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Em 2018 um desenvolvedor chinês conhecido na internet como Toby estava lançando seu primeiro projeto para dispositivos mobile, este em que ele dedicou cinco longos anos de sua vida. Foi assim que Wonder Blade nasceu, mas quase acabou fadado ao esquecimento logo de cara! Como não existe Google na China e devido às restrições do seu País, o jogo não pôde ser lançado para Android e ficou somente no iOS, e nisso pouquíssimas pessoas tiveram a oportunidade de jogá-lo.

Felizmente isso acabou sendo o bastante para o título ganhar notoriedade na internet e logo todo mundo queria jogá-lo. Foi somente agora, no fim de 2020, que uma publisher chinesa resolveu romper essas barreiras e lançar Wonder Blade para o mundo todo – e ainda bem que fizeram isso! Se você é fã de Castle Crashers, esse é um baita motivo para comemorar!

Mas onde entra Castle Crashers nessa história? Se você já é veterano na internet, provavelmente se lembra que ele foi febre entre os criadores de conteúdo e era praticamente o Among Us de 2010. Dizer que Wonder Blade foi apenas “inspirado” em Castle Crashers seria eufemismo, porque ele foi praticamente construído por cima do jogo. É tão igual que chega a ser nostálgico!

Essa inspiração não é segredo para ninguém, afinal o próprio Toby já assumiu. Mas por mais que ele não goste de ver sua obra ser sempre comparada com Castle Crashers, infelizmente eu não consegui encontrar outra forma de fazer esta análise, então já de antemão peço desculpas ao Toby, mas é o que há.

Aquela velha história…

Em Wonder Blade, controlamos um ninja que testemunha a princesa de seu reino ser sequestrada por um cavaleiro misterioso durante um torneio. Tudo isso acontece no tutorial e também é a única história que teremos aqui, depois disso nada de diálogos ou cutscenes, somente muita pancadaria e chacina.

Yoshi tá diferente…

Se você jogou Castle Crashers, é impossível não se sentir familiarizado assim que assumir o controle do personagem. Se ignorarmos as semelhanças entre as mecânicas e focarmos somente no visual, continua sendo totalmente Castle Crashers! Os gráficos são cartunizados e muito coloridos, os personagens são pequenos e cabeçudos e o jogo é aquele tipo de sidescroll com profundidade no cenário, sendo possível andar para quatro direções.

Agora focando na parte mecânica, é praticamente a mesma coisa! Temos aqui um beat ‘em up muito divertido e cheio de possibilidades. Nosso personagem começa com apenas uma espadinha de ferro e um ataque mágico de fogo (que consome MP), mas conforme avançamos vamos subindo de level e ganhando ouro, que permite comprar várias melhorias como novas magias, armas e até mesmo um mascote que nos acompanha e ajuda no massacre.

Apesar de ser fofinho, Wonder Blade tem um pouquinho de violência gráfica, mas não é nada que vá perturbar ou gerar algum tipo de desconforto. Existem finalizações no estilo “Fatality” em que nosso personagem fatia os inimigos em pedacinhos ou os mata de outras formas criativas, mas tudo dentro do visual cartunesco do jogo.

Déjà vu

É muito simples de pegar o jeito do combate, o que é ótimo, já que estaremos lutando em 90% do tempo. Conforme subimos de level, vamos recebendo novos movimentos e combos, então não é algo que fica preso à mesmice do início ao fim. Além disso, vez ou outra ainda encontramos algumas criaturas que é possível montar, desbloqueando novos ataques e possibilidades.

Clássico!

No geral, o jogo é muito fácil. As fases são um pouco longas, mas todos os inimigos podem ser espancados com o simples ato de esmagar o mesmo botão, criando combos altíssimos que dificilmente serão quebrados. As vezes parece que o jogo força um pouco a barra e deixa os inimigos parados de propósito, sem te atacar, apenas esperando você iniciar um combo. Por vezes isso tira um pouco a graça e deixa tudo monótono demais, mas toda fase também conta com um chefe e, ao menos, nessas batalhas dá para sentir alguma dificuldade.

Mas nem sempre estaremos lutando, pois o jogo também traz alguns momentos de respiro que são mais variados. Porém, ouso dizer que o primeiro deles é uma cópia descarada de Castle Crashers, para o bem ou para o mal. Logo na segunda fase jogamos um trecho em que montamos em um porco e devemos fugir de um golem, o que é idêntico à fase que fugimos do troll no Castle Crashers – é sério, apenas coloquem as duas fases lado a lado para ver que não é exagero.

Castle Crashers mandou lembranças…

Tudo isso deixa nossa opinião muito dividida, pois Wonder Blade realmente é muito legal e divertido, mas ao mesmo tempo ele é tão parecido com Castle Crashers que não parece um jogo novo e sim uma espécie de fangame ou mod. A pior parte é que o jogo não copia a melhor coisa de sua maior inspiração, que é o co-op. Enquanto Castle Crashers permitia jogar em até quatro pessoas (o que era incrivelmente divertido), Wonder Blade é exclusivamente singleplayer e não deixa de passar aquela sensação de que está faltando alguma coisa. Jogá-lo com um ou mais amigos certamente deixaria tudo ainda melhor, mas infelizmente não é possível.

Isso significa que ele é ruim? De forma alguma! Me diverti muito jogando e jogarei ainda mais, porém a comparação eterna com Castle Crashers é inevitável. Isso tirou um bocado da personalidade deste título, mas ao menos já atesta sua qualidade, então se você está órfão de CC e quer mais, Wonder Blade está aí para isso!

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024