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The Conduit tinha muita promessa. Antes de seu lançamento, seus criadores apareciam constantemente em artigos e entrevistas, dizendo o quão intuitivo era usar um Wii Remote para se mirar em jogos de primeira pessoa. Falaram muito também sobre a engine que criaram, que possibilita o uso de alguns elementos, como de luz e partículas, que não são vistos em outros jogos de Wii. E, enquanto as duas afirmações se apresentam como verdade, isso não muda o fato que estes meros aspectos técnicos de nada adiantam para melhorar um jogo que consegue ser apenas medíocre em seus melhores momentos.

A primeira sensação que se tem ao ligar The Conduit é o de uma viagem no tempo. Pegue todas as melhorias feitas nos jogos de primeira pessoa desde que Half Life 2 saiu e jogue-as pela janela. O que resta é mais ou menos o que compõe o jogo da High Voltage. Só que, para piorar as coisas, nem esse resto é original. Todos os elementos presentes no game são absolutamente genéricos ou clichês. História pouco imaginativa e óbvia? Confere. Armas alienígenas brilhantes e com partes que parecem orgânicas? Confere. Aliens com design idênticos a milhares de outros que você já viu em dezenas de outros lugares? Confere. Fase do esgoto e fase do laboratório? Confere. Ainda assim, se Conduit conseguisse ser um jogo genérico mas pelo menos aproveitável, então a falta de imaginação dele seria a única coisa da qual poderíamos reclamar. Acontece que esses são apenas parte do problema, que com certeza não contribuem para que o resto seja visto com melhores olhos.

Começando pelo design de fases do jogo, ele é simplesmente horrendo. As fases são monocromáticas e quadradas. Não há nenhum elemento que chame a atenção ou seja minimamente interessante. Tudo é sempre igual – e isso não é apenas modo de dizer. Muitas das salas são reusadas mais de uma vez. Você constantemente passa pela mesma sala, de novo e de novo, com pequenas mudanças em cada uma, como uma estante caída ou um quadro na parede. E acho que não é necessário dizer que isso se torna rapidamente cansativo.

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Além do design das fases, o outro grande problema é a maneira como os inimigos são gerados. Existem alguns portais, os Conduits, e alguns ovos que geram alienígenas infinitamente, até que você destrua os geradores. Acontece que isso tira qualquer estratégia que você possa empregar, pois a pressa de ir em diante para que novos inimigos não apareçam é seu único pensamento. Recuar para recarregar uma arma ou para pegar alguma vida que tenha ficado para trás é tempo suficiente para que novos alienígenas apareçam, fazendo com que você sinta que não avançou em nada naquela parte. Além disso, é impossível saber em quais momentos existe um Conduit gerando inimigos, ou se simplesmente eles existem em um número específico na área. Você nunca tem certeza se deve matar todos os alienígenas que estão perto de você ou se deve tentar correr para procurar um dos geradores. E, normalmente, a única maneira de descobrir isso é através de tentativa e erro.

Os geradores são apenas parte do problema na ação de The Conduit. A inteligência artificial dos inimigos é um dos pontos mais importantes em qualquer jogo. É isso que determinará o quão interessante será a luta que você terá com eles e, considerando que isso é o que você mais fará no jogo, é crucial que ela não seja falha. A de Conduit é uma piada. Não é incomum que um inimigo esteja a poucos metros de distância e não faça nada, apenas fique olhando para o vazio. Alguns são baleados pelas costas e não esboçam nenhum tipo de reação. Isso acontecia com tanta frequência que em certo momento achei que estava matando pessoas inocentes, coisa que nem existe no jogo.

Outro problema é que a IA está programada para reconhecer alguns padrões muito específicos. Por exemplo, na maioria das vezes que você recarrega sua arma os inimigos irão parar de atirar e virão correndo em sua direção, para te flanquear. Uma vez que essa corrida é começada ela não para mais. Desde que você fuja deles, tudo que os alieníginas farão é segui-lo. Mesmo que consigam te alcançar, por alguma razão eles não irão mais usar suas armas, tentarão apenas te derrotar com socos e chutes. Isso dá tempo mais do que suficiente para que você termine de recarregar a sua arma e mate pobres coitados que estão apenas correndo, sem nenhuma interesse de atirar em você. A ação sem graça poderia ter alguns momentos melhores durante as lutas contra os chefes – exceto pelo fato de que elas não existem. Há apenas um tipo de alienígena no jogo que serve, mais ou menos, como um sub-chefe. Você o encontrará cerca de três ou quatro vezes na campanha inteira. No entanto essas lutas não apresentam nenhum tipo de desafio, já que esses aliens estão mais preocupados em andar em círculos do que atacar você.

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Depois de terminar a aventura solo de The Conduit, existe ainda o modo multiplayer para aqueles interessados em partidas competitivas. Os modos são os básico, consistem de: Deathmatch, Team Deathmatch e um Team Objective, no qual deve-se roubar o All Seeing Eye inimigo e trazê-lo para sua base, assim marcando um ponto. Também é possível criar fases com as regras próprias, o que garante uma certa diversidade nas partidas. O problema é que os cenários onde o multiplayer se passa são tirados diretamente da campanha solo, ou seja, são igualmente quadrados e sem graça. Além disso, mesmo nas partidas com o número máximo de jogadores, as fases pareciam grandes demais para a quantidade de pessoas, tornando necessário andar algum tempo por corredores cinza e sem vida até encontrar outro jogador. The Conduit é também o primeiro jogo a utilizar o Wii Speak, desde seu lançamento junto de Animal Crossing. Entretanto, você rapidamente irá notar que as partidas online são um completo silêncio. Isso acontece porque, para que o periférico possa ser usado, é necessário jogar com pessoas com as quais você tenha trocado friend codes. E, convenhamos, a não ser que você tenha mais onze amigos com The Conduit e com Wii Speaks, a função é completamente inútil.

O irônico é que, no fim das contas, aquilo que a High Voltage propagandeou é verdadeiro. De um ponto de vista técnico, The Conduit faz coisas impressionantes no Wii, com efeitos de luz, sombra, partículas etc bastante bonitos. Da mesma maneira, seus controles são completamente personalizáveis, podendo ser alterados da maneira que você quiser. O modo default já funciona, mas alterar os parâmetros é simples e pode melhorar a experiência de jogo. O problema é que, como disse acima, esses aspectos são apenas técnicos. Alguns efeitos no visual são bons, mas isso não muda o fato que a direção artística é inexistente. Os controles também são ótimos, ainda assim eles não fazem muita diferença, já que o jogo ao qual você deve aplicá-los não tem uma boa qualidade. A impressão que se tem é que diversos aspectos de The Conduit foram feitos separadamente e, ao serem colocados um ao lado do outro, não conseguiram se encaixar muito bem. Para terminar com uma simples analogia, o jogo é como uma receita de um bolo delicioso mas, infelizmente, os ingredientes usados na massa estavam estragados.

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