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27 anos separam o Monster World IV e sua remasterização, Wonder Boy: Asha in Monster World. Com muitas gerações de distância e um grande carinho pelo jogo original, os fãs veem com cautela a abordagem da Studio Artdink e da Monkey Craft de reviver um dos melhores jogos de plataforma de sua geração. Porém, não se preocupem. Ele continua tão divertido quanto no passado e a aventura te levará para os lugares mais inimagináveis possíveis.

Com ambientes desenhados e extremamente bem-polidos como a pirâmide congelada e os confrontos contra cada chefe já seriam o suficiente para cativar qualquer jogador que curte o estilo. Além destes detalhes, temos também uma personagem extremamente carismática e um mascote que trará toda a sua infância de volta de uma vez só. E precisa de mais razões para mergulhar nessa grande história?

Nostalgia na dose certa

Eu sou daqueles jogadores que adora jogar um bom título de plataforma. Rayman, Mario, Mega Man e vários outros percorreram por toda minha jornada no mundo dos games e até hoje têm seu espaço em minha prateleira. Quando coloquei as mãos em Wonder Boy: Asha in Monster World temi que visse algo deslocado de seu tempo, mas foi um grande engano. A heroína está em grande forma e não pouparam esforços para mostrar o quanto aquele clima é espetacular conforme avança na história.

Imagem do review de Wonder Boy: Asha in Monster World
O jogo está incrível de tão bonito.

A jogabilidade se manteve a mesma, o que não é ruim nem de longe. Ainda assim, o grande destaque são as artes criadas para a nova geração, que captaram todo o espírito do original e transformaram Asha em uma personagem extremamente simpática para a atualidade. Ela pula, corre, boia na água, enfrenta criaturas, explora puzzles e não perde um segundo de tela ao espalhar sua simpatia. Poderia ver um desenho animado disso que não teria problema algum.

Se você está pensando que apenas ela passou por uma boa repaginada, vai ser jogado do alto por um Pepelogoo em Wonder Boy: Asha in Monster World. Tudo se modernizou e não apenas o estilo artístico, inclusive o sábio que salvava seu progresso no título original. Imagina a minha surpresa ele afirmar que tinha sido substituído por um recurso que permita salvar a qualquer momento, porém ele continuaria aparecendo durante as dungeons para te desejar boa sorte.

E falando das batalhas contra os grandes inimigos, elas também são um destaque a parte. Alguns podem se mostrar ridículos de fácil. Outros te matarão justamente por você baixar a guarda. Você conta com uma espada, escudo e seu parceiro voador que precisam ser usados com maestria em alguns dos combates. Há um bom equilíbrio neste sentido, com nada que abuse da dificuldade, mas também que te faça ficar de olho aberto para não ter alguma abertura que permita sua derrota.

Imagem do review de Wonder Boy: Asha in Monster World
Parece bizarro, mas as batalhas contra os chefões têm muito desafio.

Por tudo que eu explorei em Wonder Boy: Asha in Monster World, ele passa a sensação de estar em uma época focada em trazer mais diversão e menos preocupada com as modernidades que tivemos da era PlayStation 3 e Xbox 360 em diante. Vamos combinar, Sonic, Mario, Crash Bandicoot e vários outros que somos apaixonados até hoje vieram da mesma fonte. Não há uma jornada de vingança, há simplicidade. Um reino em perigo. Uma heroína podendo agir. Um caminho para seguir e você vai. Ponto final dessa trama.

Até mesmo encontrar os chefões e ouvir suas frases clichês, no maior estilo “você nunca me vencerá” e coisas do gênero resgatam tempos mais tranquilos de quando éramos crianças. Ué, mas isso não infantiliza e tira a graça do gamer hardcore que busca uma profundidade e diálogos mais densos dentro desse mundo? Não, meus amigos, videogames foram criados para serem uma boa fonte de entretenimento, divertidos e há outros lugares para cobrarmos algo mais elaborado. Me perdoe por falar assim, mas aqui não é este espaço.

Imagem do review de Wonder Boy: Asha in Monster World
A proposta é a mais simples possível para você aproveitar a jornada.

À frente de seu tempo

Wonder Boy: Asha in Monster World é um bom resgate ao passado ao meio de alguns que já tivemos em 2021. Ele se une ao New Pokémon Snap, Famicon Detective Club, os sucessos da NEOGEO Pocket Color Selection e até mesmo o vindouro retorno de Alex Kidd e o recém-anunciado Dragon Quest III HD Remake, quais trazem uma boa forma de termos a mesma experiência novamente e abrir portas para uma galera que nunca teve a chance de botar as mãos nestes clássicos.

Até mesmo as mecânicas são uma verdadeira aula para qualquer game de plataforma que se preze. Ou você acha que existia muita coisa em 1994 que diferenciava o poder das espadas e escudos, além da possibilidade de equipar itens para aumentar sua vitalidade. Além do RPG, era impensável isso. Muitos jogos não fazem isso ainda atualmente, vocês sabem bem. Obviamente que estamos aqui para falar do atual e não do antigo, mas é importante ter em mente que mesmo com gráficos atuais e mais simpatia, ele manteve tudo que funciona de forma extremamente genial.

Imagem do review de Wonder Boy: Asha in Monster World
Mesmo em momentos complicados, tudo funciona muito bem.

Tem os seus defeitos? O que não tem, não é? Além de ser um jogo bem curto, Wonder Boy: Asha in Monster World tem uma movimentação mais dura do que eu esperava. Realmente me senti jogando em um Mega Drive, parabéns aos envolvidos neste fator. Quando o seu Pepelogoo demora para salvá-lo de uma queda, você também o amaldiçoará por estar passeando pelas dungeons enquanto a ação rola contigo no meio. Isso sem falar no desafio da esfinge, qual me tirou uns bons 15 minutos respondendo a quiz de coisas que eu nem me lembrava mais.

Aí no meio disso tudo, com a exploração no castelo inicial, você encontra várias referências à franquia e até outros jogos. Para a minha surpresa, um quadro extremamente semelhante à capa do primeiro Dragon Quest estava figurando entre as paredes e não pude evitar de tirar um print disso. Fiquem atentos, pois não será a única coisa que verá de games diferentes por lá.

Imagem do review de Wonder Boy: Asha in Monster World
Parece ou não a arte de Dragon Quest?

Mesmo com esses fatores, sabe o que eu percebi? Ele é uma remasterização muito fiel ao original, qual apesar de ser um grande lançamento de 2021, o original dos anos 90 não perdia muito para a maioria dos games do gênero que vemos atualmente. Me senti como se estivesse jogando Monster Boy and the Cursed Kingdom, algo excepcionalmente bom independente da época que chegou aos jogadores.

Se você ainda está temoroso em jogar Wonder Boy: Asha in Monster World, não precisa pensar duas vezes. Nem que seja para comprar e apresentar como temos uma pérola viva por 27 anos e que continua divertida e cheia de vida. Com certeza as novas gerações vão te agradecer por isso. E caso não se importe com elas, faça isso por você. Nossa realidade está pesada demais e todos merecemos um pouco de entretenimento para dar forças em mais um dia que se segue.

Review – Unicorn Overlord

Renato Moura Jr.Renato Moura Jr.16/03/2024