Skip to main content

Transformers: War for Cybertron foi chamado durante algum tempo antes de seu lançamento de o “Arkham Asylum de 2010″. Essa expectativa vem de similaridades, como os games serem construídos em cima da Unreal Engine, estarem sendo desenvolvidos por produtoras sem muita expressão e, principalmente, por serem lançamentos que prometiam mudar a tradição de produtos medianos ou mesmo esquecíveis desses personagens. Sim, Batman teve jogos bons principalmente nas eras 8 e 16 bits, mas os guerreiros de Cybertron não tiveram nada digno de nota.

O ânimo em torno do título de ação em 3ª pessoa da High Moon Studios estava alto principalmente pelo fato de que ele não se baseava em nenhum dos recentes filmes, mas sim nas histórias anteriores aos desenhos dos anos 80, que nos apresentaram a primeira geração de Transformers, a chamada G1. Sendo um título calcado em material rico e de certa forma ilimitado, qual o resultado deste novo game?

Pra começar, a trama: aqui a história trata da guerra civil travada em Cybertron, em um momento em que o líder dos Decepticons, Megatron, descobre um forma de usar o Dark Energon, uma fonte de energia poderosa, mas igualmente perigosa e corruptora, e cabe a Optimus Prime e aos Autobots impedir o maluco. Até aí, nada de novo. Mas como se foi dito, os eventos se passam muitos e muitos anos antes das aventuras da primeira série de desenhos. Ou seja, nada de humanos ou menção ao planeta Terra.

Isso abre um grande espaço para certas histórias serem exploradas, como mostrar de que maneira personagens que antes eram Decepticons viraram Autobots (e vice-versa), contar o que levou Optimus a virar líder e a origem da Matriz da liderança, um ótimo prato para os fãs. É interessante notar que a Hasbro, dona dos direitos sobre a marca, canonizou a história do game – o que é dito durante o jogo faz agora parte da história oficial.

À primeira vista, o que chama a atenção é sem duvida a direção de arte. Nos cenários, por exemplo, temos o fato de que estamos em Cybertron, um planeta alienígena completamente feito de metal e com uma ambientação totalmente robótica. Através das campanhas o jogador é levado a vários cenários diferentes, como laboratórios, bases militares e prisões.

Apesar desses diferentes ambientes, não há aqui uma identidade gráfica que ajude a definí-los, que crie uma sensação de “diferença” conforme avançamos pelas missões. Você tem sempre a sensação de estar passando em lugares com a mesma cara, com o mesmo “look and feel“. Como uma palheta de cores metálicas, banhadas por sombras e salpicadas por tons frios, é uma constante desde a primeira hora de jogo até o último chefe, dando a impressão de que não há sol em Cybertron. O planeta onde a aventura se passa é um lugar que qualquer fã de Transformers gostaria de conhecer e, apesar da falta de variedade nos ambientes, ele oferece uma atmosfera digna de um planeta povoado apenas por robôs.

Enquanto os cenários poderiam ter sido um pouco mais bem trabalhados, seria uma mentira dizer o mesmo sobre os modelos dos robôs. É notável o trabalho que a High Moon Studios fez, equilibrando o visual dos personagens ao mesclar traços de suas versões antigas com um design mais moderno. Todos eles têm uma cara nova, mas ainda sim facilmente identificável com aqueles robôs com que convivemos na infância.

Bumblebee tem uma “carapaça” totalmente nova, mas ainda sim possui a característica cor amarela e os clássicos chifrinhos do desenho dos anos 80. O mesmo vale para Starscream, que possui um corpo novo e diferente daquele que conhecemos, porém ainda é um robô que se transforma em caça, além de sua cabeça em forma de cubo. Não é apenas a reimaginação do design que fica de parabéns, mas também todos os pequenos detalhes de cada corpo robótico, tanto de Decepticons quanto de Autobots, com todos os seus modelos únicos para cada um dos quase 18 personagens disponíveis na campanha singleplayer.

