É muito interessante quando a narrativa de um jogo é aberta para muitas interpretações e significados, exemplo disso são os jogos como Limbo e Inside da Playdead, que geram diversas teorias por todos que jogam. The Inner Friend deixa as coisas um pouco mais claras. A aventura da Playmind dá ao menos uma noção do que o jogo aborda, mas entender o decorrer da narrativa fica por sua conta.
The Inner Friend é um jogo de aventura cheio de mistérios e momentos de terror psicológico, ambientado no subconsciente de uma pessoa que aparentemente sofre com traumas psicológicos, medos e até mesmo perda de memória. O visual é surreal e proporciona uma experiência bastante interessante. Nesta jornada seremos guiados por uma sombra para enfrentar os medos e recuperar as lembranças, talvez assim retornando a paz para essa mente.
No subconsciente, os pesadelos e medos são reais
Para um jogo aberto a teorias sobre a narrativa, talvez este review traga algumas interpretações sobre The Inner Friend que podem ser diferentes que as suas; neste mundo o Eu interior é despertado por essa sombra, como uma fagulha de coragem para enfrentar esses traumas e de quebra com a possibilidade de recuperar as memórias fortalecendo os motivos pelos quais devemos enfrentar esses medos e voltar a se reerguer.
Nesta jornada viajamos por vários momentos vividos pela mente. Essas memórias estão distorcidas e, no subconsciente, o real se mistura com fantasias. Os fatos ocorridos ganham uma ambientação macabra, possibilitando momentos de terror dentro do jogo. Os cenários são escuros, desolados e algumas vezes causam alguns sustos.
A trilha sonora e os detalhes do cenário reforçam a atmosfera de terror e mistério, causando uma certa tensão durante a jogatina. Porém, com o tempo percebemos que não há dificuldades em avançar, os puzzles são fáceis de resolver e geralmente os inimigos são como bloqueios e só precisamos encontrar uma forma de ultrapassá-los.
Interpretando a história através de suas próprias experiências
The Inner Friend não possui diálogos, com todas as interpretações se dando através das cenas, dos objetos que compõe os cenários e das fases. Isso torna a narrativa única para cada jogador; é necessário dar bastante atenção aos detalhes das fases, que sempre indicam algum acontecimento que causou traumas para a mente.
Há diversos itens escondidos dentro das fases de The Inner Friend, eles são como memórias; ao coletá-los você irá preencher partes de um dormitório, que são como representações das coisas ou momentos importantes para essa pessoa. Aqui a interpretação também será livre.
Um dos pontos fracos deste jogo é a baixa dificuldade. Tudo bem que a proposta é vivenciar a experiência e interpretar a narrativa, mas após temer as criaturas e perceber que para derrotá-las basta resolver um quebra-cabeça ou fugir dos mesmos de uma maneira bem simples, a sensação que fica é de que faltou ideias mais elaboradas para estes momentos.
A jogabilidade é bem simples, nosso personagem anda, pula e possui um comando de interação que tanto serve para movimentar objetos, quanto para se comunicar com a sombra. O problema é que não há muito com o que interagir neste mundo. Percorremos por cenários relativamente grandes, mas que poucas vezes possui interações.
No início de The Inner Friend, antecedendo as fases há um local onde o personagem está ‘caindo’. Conforme a queda, vários cenários vão se formando abaixo e em cada uma delas somos transportados para uma fase. A impressão que tive é de que haveriam muitas fases e que não teria uma ordem correta para acessá-las; achei interessante, mas fui tapeado.
Esse ambiente funciona apenas para complementar a interpretação narrativa. A ordem das fases será a mesma independentemente de onde você for pousar e infelizmente o que aparentava ter muitas fases, na verdade são poucas e de curta duração.
The Inner Friend tem uma narrativa profunda e aberta para várias interpretações. Isso faz dele um título envolvente e realmente interessante. A ambientação é bem construída, com a trilha sonora e os bons gráficos proporcionando uma experiência bastante instigante. Contudo, é inegável que faltou maiores desafios, maior quantidade de fases ou que, ao menos, fossem mais complexas.