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Aquela saudade interminável dos jogos de busca em livrinhos de passatempos, seja no famoso Onde Está o Wally? ou – os meus favoritos – os que estavam na revista Recreio. Cada oportunidade de testar os míticos poderes de mãe – onde mandamos o “se eu achar em menos de 5 minutos, vou esfregar na sua cara” – fica cada vez mais rara.

O lançamento da Actoon Studio – desenvolvedora e produtora do jogo – foca em apaziguar esta saudade enquanto trabalha com referências do já citado Onde Está o Wally? e Gravity Falls tanto no estilo quanto em como ocorre a interação. Mas será que encontraremos a diversão em Wind Peaks?

Cadê o maldito item?!

Com o foco de marketing de Wind Peaks voltado em ser um jogo tranquilo, relaxante, sem violência e com uma história não-contada mas presente no mundo, temos estruturas muito bem definidas do que esperar ao entrar em contato com ele, porém, em bem pouco tempo podemos perceber o que ele cumpre de fato e o que acaba precisando de uma ligadinho no PROCON.

Imagem de Wind Peaks
Sempre bom estar preparado!

O estilo visual segue exatamente o proposto, tendo uma representação leve e amigável de todos os itens. Sem grandes exageros cartunescos, aproximando de uma visão de óculos cor-de-rosa para tudo, onde tudo o que há é fofo e dá vontade de apertar. Porém, ao invés do que era de se esperar, a paleta de cores de Wind Peaks gira em torno de tons pastéis, deixando tudo com uma cara de estou perpetuamente na sombra.

Caímos aí no que acredito ser o maior problema do jogo, pois em uma peça de entretenimento que o objetivo é encontrar coisas em grandes ambientes cheios de peças, precisamos ter algo que as diferencie e – em até certo ponto – facilite o processo de encontrar seja lá o que for. Quando temos tudo numa enorme paleta de tons pastéis, nada salta à vista, nada é suficientemente diferente, tudo está visualmente equalizado. E, nesse caso, isso não é bom.

Contando com 10 cenários feitos à mão, cada um deles com até uma dezena e meia de itens para ser encontrados, o jogo segue sua premissa de não ter níveis procedurais e os itens a serem encontrados podem estar em até 3 locais diferentes, trazendo uma certa variedade, mas nada que justifique jogar novamente.

Imagem de Wind Peaks
Seria este o Diário nº3?

Por ter os mapas consideravelmente grandes, outro problema é a limitação de câmera. Não temos controle suficiente sobre a proximidade de visualização e a movimentação é lenta, limitada e irritante. Em vários momentos, só o que eu queria era ver o cenário todo para ter uma noção do que procurar e onde, porém, o máximo que eu conseguia era uma visão com cerca de 15% do mapa, tornando o processo de busca cada vez mais frustrante.

Mesmo tendo sido desenhado totalmente à mão em um processo artesanal, cerca de metade dos componentes do jogo não se saem bem quando aproximamos a câmera no máximo possível. Alguns lidam bem, soando estarem vetorizados, outros ficam pixelados ou borrados, o que acaba por destruir as boas sensações com o visual agradável.

Imagem de Wind Peaks
A sorte desse senorzinho aí é que esse pato não é aquele daquele outro jogo lá…

Contabilizando todo o processo de experiências que tive com Wind Peaks, mesmo sendo um jogo curto – finalizei ele com cerca de 2h e olha que fiquei travado em 2 mapas por quase 30 minutos justamente pelos problemas de diferenças de coloração – acredito que só recomendaria a compra para quem realmente é aficcionado por este tipo de passatempo. eu mesmo gosto muito e sempre me divertia horrores com os mesmos da supracitada revista Recreio e me irritei profundamente com Wind Peaks. Com isso, toda aquela promessa de ser relaxante foi totalmente por água abaixo.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024