Decepticons têm linhas mais agressivas e agudas vindo em cores acinzentadas enquanto os Autobots são mais quadradrões e possuem cores mais vivas, como o vermelho de Optimus e o amarelo de Bumblebee. Os detalhes também se notam em pequenas partes dos corpos dos robôs que estão em constante movimento, como as rodas que ficam nas costas e partes das armas que estão sempre se auto-ajustando, dando a impressão de seres com organismos robóticos.

Outro detalhe é o tipo de ataque corpo a corpo que cada um dos Transformers possui, que variam de armas como machados e espadas até martelos de guerra e maças com espinhos. E, é claro, adicionando à variedade não poderiam faltar as formas de veículos, existentes em quatro tipos: aviões de caça, tanques, caminhões e carros, que diferem na movimentação, velocidade e tipo de tiro.

Imagem do jogo Transformers: War for Cybertron

Falar de jogabilidade em um jogo dos Transformers remete a tratar primeiramente sobre o fator da transformação de robô para veículo e vice-versa. Felizmente, aqui ele é feito de forma bem tranquila. No apertar da alavanca direcional (no caso do controle de Xbox 360) seu Transformer vai de sua forma bípede a de veículo, com uma animação de transição bem suave na maioria dos casos, e com a ausência do morphing. Este é um efeito – ou defeito – que ocorria muito nos desenhos antigos, no qual uma grande parte da massa dos corpos dos robôs aparecia e desaparecia como mágica na hora da transformação. Quem não se lembra do Megatron, um robô humanoide gigante que virava uma pistolinha?

T:WFC é basicamente um shooter, no qual você navega por cenários eliminando os inimigos antes que eles te eliminem. Não há um sistema de cobertura e a sua vida é uma barra de energia, sem nada como telas vermelhas e mecânicas de auto-regeneração. No começo de cada estágio você escolhe entre três personagens, sendo que cada robô pode carregar até duas armas que, apesar de terem nomes e designs apropriados para o universo Transformers, são basicamente metralhadoras, escopetas e lança-mísseis.

Além das armas, na forma robô cada personagem tem uma combinação de duas habilidades, que depois de usadas precisam ou de um tempo para serem utilizadas novamente ou de uma certa quantidade de Energon, conseguido quando inimigos são derrotados. Essas habilidades variam entre corridas curtas (dash), escudos temporários que te protegem de projéteis, invisibilidade e o poder de convocar um robô-sentinela para te ajudar.

Os controles tem uma ótima resposta, principalmente no que se diz respeito às transformações, que muitas vezes são cruciais nos momentos de ação. Isso se dá porque as suas reservas de munição costumam acabar rapidamente, então prepare-se para no meio das batalhas se transformar e usar as armas de cada veículo. O sistema de mira parece não exigir muito do jogador; muitas vezes não é necessário mirar de forma precisa para eliminar adversários, dando a impressão de que o jogo se baseia no sistema de matar para não morrer antes.

Imagem do jogo Transformers: War for Cybertron

Como não há nenhuma mecânica de cobertura ou coisa do tipo, não existem elementos que ajudem a formar algo próximo de uma estratégia. Mesmo com as transformações e as habilidades oferecendo alguma profundidade, elas não são suficiente para mudar o fato de que a ação não é nada mais do que atirar e atirar.

A história em T:WFC é contada em 12 capítulos, que são divididos em duas campanhas, sendo uma a dos Decepticons e a outra dos Autobots. Apesar do jogador poder escolher com qual das aventuras quer começar, a ordem cronológica tem início com a parte dos Decepticons, em que Megatron e seus soldados conseguem dominar o Dark Energon e botam os Autobots a ponto de perder a guerra. Já a segunda campanha mostra o contra-ataque Autobot, liderados por um Optimus que ainda vai se tornar o Prime que conhecemos, tentando salvar Cybertron da corrupção criada pelos Decepticons.

