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Ainda me lembro de como The Surge acabou traindo a minha expectativa, por evoluir a proposta de Lords of the Fallen e apostar num cenário futurista. Ter um roguelike em um ambiente distópico, todo hightech e com uma pegada ao melhor estilo Exterminador, ou até mesmo um quê de Transformers, acabou me comprando desde o início. No fim, com o lançamento do jogo, percebi que a Deck13 não conseguiu entregar o que prometeu e o jogo acabou caindo no esquecimento dos fãs que curtem um bom “jogo estilo Souls”. Mais de um ano depois e após três DLC, um novo conteúdo chega para tirarmos a poeira desse jogo e instalarmos novamente, para testarmos se vale a pena controlar Warren e enfrentar as máquinas sanguinolentas que invadiram as instalações da CREO.

Com uma nova proposta e explorando o que existia de melhor no jogo original, The Good, the Bad and the Augmented chega para pegar o hype de Red Dead Redemption 2 e apostar num cenário completamente inusitado. Mais itens customizáveis e novas armas são o chamariz desse título que pelo visto insiste nos mesmos erros. Será que vale a pena voltar ao Velho Oeste para deixar os bandidos de lado e matar mais máquinas?

The Augmented? Será?

Este novo conteúdo de The Surge parece não se encaixar muito bem e a desenvolvedora Deck13 parece não saber muito como trabalhar com a franquia. Afinal, The Surge 2 foi anunciado, enquanto uma edição definitiva do primeiro jogo foi lançada sem todos os DLC. Além dos conteúdos gratuitos já lançados (“Fire and Ice Weapon Pack” e “Cutting Edge Pack”) e ao contrário de “A Walk in the Park”, que se concentrava em adicionar um novo mapa e um novo chefe, “The Bad, the Good and the Augmented” foge dessa proposta de ampliar o lore e foca apenas na jogabilidade. Talvez por isso não sei se o “Augmented” no título dessa expansão se encaixe conforme a expectativa do público.

Imagem do jogo The Surge - The Good, the Bad and the Augmented
Welcome, stranger!

Se resgatarmos o review que tive a oportunidade de fazer em 2017, podemos perceber que nada mudou de lá para cá. Ainda temos os problemas na movimentação, câmera e hitboxes que fazem do combate algo árduo e muitas vezes chato. Baixa variedade de inimigos e seus comportamentos, reservando somente aos chefes os melhores momentos do jogo. Isso sem contar a exploração desinteressante pelos cenários e a história fraca que envolve tudo isso. Com a chegada do primeiro DLC, A Walk in Park, a desenvolvedora apostou onde mais acertou até então: mais itens para customização, novas armas e um excelente chefão.

Tirando a minha baixa expectativa, por conta da frustração que tive com The Surge, o lançamento de “The Good, the Bad and the Augmented” realmente me impressionou. Simplesmente por deixar de lado a tentativa de ser um novo Dark Souls, agora temos um jogo completamente desbalanceado e que se propõe em oferecer mais combate com um único objetivo: presentear os jogadores com novos itens para o seu personagem.

The Bad? Nem tanto…

Esqueça as instalações da CREO. Agora você deverá levar Warren até os Laboratórios de Qualidade para enfrentar as câmaras de testes criadas pelo Dr. Rischboter. Com arenas pequenas e delimitadas, com uma menor quantidade de inimigos para enfrentar, eliminando a exploração gratuita em ambientes genéricos e tendo um desafio maior a cada final de capítulo, o novo conteúdo aposta em customização. Você poderá alterar a gravidade, velocidade, adicionar filtro antigo, deixar inimigos invisíveis, eliminar itens de cura, etc. São 16 possibilidades disponíveis para serem combinadas e você ir desbloqueando os prêmios; a cada escolha de mudanças no gameplay, mais difícil o desafio será e melhor será o item de recompensa.

Imagem do jogo The Surge - The Good, the Bad and the Augmented
Nove capítulos e muitos desbloqueáveis para usar no modo história.

Sem a grandiosidade dos chefões que o jogo original consegue entregar, aqui temos apenas desafiantes. Quase como uma simulação de caubóis se enfrentando em uma batalha de vida ou morte, você deverá completar os desafios de cada câmara e sobreviver ao último combate. São nove capítulos, com três níveis de dificuldade, e diversos prêmios que vão dar uma sobrevida ao modo história, com novas armas e visual para o seu personagem. Afinal, quem não quer usar um chapéu de caubói reluzente para enfrentar máquinas sanguinolentas? O único problema aqui é que se o dano dos inimigos já parecia estar meio desbalanceado, enfrentar as câmaras no modo mais difícil fará você chorar sangue pela dificuldade e a habilidade exigida.

Imagem do jogo The Surge - The Good, the Bad and the Augmented
Mecânica das moedas auxilia os menos experientes no gênero Souls.

O mais interessante fica por conta de algumas mecânicas interessantes. Cenários em que o sol causa dano em você e nos inimigos, favorecendo uma boa pitada de estratégia, além de alguns mini-puzzles que exigem um pouco de raciocínio para quebrar a matança desenfreada, em que você precisará levar inimigos até certo ponto, interagir com o cenário para abrir passagens, escapar de armadilhas, etc. Além disso temos uma “colher de chá” para os jogadores, em que você terá até três moedas para encontrar nas fases e gastar como vidas, retornando para o combate ao invés do “Game Over”. Para cada uma que você conseguir guardar, um bônus extra será adicionado aos seus itens no final de cada fase. Porém, ao morrer pela quarta vez, tudo será perdido e você precisará começar do zero. Ao final de tudo, com os chefões sendo vencidos (que eles são os verdadeiros desafios desse DLC) e você sobrevivendo, todos os espólios serão seus para utilizar no modo história. E aqui está um bom e positivo ponto de tudo isso: facilitar sua jornada pela CREO com armas que sobrepõem o desbalanceamento entre o seu personagem e os inimigos!

The Good? Talvez!

Confesso que The Surge ainda não me atrai como Dark Souls ou qualquer outro roguelike que tenha nascido a partir dessa inspiração. Acho que o jogo da Deck13 ainda carece de carisma e personalidade. No entanto, o novo DLC me fez enxergar o jogo de outra maneira e conseguiu conquistar um bom tempo de jogo, principalmente pelo desafio. Afinal, você já sabe que será jogado em uma arena mortal e deverá sobreviver. O que ainda falta, na minha opinião, é ver uma justificativa para voltar para esse universo distópico a lá Dark Souls, já que nem a desenvolvedora aposta mais no que foi construído até então.

Imagem do jogo The Surge - The Good, the Bad and the Augmented
O futurismo dá lugar ao Velho Oeste até na customização de Warren.

Novamente no papel de Warren, percebemos que realmente os cosméticos acabam atraindo os jogadores. Adicione uma boa dose de desafio e muita paciência dos jogadores para perceber que até mesmo os jogos que caem no esquecimento conseguem certa sobrevida. Talvez os cinco capítulos não sejam o suficiente para nos manter entretidos por muito tempo, mas com certeza tempo suficiente para o lançamento do segundo jogo. Infelizmente, após dois packs gratuitos de armas, agora você precisará pagar para vestir seu personagem de caubói e enfrentar inimigos que foram reciclados para essa continuação que, em certo ponto, parece improvisada. Ao que parece, tudo para embarcar no trem do hype de Red Dead Redemption!

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