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Parece que foi ontem que botei as mãos pela primeira vez em Diablo 3. Na época, acabei pegando a edição Reaper of Souls de PlayStation 3. Acredito que foi um dos jogos no qual o multiplayer mais me cativou. Fiquei tão apaixonado pelo título que comprei-o novamente na nova geração, fechei mais algumas vezes e até hoje tenho meus queridos personagens guardados na minha memória e na do meu aparelho.

Quando vi que Torchlight II, que segue o mesmo estilo, chegaria nos consoles, foi um brilho imediato nos olhos. Sei que não se tratam de jogos rivais como Mortal Kombat e Street Fighter, mas ambos os RPG são aclamados pelo público e a espera de sete anos devia valer a pena, certo? Lançado para PC em 2012 e chegando apenas agora para PS4, Xbox One e Nintendo Switch, o game talvez tenha aterrissado tarde demais na nova geração.

O conflito de gerações

Torchlight II e Diablo 3 seguem praticamente o mesmo padrão. Você cria um personagem, dita qual será a sua classe e se aventura por um mundo dominado por monstros e demônios em busca da sobrevivência humana. Os mapas, vistos de cima, te levam do ponto A ao ponto B, com exércitos soltos em busca do seu sangue e cheios de masmorras espalhadas por ele. Enfrente o boss, pegue os prêmios e volte à cidade que funciona como hub para a próxima missão.

A Panic Button, responsável pelo port, transportou exatamente a experiência do começo da década para a atual geração, o que traz alguns estranhamentos. O primeiro é mais do que claro: Torchlight II não envelheceu muito bem. Gráficos não são um bom parâmetro hoje em dia, mas duvido que haja um que não levante aquele olhar de julgamento enquanto joga o título. Além disso, a jogabilidade se mantém tão dura quanto era naquela época, com lentidão nos movimentos do personagem e uma má performance quanto há muitos monstros na tela.

Imagem do Review de Torchlight II
A cidade de Torchlight é o hub onde se fará tudo no jogo.

Este último item é crucial para que o jogo fosse aproveitado ao máximo. A ideia principal é você se aventurar numa área aberta repleta de monstros que vão te atacar ao mesmo tempo e ter força suficiente para enfrentá-los à altura. Mesmo sabendo que você é forte o bastante, esta performance mais lenta te faz temer a todo momento uma possível derrota. Um piscar de olhos e sua barra de vida, que estava cheia, já está menos que a metade, por exemplo.

Sendo sincero, eu sei perfeitamente que isso não foi um problema na época e que este é um port feito para manter essas características. Porém, vamos botar as cartas na mesa que alguns jogos são datados demais e que não tem uma forma bacana de adequá-los aos aparelhos atuais sem pequenas alterações. Na era em que estamos, cheios de remasters, vários não são bem-recebidos justamente por isso. Não  analisar estes fatores e driblar a mecânica para melhorar são um costumeiro tiro no pé.

Imagem do Review de Torchlight II
Se não se cuidar, quem estará no chão será você.

Pessoal, não me entendam errado, o jogo não é ruim. Entretanto, é um título de 2012 sendo lançado em 2019, exatamente da mesma forma. Alguns títulos ficam a salvo da ação do tempo, infelizmente não é este o caso. Conforme avança, você sente as limitações, os movimentos bruscos, as repetições de padrão em cada área ou dungeon e percebe o quanto aquilo está fora do lugar. Falando de forma mais precisa, fora de época.

Prontos para a quest?

Torchlight II começa exatamente onde o primeiro terminou, com o Alquimista destruindo a cidade que dá nome ao jogo, em sua busca incansável pelo Âmbar. A partir disso, novos campeões surgem para impedir ele de drenar toda a energia dos elementais. São quatro classes bem distintas, mas bem-equilibradas e o jogador não sentirá muita desvantagem, independente de por qual opte. A personalização não é tão ampla, mas isso acaba não sendo tão relevante durante o jogo.

Um dos pontos altos aparece logo após você personalizar o seu guerreiro, que é a possibilidade de carregar consigo um animal de estimação. Da mesma forma que um mago carrega um familiar, este vai te ajudar no combate e te acompanhar por toda a viagem. Você inclusive pode entregar itens para ele vender na cidade enquanto está em alguma masmorra ou área aberta, para não precisar parar no meio da ação.

Imagem do Review de Torchlight II
A melhor parte de montar o personagem é seu pet.

Assim como Diablo, seu inventário segue uma quantidade limitada de itens que pode carregar e alterar seu equipamento também muda como vê o personagem. A árvore de habilidades é outro grande destaque que merece ser exaltado aqui. Com variações entre artes de ataque, defesa e da sua classe, você consegue criar algo único conforme sua estratégia. Jogando como Engenheiro, a quantidade de maquinários e seus diferentes usos me cativaram.

As áreas abertas e as masmorras têm tudo que um fã de RPG deseja. Desde demônios aprontando pelas florestas, aranhas e morcegos escondidos em cavernas, tribos fazendo rituais ou esqueletos de antigos piratas em zonas costeiras, esses oponentes são um prato cheio. Porém, não se engane pela lógica: alguns brutamontes podem ser abatidos facilmente, enquanto outros dos menores te causam uma quantidade absurda de dano.

Imagem do Review de Torchlight II
As dungeons são bem-ambientadas e trazem muitos monstros.

Quanto ao enredo, também não precisa se preocupar muito com ele. Você passa tanto tempo explorando as áreas, aprendendo mais sobre o mundo do jogo e da sua natureza, que ele se torna apenas um detalhe no meio da jogatina. Você vai para a cidade central, pega uma missão, parte para explorar. No meio das áreas há outros personagens que podem te dar mais missões paralelas e te levam a conhecer ainda mais do que Torchlight II tem a oferecer.

Um prato cheio, mas não vá com fome

Apesar de ter um mapa bem amplo e bastante coisas para ver, é possível passar por tudo ainda na primeira vez que fechar o game. Assim que finaliza, você tem um New Game Plus e um modo hardcore para quem quiser ser desafiado, mas não espere ver algo de muito diferente nisso. O fator replay vai depender do quanto você deseja buscar alguns itens raros que não conseguiu por qualquer razão ou do quanto quer voltar a enfrentar certos chefões.

Imagem do Review de Torchlight II
Você voltará a jogar só pra conferir se aquele boss dropou o item desejado.

Para quem esteve esperando até hoje para colocar as mãos em Torchlight II e provar mais uma vez a fórmula que Diablo trouxe aos consoles, o título é um prato cheio para os fãs do gênero. Porém, não vá com tanta expectativa. Sem trazer nada de diferente e por estar datado de seu lançamento no início da década, ele é um bom jogo para jogar com os amigos ou para uma tarde/madrugada de games com eles, nada que vá muito além disso.

Por estarmos carentes desse gênero, principalmente os donos de Switch que só têm ele e Diablo III: Eternal Collection disponíveis, ainda vale pegá-lo e se divertir enquanto explora as enormes áreas tentando impedir o Alquimista de completar seu plano maléfico. Crie seu personagem, pegue o seu pet e comece as suas aventuras num dos maiores clássicos da geração passada e que trouxe ainda mais fãs para a nossa base.

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