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Utawarerumono talvez seja um dos nomes mais difíceis de pronunciar. No entanto, esse “palavrão” apenas colaborará para lembrar a todos como uma das mais importantes visual novels a chegar ao Ocidente e conquistar esse merecido espaço. Ao lado de Persona, Danganronpa, Phoenix Wright, Zero Escape e Clannad, Mask of Truth chega para encerrar uma franquia existente há 15 anos com muita emoção e surpresas que com certeza vão ganhar um lugar especial no coração de todos que estão acompanhando essa jornada desde o início de 2017, com Mask of Deception.

Depois das mais de 50 horas para chegarmos ao encerramento, totalizando nos dois títulos talvez 100 ou mais horas acompanhando Haku, Kuon e seus fiéis companheiros, fica aquela sensação agradável de uma história completa. Algo que pudemos acompanhar desde o início, mostrando uma evolução impressionante e que reservou o melhor da trama principal para essa segunda parte. Uma guerra civil nunca teve tantos acontecimentos capazes de manter o interesse de quem está jogando por tantas horas.

Um novo começo

Assim como Mask of Deception, Mask of Truth começa com um personagem sem memória. Ao contrário do que aconteceu com Haku, dessa vez Kuon acorda, no que parece ser um local desconhecido, e não se recorda dos últimos acontecimentos. Por uma escolha pessoal, não vou abordar os acontecimentos do primeiro jogo para evitar spoilers de quem quiser iniciar a jornada pela iminente guerra que o reino de Yamato vem sofrendo. Esse jogo se inicia alguns dias após os acontecimentos envolvendo Nekone, Oshtor, o General Imperial e Haku, em que Kuon decide retornar para Tuskuru, sua terra natal, e os demais personagens precisarão lidar com essa e outra notícia ruim. Os conflitos acerca de Anju, a jovem princesa real, o trono de Yamato e os já conhecidos (talvez nem tanto assim) Generais acabam se estendendo para Ennakamuy, terra natal de Haku, e deixam de ter apenas Tuskur e a Capital como foco.

O retorno dos personagens mais carismáticos dos últimos tempos

Você conhecerá melhor o mistério ao redor do Imperador e o verdadeiro poder das máscaras, já que no primeiro jogo isso acaba ficando mais para o final. Alguns rostos antigos voltarão a aparecer, porém com certeza três deles vão te surpreender por serem trabalhados como plot twist envolvendo Haku, Kuon e Anju. As verdades reveladas no primeiro jogo acabam sendo reforçadas pela narrativa que envolve Tuskur, a família de Kuon e também aborda a temática mitológica/religiosa da série que Tuskur escondia.

Mortes e sacrifícios serão necessários para que você consiga carregar o fardo apresentado no final do primeiro jogo, lutar para que a jovem princesa de Yamato consiga ocupar seu devido lugar e a paz finalmente possa reinar. Isso sem contar o objetivo de cada um dos personagens que acompanham a nossa jornada e seguem com suas determinações desde o jogo anterior, em busca de eliminar a ameaça da guerra civil.

Haku, Kuon, Oshtor e as gêmeas Saraana e Uruuru são os principais personagens dessa sequência e encerramento

A produtora Aquaplus foi impecável ao dividir a história em etapas, iniciada em 2002 com um jogo para PC, futuramente portado para PS2 e PSP, com uma adaptação para animê lançada em 2005. Isso tudo por você não precisar entender ou ter acompanhado os primórdios da série. Em parceria com a Atlus, a produtora conseguiu reservar em “Deception” uma sequência de acontecimentos obrigatórios para fundamentar as consequências de um reino em guerra, resgatando em “Truth” detalhes mostrados no jogo original e animê, como elementos narrativos que acontecem paralelamente e contribuem para o desfecho. Afinal não temos apenas um único personagem como principal vilão, até mesmo por elevarem o nível da ameaça ao panteão de divindades com a lenda de Uitsualnemetia, uma criatura gigantesca e mítica considerada um deus que usa a destruição para trazer paz. Em uma época de guerra, o verdadeiro vilão pode não ser um mortal, não é mesmo? Agora que conhecemos o poder mágico liberado pela Máscara Akuruka, tudo o que vimos até agora servirá para construir a luta final e termos os nossos heróis reunidos novamente.

Visual novel ainda mais completa

Me recordo que critiquei a forma como a Atlus divulgou Utawarerumono, como um JRPG e não uma visual novel, pois o primeiro jogo tinha um começo muito lento e com pouca interação. Já Mask of Truth otimiza o trabalho realizado anteriormente e acrescenta detalhes que contribuem consideravelmente para que esse seja um jogo muito melhor e mais completo. A história é impecável e possui um desfecho incrível que consegue superar o que vimos no primeiro jogo.

As várias dezenas de horas ainda possuem poucas batalhas, porém muito mais do que pudemos jogar no título anterior, e que servem como pontuações importantes para uma visual novel. Quase como um artifício para quebrar a calmaria da história que, mesmo com seus principais acontecimentos capaz de te deixar boquiaberto, ainda possui uma cadência baixa por trabalhar mais com ilustrações e não animações, as batalhas são respiros muito bem-vindos.

