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Para a minha surpresa, a genialidade da 10Tons fez um dos jogos mais inesperados que eu poderia sequer imaginar. Sou fã da mitologia e universo criado por H.P. Lovecraft, acompanhando diversos conteúdos multimídia que existem por aí – porém essa desenvolvedora finlandesa foi além e conseguiu uni-lo à Nikola Tesla em uma aventura que coloca a ciência lado a lado ao fantástico e sobrenatural. Imagine o gênio da engenharia mecânica e eletrotécnica combatendo as ameaças criadas pelo brilhantismo imaginário do obscuro universo sobrenatural: máquina contra monstros, eletricidade versus psicológico, Tesla vs Lovecraft.

Um twin stick shoot ‘em up com visão aérea e jogabilidade frenética ao melhor estilo arcade, porém que soube contextualizar e levar para os games toda essa mitologia por trás de dois grandes nomes da história mundial. Não tem como essa matemática ser ruim e, por esse motivo, acredito que seja um dos indies mais divertidos que joguei nos últimos anos!

Pura maluquice

Normalmente todo jogo envolvendo Cthulhu e qualquer outro dos Antigos ou Anciãos, criados por Lovecraft, possuem a mesma pegada de terror e um mundo sombrio, brincando com o estilo noir da década de 40 e resgatando a vida na era vindoura dos anos 30. O trabalho que os games designers tiveram foi tentar brincar com essa atmosfera, mas pude perceber que evitaram cair na mesmice de sempre. A presença de Nikola Tesla como protagonista e responsável por criar todas as engenhocas mecânicas que utilizamos durante o jogo, faz com que o cenário melancólico e escuro ganhasse cores vibrantes, com interferências visuais que quebrassem aquela monotonia de um jogo que poderia muito bem ser mais soturno.

Olha a mágoa do Lovecraft ao tentar impedir os experimentos do Tesla

A graça aqui é praticamente cenários muito bem construídos e com um level design muito bem trabalhado; mas dessa vez pode deixar a história de lado para lutar contra o desconhecido e evitar que a loucura e destruição se espalhe pelo mundo com a chegada de criaturas monstruosas.

Deixe de lado o peso narrativo de Lovecraft para se divertir em muitos mapas (realmente são muitos) nas regiões de Arkham, a cidade fictícia próxima à Massachusetts, desenrolando a história em três planos diferentes: da nossa realidade ao Eldritch, a realidade paralela criada pelo autor. São mais de 30 fases em cada plano, porém um dos pontos negativos do jogo foi não ter explorado melhor os Antigos como chefões do jogo. É muita coisa para ser jogada em partidas rápidas com média de três minutos cada, totalizando quase 100 cenários (nem todos diferentes) para serem visitados.

30 fases para você se divertir (em casa plano)

No comando de Tesla, o cientista iniciará cada desafio ainda no nível mais baixo e enfrentará hordas de monstros cada vez mais intensas, porém você também conseguirá subir de nível e terá a chance de escolher entre dois upgrades randômicos para criar sua estratégia de jogo. Hora você conseguirá aumentar seu HP, sua velocidade de movimentação e até mesmo esquiva dos ataques inimigos, como também terá opções focadas no aumento do dano, número de projéteis e sua capacidade em matar cada vez mais. Novos power-ups podem ser comprados com cristais que ganhamos ao atingir o número exigido de monstros mortos, ou até mesmo achando ao destruir as estátuas do Cthulhu, que surgem para invocar mais inimigos.

Como se não bastasse, você também terá a opção de encontrar novas armas pelo cenário ou até mesmo upgrade com projéteis de fogo. Em certo momento dessa “jornada”, você passará a contar com armas “futuristas” criadas pelo próprio Tesla, em que os projéteis comuns (de metralhadora, revólver ou shotgun) serão substituídos por armas que disparam bolas de eletricidade e raios elétricos. O melhor é quando você consegue encontrar uma arma elétrica e buscar por balas de fogo, para ter a melhor mistura artística possível e transformar o visual do jogo numa tempestade colorida de informações pelo cenário.

Nesse jogo Tesla é literalmente tiro, porrada e bomba

Além de armas, existem itens que diminuem a velocidade dos inimigos, ou até mesmo uma bomba nuclear que destruirá tudo que estiver ao seu redor numa único ataque. Essa é a melhor parte do jogo: o quão gratificante e viciante é destruir tudo e todas as aberrações que surgem.

Ativado como tipo de especial do personagem, você terá o seu mecha após recolher ao menos cinco pedaços do robô. Ele garante um ataque mais rápido e mortal, porém apenas em um curto período de tempo. O melhor é que depois de um massacre generalizado, seu mecha explode e consegue levar ainda mais aberrações de volta para o buraco de onde saíram. Simples assim: segure o gatilho para atirar, entre no meio de uma horda inimiga e espere pela explosão para garantir troféus, ainda mais XP e uma pontuação maior, para aqueles que encaram esse game como um arcade.

Aproveitar o cenário e os power-ups são as melhores maneiras de montar sua estratégia

Tesla vs Lovecraft prioriza a experiência do gameplay simples, porém arrisca suas próprias mecânicas. Não só por tudo o que já falamos, você também tem um teletransporte e os power-ups que brincam com a mitologia do autor de ficção científica pulp; quase como a Tracer, de Overwatch, você pode pular de um lugar para o outro até três vezes seguidas, além de brincar com ataques secundários passivos, como veneno ou eletricidade, ou até mesmo uma espada e tempestade de eletricidade.

Simples e viciante

A 10Tons conseguiu mesclar a ficção científica com o horror, levando em conta toda a mitologia ao redor desses dois grandes nomes. Projetos e engenhocas de Tesla estão presentes no jogo, assim como localidades e personalidades de Lovecraft aparecem para rechear ainda mais esse amálgama de conteúdo.

Na sua opinião, quem venceria? Tesla ou Lovecraft?

Tudo bem que as cutscenes não são nenhum primor gráfico de animação se comparado à maioria dos jogos por aí, da mesma maneira como a trilha sonora brinca com os clichês melancólicos das obras de terror e suspense, sem surpreender ou tentar criar a imersão que talvez a obra de Lovecraft exige. No entanto, a diversão ao redor de todo o restante é muito maior a ponto de preferir criar minha própria trilha sonora para me acompanhar nas três ou cinco horas de jogatina. Isso fica ainda mais fácil quando você tem Mansion’s of Madness, o jogo de tabuleiro da Galápagos Jogos, com aquela trilha sonora muito mais legal, ou até mesmo as diversas playlists existentes no Spotify.

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