode receber um jogo em que uma navinha age como um personagem que precisa pular para passar dos precipícios ou ainda saltar na cabeça dos inimigos para destruí-los. Ou seja, o shoot ‘em up foi reduzido a um sprite de uma nave que nesta mistura nem pode voar.

Imagem do jogo SuperMash
De todas as misturas que fiz em SuperMash, essa foi uma das mais estranhas.

Logo no início, SuperMash nos avisa de que nem sempre as combinações trazem jogos perfeitos, podendo ser difíceis, raros ou até desbalanceados. Alguns jogos são sim criativos e até possuem boas ideias, mas geralmente são mal executados, resultando por exemplo neste estranho jogo de navinha que não voa. A definição de objetivos simples é outra característica que diminui ainda mais o brilho destas misturas.

Criando um catálogo de jogos esquisitos em SuperMash

Quando você gera um jogo em SuperMash, na verdade, criará uma fase aleatória com mecânicas básicas de dois gêneros e algumas outras personalizações. Independentemente de suas escolhas, os objetivos destas fases são sempre cronometrados e envolvem tarefas simples como encontrar um personagem ou objeto, derrotar uma quantidade de inimigo, terminar a fase em tempo determinado, entre outros. Com objetivos tão simples, as fases se tornam fracas e isso é muito desanimador, pois você não consegue criar nenhum laço com os personagens ou suas histórias, e a ideia de um criador de jogos diminui para um criador de minigames.

Imagem do jogo SuperMash
Desta vez o Action Adventure e Stealth trouxeram um bom jogo.

Concluindo o desafio, você ganha moedas úteis para comprar cartões de desenvolvedor que permitem fazer personalizações de fases, como trocar inimigos, poderes, trilha sonora entre outras coisas. Você também poderá salvar a fase para jogar novamente ou ainda compartilhar a criação com seus amigos.

Fora dos minigames, você explora a real narrativa de SuperMash em torno dos irmãos e a loja de games. Neste ambiente agradável, você pode visualizar as fases que salvou, ver um caderno de anotações do antigo dono do PlayType contendo desafios bônus (desbloqueados com seu progresso), visualizar a prateleira de cartões de desenvolvedor e os NPCs que, além da sua irmã e seu amigo Rob, incluem os clientes que vêm visitá-los ao descobrir a novidade.

Imagem do jogo SuperMash
Eu não entendi o que você falou.

Conversar com os NPCs rende diálogos engraçados e cheios de referências, e além disso os clientes podem lhes oferecer missões secundárias. Para progredir na narrativa, também é necessário conversar com Jume, que fará diversas solicitações. Todas as tarefas requerem a criação de jogos com temas e personalizações específicas, em seguida bastando jogá-los para avançar na narrativa. Seus maiores desafios são realmente completar os minigames, que nem sempre são divertidos.

É sempre admirável ver um título trazer textos em português, ainda mais se tratando de um jogo indie, no entanto em SuperMash é difícil não perceber os erros ortográficos. Algumas vezes, os textos parecem programados para puxar as informações de outros lugares e formam frases sem sentido, como quando um NPC lhe pede um jogo que “dura Curta”, fazendo relação com a opção de duração do jogo. Infelizmente, isso ocorre em diversos momentos tanto em diálogos como em introduções de histórias ou informações de objetivos, não atrapalhando o entendimento mas tornando a leitura estranha.

Imagem do jogo SuperMash
Alguns glitches fazem parte do jogo e deixam o resultado ainda mais estranho.

SuperMash tem ótimas ideias, mas precisa ser mais lapidado para que consiga realmente fazer bom uso delas. Os desenvolvedores prometeram novidades para o futuro, como outros gêneros para misturar, mas espero que além das novas adições, eles consigam explorar muito mais dos estilos que já existem nesta versão para trazer minigames mais interessantes. Mesmo que a experiência não tenha agradado tanto, não desistirei do título e aguardarei ansioso por novidades.

Ainda que haja problemas, eu me diverti em algumas criações de SuperMash, chegando a salvar alguns minigames para jogar novamente e quem sabe compartilhar com os amigos. O visual e a trilha sonora também são agradáveis, mas é uma pena que as misturas, que são o foco deste jogo, não sejam tão envolventes, e isso me impede de recomendá-lo por enquanto.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024