Novidades no sistema de batalha e novos modos de jogo

A Atlus se preocupou em otimizar a experiência de quem já esperava ansiosamente por esse lançamento. Para isso ela incrementou a batalha incluindo algumas novidades. Agora não temos apenas as sequências de ataque ou finalizações, mas também podemos contar com as Co-op Chain e Co-op Final; dois novos sistemas em que você utiliza dois personagens para participarem de ataques simultâneos para aumentar o dano causado no inimigo ou até mesmo alterar a animação quando executado alguma habilidade especial. Para executar essas duas novas opções de ataque, você precisa estar numa distância permitida e com a sua party escolhida corretamente. Nem todos os personagens possuem habilidade ou capacidade de participarem de ataques ou finalizações.

Além disso nós não podemos mais reclamar da quantidade de batalhas durante o jogo, pois em determinado momento da história você conseguirá desbloquear o modo Free Dream, Free Battle e Munechika’s Trials. São modos no estilo livre, arena e missões que servem para você aumentar os status e otimizar seus heróis. O que facilita bastante a questão de grind e a busca pelos Bonus Points (BP), para usar no progresso de cada personagem, é a novidade chamada Red vs. White em que sua party é dividida em dois e todos são colocados para batalhar uns contra os outros. Esse formato de “treino” também funciona muito bem, pois todos ganham BPs e temos uma opção para conhecermos melhor as habilidades disponíveis no grupo usado durante a história. Nessa sequência, a Atlus resolveu disponibilizar um glossário com todas as informações sobre o universo de Utawarerumono, para facilitar a vida dos jogadores mais curiosos pela a história.

Jogando um animê interativo

As várias horas de jogo são fáceis de serem acompanhadas e pontuadas com desafios na medida certa. Talvez um ou outro inimigo vão exigir mais estratégia na construção da party ou até mesmo a maneira como conduz a batalha. O que também facilita enfrentar as dezenas de horas são os controles; é tudo muito simples, mesmo com mecânicas pouco usadas que misturam turnos, com escolha de habilidades e condições adversas como, por exemplo, tipo do inimigo, terreno ou até mesmo companheiro lutando ao seu lado, Utawarerumono não exige muita experiência com o gênero RPG. Como disse na análise do jogo anterior, esse é um jogo que preza muito mais pelo visual e história do que os combates e interação, transformando o jogador em um espectador de um belíssimo animê.

Agora você ataca combinando golpes e finalizações com seus companheiros

Já que estamos falando em desenho japonês, a Atlus e Aquaplus souberam executar muito bem esse lado. A sequência animada criada para esse jogo consegue ser ainda melhor, mesmo mostrando sequências importantíssimas, mas desconhecidas para o público no início, dando apenas uma amostra do que vem pela frente. Com o visual do jogo ainda com cara da geração passada, até mesmo por ser um lançamento também para PS Vita, Mask of Truth possui traços lindos, com imagens estáticas que vão deixa-lo impressionado, além das sequências animadas que retoma o estilo animê e acaba sendo um deleite para os fãs do estilo.

Tudo isso vem acompanhado de uma trilha sonora sempre impactante, daquelas que nos leva para dentro dos acontecimentos e faz o coração bater mais forte a cada surpresa. Com muita história, visual bonito e música empolgante, um único ponto acaba se tornando algo negativo e que poderia ser minimizado. Acredito que a busca por deixar ainda mais completa a jornada pelo Reino de Yamato, Ennakamuy e Tuskur, a produtora acabou pecando em um pequeno detalhe. Nesse título de encerramento da série, um subplot envolvendo um dos Oito Generais, ainda como resquício de Mask of Deception, acaba sendo abordado e fica um tanto quanto perdido, apenas sendo resgatado próximo ao final do jogo. Nada que comprometa o desenvolvimento da história, mas que poderia ter sido encerrado com o jogo anterior e não revivido nesta sequência.

Tudo que é bom dura pouco (ou não!)

Utawarerumono: Mask of Truth é realmente um jogão! Muitas horas acompanhando personagens que vão ganhar sua atenção e carinho, mesmo algumas horas podendo te levar ao sono por conta das sequências mais morosas durante o jogo. Piadas, tiradas com cunho sexual e tudo acompanhado de uma história incrível e visual belíssimo, são alguns dos elementos que você vai encontrar em maior quantidade nessa jornada pelo trono do Reino de Yamato.

Essa sequência vai fazer marmanjo chorar…

Talvez esse jogo seja uma metáfora para acontecimentos históricos ou até mesmo o que os otakus poderiam ter de um mix narrativo entre as principais histórias medievais do universo pop, mas que em momento algum fazem com que esse jogo seja menosprezado. Pelo contrário, uma pena saber que ele é muito mais um game de nicho e sofre pela perda do apelo macro dentro do mercado, mas que com certeza vem conquistando mais espaço e fãs a cada lançamento.

Quem sabe um dia teremos uma visual novel no ocidente com o mesmo destaque que um FPS, não é mesmo? Não custa sonhar! Afinal, se até Haku e Kuon foram atrás dos sonhos que sustentavam a esperança pela paz, por quê não podemos torcer para termos cada vez mais jogos desse gênero por aqui.

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