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Recentemente veio a público uma tech demo feita na toda poderosa Unreal Engine 5, o ápice da tecnologia gráfica nos videogames, onde a realidade se mescla com a fantasia. Calhou de eu estar jogando este jogo para análise bem quando isso aconteceu e é interessante parar para refletir o quanto os videogames mudaram em questão de décadas.

The Eternal Castle [REMASTERED], apesar de ter o “remasterizado” no título, é um jogo que buscou modernizar um clássico sem perder absolutamente nada do original. Provavelmente você não conhece o Eternal Castle original, mas trata-se de um jogo perdido lançado para MS-DOS em 1987. Esse remaster (que está mais para remake) não traz gráficos robustos ou atualizações de mecânicas, muito pelo contrário! Quando os desenvolvedores disseram que queriam manter a memória do original vivo, eles estavam falando muito sério.

Tempos mais simples

The Eternal Castle pertence a um grupo de jogos bem específicos que fizeram fama em sua época. Todos eram jogos de plataforma com mecânicas muito travadas e confusas, além de um visual pixelado e monocromático que deixava muito difícil a distinção de qualquer coisa no cenário. A sua remasterização tem exatamente cada uma dessas características.

Os caras procuraram ser tão nostálgicos e fieis ao original que o jogo começa com uma tela de boot (a tela inicial de todo jogo nesses PCs antigos). Também seguindo a tradição de jogos da época, começamos a jogar sem nenhuma explicação de quem somos ou onde estamos. Você escolhe entre controlar um personagem homem ou mulher, assiste a nave deles caindo em algum planeta desconhecido e o resto fica por sua conta e risco.

Só para não ser injusto, o jogo até mostra uma tela abarrotada de texto contando a história por trás de tudo, só que é IMPOSSÍVEL conseguir ler qualquer palavra. Isso se dá pelo próprio estilo gráfico utilizado no jogo, que como já citado, torna difícil distinguir as coisas: as letras se misturam, a falta de cores confunde e, no final, você só segue seus instintos.

Rumo ao desconhecido.

Quem já jogou títulos como Another World, que é mais recente, já está familiarizado com a forma como o jogo funciona. Sendo um sidescrolling, você só anda para a esquerda ou direita sem saber o que o próximo cenário te espera. Essa sensação de mistério é uma característica um tanto perdida nos jogos modernos, pois dificilmente você fica tão aflito em seguir em frente (até mesmo em jogos de terror).

Nunca se sabe o que você encontrará ao cruzar o mapa em frente. Pode ter uma armadilha, um inimigo, cachorros, alienígenas, qualquer coisa querendo te matar, ou pode simplesmente ter um checkpoint para descansarmos um pouco. Pouco a pouco você vai descobrindo mais sobre aquele mundo e, quem sabe, pode até conseguir entender alguma coisa.

Velho é seu passado!

O combate do jogo é difícil de definir. Em momentos difíceis como em lutas contra chefes você geralmente consegue lidar com tudo numa boa, mas sente muito mais dificuldade para derrotar inimigos comuns. Os controles são propositalmente ruins, então boa parte dessa dificuldade se dá a isso. É difícil acertar um soco, saber onde você está mirando seu revólver e o jogo ainda tem um delay de resposta entre o comando e a ação. Mas é assim que os jogos costumavam ser e é assim que Eternal Castle continua sendo.

Nessa versão de Switch, uma coisa que achei bem desnecessária foi que o jogo te obriga a jogar com Joy Cons separados. Ele até tem co-op para dois jogadores, mas é completamente desnecessário você ser obrigado a jogar com os controles desacoplados do console mesmo em singleplayer. Desse modo, tudo que poderia ser simples fica consideravelmente mais difícil, pois você terá que assimilar o que cada Joy Con faz o tempo inteiro; além disso, para jogar dessa forma, você é praticamente obrigado a ligar o Switch na televisão para ter o mínimo de conforto. Quem estiver jogando no Switch Lite vai sair na vantagem.

Por incrível que pareça, os chefes são bem fáceis.

Após vencer o primeiro chefe, você recupera sua nave e poderá escolher qual região explorar. Cada uma tem um chefe e conforme você joga pode ir ganhando alguns upgrades para o seu personagem, armas novas e outras coisas que tornam sua jornada menos tortuosa. Não que essas coisas vão aliviar demais a sua barra, pois no final tudo que você faz é sobreviver da melhor maneira que conseguir.

No geral o jogo não é longo, mas também não é fácil terminá-lo. Além disso, ele tem mais de um final, então isso pode estimular o fator replay para buscar o final verdadeiro. O que mais pode afastar os jogadores dele é o fato de ser “velho” até demais. Quem jogou qualquer coisa do gênero na época vai se sentir criança de novo, mas jogadores mais novos podem achar tudo uma porcaria, afinal, é um jogo muito diferente dos padrões atuais.

Daí fica a pergunta: o que esse remaster muda do original? Segundo os próprios desenvolvedores, é uma versão completamente melhorada daquilo que eles jogaram em suas infâncias. É o “jogo dos sonhos”, o que Eternal Castle poderia ter sido se tivessem os recursos para isso. Jogá-lo é viajar no tempo, voltar para uma época em que tudo era muito mais simples e misterioso. Eu gostei e recomendo.

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