Basicamente, todos os capítulos do modo singleplayer mostram uma estrutura igual entre si, e isso sem dúvida é a maior fraqueza do componente solo de todo o jogo, pois a falta de variedade é o que reina aqui. Pode-se afirmar que a aventura toda se baseia em o jogador se deslocar do ponto A ao ponto B, destruindo inimigos e acionando dispositivos. As partes em que é necessário se transformar em veículos são raras e, como foi dito, a não ser que você esteja sem munição na sua versão robô não há motivos para se transformar no meio da batalha.

Não há puzzles nem momentos nos quais se possa escolher entre mais de um caminho ou ação. O percurso do jogador é direto e reto, sempre atirando e atirando, com eventuais diálogos e com alguns chefes que, apesar de terem seu grau de desafio, não são suficientes para dar uma variedade substancial.

Também é notável que não há nenhum tipo de customização dos seus personagens no modo singleplayer. Era de se esperar já que estamos jogando com robôs, mas que houvesse algum tipo de upgrade para eles, como uma barra de vida maior ou mais munição. Existe também uma falta de variedade nos tipo de inimigos que você vai enfrentar. Em certos momentos haverá inimigos invisíveis ou alguns que são chamados de Brutes, que carregam escudos gigantes e podem ser atingidos apenas pelas costas. Mas na maior parte do tempo seus oponentes são soldados genéricos que atiram sem usar estratégia, são apenas pedaços de metal vindo na sua direção.

Imagem do jogo Transformers: War for Cybertron

Na parte multiplayer temos os modos já esperados, como Deathmatch, Team Deathmatch e Conquest, que se baseia na captura de pontos pelo mapa. Neste aspecto, T: WFC se assemelha muito aos outros jogos do mercado, em que conforme o jogador avança em níveis vai abrindo novas armas, perks e killstreaks. A diferença é que você pode configurar a aparência dos seus robôs, destrancando novos chassis e criando sempre uma casca diferente para seus personagens. Há mais outro modo chamado de Escalation que se assemelha ao modo Horde de Gears of war 2, no qual três jogadores são colocados contra ondas e mais ondas de inimigos. Os pontos ganhos podem ser gastos em aumento de energia, armas melhores e para abrir novas áreas do mapa.

O componente multiplayer traz lembranças da época dos jogos Unreal Tournament, não apenas por causa da sua engine, mas também pela sua ação frenética, temperada com a possibilidade dos personagens se transformarem em veículos e iniciarem verdadeiros pegas ou batalhas aéreas durante as partidas. Apesar do modo multiplayer tomar emprestado vários detalhes vistos em outros games, ele possui identidade suficiente para se tornar um elemento extremamente positivo dentro do jogo.

Apesar de ser necessário analisar todos os detalhes técnicos e artísticos, um jogo do universo Transformers baseado diretamente na mitologia dos desenhos dos anos 80 é necessário para qualquer fã. Há aqui pequenos detalhes que vão fazer os corações dos amantes dos robôs explodirem de alegria. Alguns exemplos: ver quando Bumblebee e Optimus se encontram pela primeira vez ou enfrentar Soundwave e seus mini-asseclas, Frenzy, Rumble e Laserbeak. Agora, sem dúvidas, o melhor momento de todos é ouvir Optimus Prime (com a voz clássica de Peter Cullen) comandar “Autobots roll out!!!“, se transformar em veículo com aquele som característico, absolutamente sem preço.

Transformers: War for Cybertron é um ótimo jogo. Ele tem uma campanha que pode durar até dez horas, a melhor jogabilidade vista em um jogo com esses personagens e uma parte gráfica e sonora muito boa e competente. Não apenas isso, mas temos de levar em conta também um multiplayer duradouro e a possibilidade de jogarmos a aventura principal em co-op, o que aumenta a duração do título. A única real ressalva fica em relação aos objetivos e ao ritmo da campanha, que são rasos e quase sem nenhuma variedade. Isso pode deixar jogadores um pouco entediados, mesmo com toda a ação que rola durante o jogo. Mas, ainda assim, ele é indicado para quem gosta de ação e principalmente para os fãs dos robôs de Cybertron.

Review – Fallout: 1ª Temporada

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.15/04/2024
Harold Halibut

Review – Harold Halibut

Carlos AquinoCarlos Aquino15/04/2024