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Lançado em 2018 para o PS4, PS Vita e Switch no Japão, The Liar Princess and the Blind Prince finalmente ganha sua localização para o ocidente – ao menos para o PS4 e Switch. Sendo uma produção da Nippon Ichi Software com localização da NIS America, o jogo tem suas familiaridades com htoL#NiQ: The Firefly Diary.

Loba em pele de princesa

Nossa história tem início quando uma grande besta sai das sombras de uma densa floresta cheia de criaturas sombrias em uma noite de luar. Tal besta é uma loba devoradora de homens, que em sua solitária vida nesta floresta amaldiçoada, cujo nenhum humano ousa entrar, canta nas noites para afastar os sentimentos de solidão.

Em uma dessas noites, após terminar seu cântico, a loba ouve um aplauso, e ao observar de cima do penhasco onde cantava, vê um pequeno garoto bem vestido que estava ali apreciando a canção. Era o pequeno príncipe de um reino próximo, que não parecia saber quem estava a cantar mas sempre aplaude ao final, até que um dia decide subir o penhasco para saber de quem é a voz.

Imagem do jogo The Liar Princess and the Blind Prince
Um pequeno conto.

Porém a loba, temendo que o príncipe se amedrontasse com tal presença e não voltasse mais para ouvi-la cantar, decide cobrir a visão do garoto com sua enorme pata, mas acaba acidentalmente desferindo um golpe em seus olhos com suas afiadas garras, consequentemente o cegando e fazendo com que o jovem caia do penhasco.

O garoto sobrevive, mas após retornar ao reino, a família real decide trancafiar o pequeno por achar que aquela situação seria de imenso constrangimento para eles e para o reino. Sabendo disso, a loba se sentindo imensamente culpada pelo ocorrido decide ajudar o príncipe a recuperar sua visão.

Assim, adquirindo o poder de se transformar em uma princesa, ela retorna ao reino e liberta o príncipe de seu cárcere e, ao ser questionada sobre quem era, mente para o jovem dizendo que era uma princesa de outro reino que ficou desolada ao saber da situação que o acometia.

Então, os dois iniciam uma longa jornada adentro da floresta amaldiçoada para ir ao casebre de uma bruxa e recuperar a visão do jovem príncipe.

Imagem do jogo The Liar Princess and the Blind Prince
A princesa loba.

Produção japonesa

Lembrando vagamente filmes como A Bela e a Fera e A Pequena Sereia com toques de misticismo e folclore japonês, toda a narrativa é apresentada em forma de um livro de histórias infantis, totalmente ilustrado e com direito até mesmo a uma narradora. Um ponto interessante para aqueles que gostam de jogos japoneses é que este, apesar de estar localizado para o inglês, possui uma narração totalmente em japonês.

Esse detalhe é bastante interessante, principalmente porque não é tão comum vermos essa opção disponível em jogos localizados para o ocidente. E mesmo que você não entenda a narração, toda a história está transcrita em inglês durante estes momentos de cutscenes – apesar da narração japonesa contar com mais detalhes. Porém, infelizmente não há nenhuma localização para o português, o que pode tornar a experiência desinteressante para quem não domina os idiomas disponíveis.

Este é o tipo de jogo para se apreciar sua história acima do gameplay – tanto que você pode pular as fases e acompanhar somente a história se assim desejar. Ele faz isso com louvor, com uma história que te envolve e faz querer saber como termina. Toda a atmosfera contribui para tal, com a trilha sonora, arte e narração.

Imagem do jogo The Liar Princess and the Blind Prince
A jornada se inicia.

Toda a arte foi composta a mão pelos designers da produção, que concretizaram uma vasta e rica concepção tanto para as cutscenes, mas principalmente para o gameplay, com cenários detalhados e muito variados. Realmente um primor de criação.

A trilha sonora é outro ponto que merece destaque. É comum jogos japoneses contarem com ótimas trilhas para acompanhar toda a atmosfera da produção, e este não é exceção. A aventura conta com uma trilha bem refinada e adequada, com arranjos que acompanham o ritmo da trama, causando emoções variadas dependendo do momento. É o tipo de trilha que sentimos vontade de ouvir até mesmo fora do gameplay.

No quesito gameplay, o jogo é bem simples, não apresentando nada de muito complexo, com comandos simples e mecânicas intuitivas, assemelhando-se muito ao título Dokuro nesse sentido. Em todas as fases, teremos de resolver puzzles que envolvem mecanismos – ou enigmas numéricos -, além de enfrentar criaturas sombrias que tentarão nos atacar.

Imagem do jogo The Liar Princess and the Blind Prince
Um presente para toda a vida.

Na forma de loba, podemos atacar os inimigos e não sofremos danos. Porém na forma humana morremos ao sofrer apenas um ataque, assim como o príncipe. Nosso dever é sempre protegê-lo, a qualquer custo. Para tal, podemos dar comandos para ele, como caminhar para alguma direção em um curto espaço ou carregar itens, como uma lanterna ou um bloco de pedra para solucionar algum puzzle.

Porém, algumas ações durante o gameplay por vezes passam a sensação de imprecisão, como por exemplo executar pulos ou aterrissar em algum plano inferior. Você não sente confiança de que aquilo irá resultar da maneira que você espera – e outras vezes você realmente morrerá assim.

Esses problemas de imprecisão se devem aos personagens flutuarem quando executam tais ações, logo eles não tendem a ter saltos precisos. É algo que de início pode exigir alguma adaptação a esse tipo de gameplay, mas nada que seja impossível ou inconveniente.

Imagem do jogo The Liar Princess and the Blind Prince
A mentira tem garras grandes.

Outro ponto que merece menção são os colecionáveis, pétalas de flores que podem ser coletadas durante as fases. Após coletar uma certa quantidade, serão desbloqueadas artes conceituais da produção. Também podemos coletar flores para presentear o príncipe, o que nos renderá partes do “Conto da Bruxa” (“A Witch’s Tale”), que fornecem mais detalhes sobre o passado da bruxa da floresta.

The Liar Princess and the Blind Prince é um jogo altamente focado em contar a sua história e talvez por isso não vá agradar a todos. Outro problema seria a falta de uma localização para o português que pode tornar o acesso a ele um pouco difícil, afinal se você não compreender a história, boa parte da essência do jogo é perdida. Porém, se você gosta de jogos focados em narrativa, experiências diferenciadas e principalmente produções japonesas, com certeza vale a pena dar uma conferida nesta.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024