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Após conhecer histórias e mitos de um povo nativo do Alasca através do jogo Never Alone, virei fã deste estilo, pois apresentam histórias que talvez eu jamais conheceria se não fosse por este meio. Seguindo o mesmo estilo, The Mooseman foi uma grata surpresa. A narrativa é sobre a mitologia de um antigo povo russo que até então era desconhecido para mim. Criado praticamente por dois desenvolvedores, o game é resultado de uma profunda pesquisa sobre a cultura e mitologias do povo Komi.

The Mooseman é uma aventura 2D com puzzles que possui belos cenários com artes pintadas à mão, uma narrativa misteriosa e trilha sonora cativante que proporcionam uma experiência envolvente, educativa e bastante interessante. Prepare-se para vivenciar uma bela jornada por vários ambientes enquanto descobre os segredos e os mitos desta cultura.

Pinturas rupestres ganham vida

Segundo a mitologia do povo Komi, o mundo foi criado através de uma casca de ovo por Yen. Este mundo possui três camadas: nas profundezas do mar se localiza o mundo inferior; acima das altas montanhas está o mundo superior, onde habitam os antigos deuses; e o mundo médio, onde os homens habitam e por onde iniciamos nossa jornada. Nosso personagem deixa seu grupo e segue em uma espécie de expedição, explorando ambas as camadas deste mundo e desta forma progredimos na narrativa enquanto conhecemos algumas crenças deste povo.

Imagem do jogo The Mooseman
Há momentos em que as pinturas podem nos assombrar.

O protagonista possui uma espécie de visão espiritual que possibilita descobrir mais sobre a cultura, revelando áreas e personagens ocultos ao olho normal. A visão também ajuda na solução dos puzzles e por vezes revelam caminhos alternativos que nos levam a coletáveis, Acionando essa habilidade os cenários se transformam em locais incríveis e muito bonitos, destacando as belas artes rupestres e os demais personagens que são como espíritos.

Há diversos coletáveis espalhados pelas fases e cada um deles são artefatos reais deste povo com representações de pessoas e animais mitológicos. Houve até mesmo o trabalho de mencionar de onde foram tiradas tais imagens e informações, o que ajuda a enriquecer a credibilidade da narrativa. Muitas vezes parei o jogo para admirar os artefatos, pois suas artes me instigaram a observar e tentar entender suas representações.

Imagem do jogo The Mooseman
As cenas são tão belas que causam arrepios.

Os desafios requerem observação

A narrativa é contada pelas artes rupestres que maravilhosamente ganham vida quando usamos a visão espiritual e através de antigas colunas que encontramos espalhados pelo ambiente. Ao passarmos por elas, desbloqueiam mensagens que contextualizam a fase ou desafio em questão, que também servem como pontos de salvamento para o jogo.

A jogabilidade é bastante simples e por vezes pode parecer um pouco entediante. Há até mesmo uma opção para deixar o personagem caminhar automaticamente. Isso porque o foco é justamente curtir a experiência e descobrir os segredos da mitologia. Mesmo assim há alguns inimigos e até chefões, porém sem combates: tudo é resolvido com soluções para os quebra-cabeças, reforçando que este jogo requer mais observação do que ação.

The Mosseman se torna uma experiência ainda mais rica e interessante porque algumas mensagens e locuções estão em língua Perm, nativa do povo Komi, e conta até mesmo com músicas folclóricas que são cantadas por estudantes da região. Infelizmente compreender a narrativa não é tão fácil, já que muitas mensagens foram escritas em forma de poemas e não há legendas em português. Mesmo assim vale a pena encontrar um bom tradutor e tentar entendê-las.

Imagem do jogo The Mooseman
São tantos momentos incríveis que é difícil escolher um favorito.

A Morteshka demonstrou tanto carinho por este projeto e pelos Komis que o lançamento do jogo na Steam ocorreu na mesma data em que é comemorada o dia da língua permiano na região.

The Mooseman sem dúvidas proporciona uma bela experiência, mesmo sendo curto e possuindo alguns problemas técnicos, além de comandos desnecessários através do touch do controle do PS4. Ainda assim, com toda sua simplicidade, é uma bela homenagem à este povo pouco conhecido e uma forma de mostrar ao mundo suas histórias.

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