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Luz e trevas sempre serão os extremos mais clichês para representar um simples confronto entre o bem e o mal, mas a quantidade de histórias que ainda podem ser criadas em volta dessa temática (que já foi explorada incontáveis vezes nos games e em outras mídias como cinema e literatura) continua a surpreender. Towaga: Among Shadows é mais um jogo que bebe dessa fonte.

Até um tempo atrás exclusivo de Apple Arcade, o jogo agora também se encontra disponível na Steam e no Nintendo Switch. Assim que você começa a jogar, não vai demorar muito para perceber que Towaga não é minimalista somente em seu enredo de luz e trevas, mas em cada aspecto possível. Também não demora muito para perceber que você está viciado naquele minimalismo todo e não quer mais parar de jogar.

O último portador da luz

Quando eu digo que o jogo é minimalista, tudo já começa pela história. Muito pouco (para não dizer nada) nos é falado; ao iniciar um novo jogo, você apenas conhece o vilão principal – um ser das trevas chamado Metnal – e presume que foi ele quem afundou aquelas terras em escuridão e espalhou aquela legião de criaturas sombrias por aí. Logo em seguida somos apresentados ao nosso protagonista, uma espécie de xamã chamado Chimù e aparentemente o único ser capaz de manipular a luz naquele mundo.

Se você já começar a jogar esperando saber mais, recomendo que não deposite suas expectativas no enredo. O jogo tem mais de 70 fases e só teremos alguns diálogos nas que enfrentamos chefes – e nem é nada tão revelador assim! A verdade é que ele já apresenta tudo que devemos saber logo de cara: você é o último portador da luz e deve salvar seu mundo das criaturas das trevas, e só.

Ao todo são cinco mundos para iluminarmos.

Você pode se espantar com a quantidade de fases do modo história, mas o modo como o jogo funciona também é muito simples, então todas essas 70 fases duram entre três e quatro horas. Não se trata de um jogo de plataforma ou um run and gun, mas de um shooter em que você nem mesmo movimenta seu personagem, apenas aponta a direção que quer atirar e faz de tudo para sobreviver.

O jogo é dividido entre fases terrestres e fases aéreas. Nas terrestres utilizamos apenas o analógico direito para apontar a direção em que Chimù deve atirar seus raios de luz enquanto nas aéreas podemos movimentá-lo livremente pelo cenário, deixando as coisas um pouco mais dinâmicas e um tanto mais divertidas. Ainda contamos com uma magia que pode ser ativada a qualquer momento (desde que tenhamos pontos de magia para gastar), então basicamente é um jogo em que só utilizamos dois botões.

Aprendendo com os erros 

Apesar de ser uma fórmula que segue intacta do início ao fim, Towaga: Among Shadows ainda consegue estimular evolução e criar uma onda de aprendizado. No início os inimigos são fracos e não possuem nenhuma habilidade especial, mas a cada fase vencida, novas criaturas vão aparecendo e cada uma delas ataca do seu próprio modo: algumas atiram projéteis, outras se explodem e por aí vai.

Hello darkness, my old friend…

Não demora muito para o jogo te mostrar que, se não fizer bom uso das magias e não criar uma estratégia específica para cada fase, você não vai chegar longe. O design dos inimigos é outro fator que colabora com a dificuldade, pois todos são muito parecidos e não dá para diferenciar cada um com nossa visão periférica, ou seja: você vai morrer muito.

Porém, esse é um fator intencional do jogo. Mesmo morrendo, quanto mais jogamos, mais orbes de luz conseguimos, esses que podem ser usados para fazer upgrades em Chimù. Sendo assim, seus fracassos não te impedirão de aumentar sua vida, o dano do seu raio de luz e até o poder de suas magias e, eventualmente, você vai conseguir superar aquele desafio sem suar. Ainda assim, a dificuldade é bem balanceada e esses upgrades não deixam nosso personagem overpower demais, então não espere que o jogo se torne “mamão com açúcar”.

Além do modo história, você também pode testar suas habilidades no modo sobrevivente ou no modo vôo. Ambos são infinitos e te colocam para enfrentar várias ondas de inimigos em uma fase terrestre ou voando. A desvantagem é que esses modos são apenas para jogadores avançados que já possuem a maioria dos upgrades (que são carregados aqui); caso contrário, é bem provável que você não consiga sobreviver nem à primeira onda – é difícil mesmo!

Os modos infinitos não são brincadeira.

Um outro adendo legal é a possibilidade de jogar contra seus amigos em multiplayer local. O modo versus pode ser jogado em até quatro jogadores e no Switch isso fica especialmente melhor, pois como o jogo utiliza poucos botões, não perdemos nenhuma função ao dividir o par de Joy Cons.

De tudo que foi dito até agora, tem que ter pelo menos uma coisa que não é simples demais nesse jogo e isso fica disparado a cargo do estilo gráfico. O visual é belíssimo e lembra muito animações como Samurai Jack. Ainda que os inimigos sejam muito parecidos, todo o cenário é muito colorido e cheio de detalhes. A trilha sonora também é legal, só que achei o volume das músicas muito baixo, mesmo jogando com fones de ouvido. O som dos efeitos acaba se sobressaindo às músicas o tempo todo, não deixando muito espaço para apreciação.

Towaga: Among Shadows é o tipo de jogo que sempre aparece em promoções aleatórias da eShop e deixa os donos de um Switch bem satisfeitos. Ele é simples, divertido e viciante e ainda estende sua duração com diferentes modos de jogo. Não pense demais, apenas vá enfrentar as trevas mais uma vez!

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024