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Reza a lenda que todo livro um dia vai virar filme e que esse filme vai acabar virando jogo. Mesmo não sendo uma obra antiga, World War Z conseguiu ganhar seu espacinho na literatura e se tornar uma referência quando o assunto é apocalipse zumbi. É claro que esse sucesso todo não ficaria de fora das telonas, recebendo sua adaptação cinematográfica em 2013.

Demorou, mas enfim recebemos uma adaptação para os games que não é especificamente inspirada apenas no livro ou no filme, mas pega um pouquinho do conceito geral da coisa para trazer mais um jogo co-op de matança frenética que nós tanto adoramos. E não, não dá pra jogar com o Brad Pitt.

Um verdadeiro pesadelo

World War Z é totalmente inspirado no todo poderoso Left 4 Dead, no qual a ideia é colocar quatro pessoas para ir de um ponto a outro em um mapa linear e lutar pela sua sobrevivência, massacrando centenas de zumbis. Dito isso, já dá para notar que o jogo é bem genérico e infelizmente não há muito que consiga dar mais identidade para o título.

O game é quase totalmente online e possui dois modos: a campanha e o competitivo. A campanha pode ser jogada online com outras três pessoas ou offline com três BOTs. Caso você opte por jogar com amigos mas não complete um grupo de quatro integrantes, o jogo o completará com BOTs, então dá para jogar tranquilamente sem estranhos invadindo sua partida.

A campanha possui quatro capítulos, cada um ambientado em um lugar diferente do mundo: Nova York, Jerusalém, Moscou e Tóquio. Cada capítulo possui duas ou três fases que podem ser concluídas em cerca de 20 minutos, então não é nada muito extenso. Em cada um, você dispõe de quatro personagens diferentes e contará com uma narrativa própria, nada interligado.

Os cenários são muito caprichados e bem feitos.

Sendo assim, todas as fases estão liberadas desde o começo e você pode jogar na ordem que quiser, o que é bem esquisito para uma campanha. Geralmente, chamamos de campanha uma narrativa contínua, que conta com um enredo mais elaborado e personagens chave para a trama – até mesmo Left 4 Dead segue esses padrões! A maneira como construíram o modo história do jogo o deixou mais parecido com uma DLC dividida em capítulos do que uma campanha propriamente dita.

Um ponto elogiável é a ambientação do jogo. Todos os locais que visitamos possuem cenários incríveis e muito detalhados, retratando aqueles lugares com toda uma fidelidade à vida real e um excelente visual apocalíptico. O primeiro mapa de Nova York, por exemplo, é tão bonito que chega até a lembrar The Division (antes do famoso downgrade, é claro).

As personagens não possuem variações entre si e não são customizáveis, apenas skins. O jogador pode escolher sua classe a seu gosto e nisso ir ganhando experiência naquela determinada classe para liberar novas skills, que podem ser compradas com a moeda do jogo. Esse dinheiro se adquire jogando normalmente – por enquanto não há sinal de microtransações no ar, então podem respirar aliviados.

Ubisoft vai exigir algumas explicações…

Além da campanha ser construída de um modo estranho, as fases também não se esforçam tanto em oferecer algo além da matança desenfreada. Não há nada mais elaborado, que exija um trabalho em equipe maior, é só andar para frente e meter pipoco na zumbizada. Alguns podem usar o argumento de que “esse é o foco do jogo, então não tem nada de errado”. Pode até ser, mas até nisso ele é falho.

Primeiro: qual é a maior característica de World War Z? Hordas e hordas infinitas de zumbis, uma quantidade tão incalculável que são até capazes de subir uns sobre os outros e alcançar lugares outrora inalcançáveis. Temos isso aqui? Temos, mas em uma proporção tão pequena e insignificante que dá até tristeza. Os pouquíssimos momentos que enfrentamos hordas gigantes (e são muito poucos mesmo) não chegam nem perto de honrar essa característica. Só para ter uma noção, tudo que vimos de Days Gone até agora faz ele ser um jogo mais World War Z do que este aqui.

Segundo: o tiroteio neste jogo é um fiasco. Nós estamos atirando com armas de fogo 99% do tempo e nenhuma delas conseguem te passar uma sensação convincente de que aquilo é armamento militar e não uma Nerf. Pior ainda são as explosões, que deveriam ter recebido uma atenção muito maior neste título, afinal não tem nada mais divertido do que explodir hordas de zumbis e ver os corpos voando. Não importa o quão destruidor seja o poder de fogo da sua arma, a explosão sempre vai ser tão convincente quanto aquela velha brincadeira do cepo de madeira.

Infelizmente você não verá torres de zumbis maiores do que essa…

Controles apocalípticos

Com respeito aos controles, aqui entramos em novas questões inexplicáveis. Por alguma razão, os controles não são totalmente responsivos e você não consegue correr a todo momento, mesmo pressionando o analógico com todas as suas forças. A personagem corre a hora que ela bem entender e, na maior parte do tempo, você será obrigado a andar em sua velocidade padrão.

A troca de armas também é uma bagunça, pois ao invés de tudo ser resolvido com um simples toque, é necessário alternar entre um toque normal para arma secundária e segurar o botão para arma especial, o que frequentemente vai causar uma confusão na hora da ação. Felizmente, nem tudo está perdido e a inteligência artificial dos BOTs é bem aceitável, pois ajudam bastante na matança e na hora de levantar aliados caídos, podendo consertar eventuais mancadas causadas pelos controles problemáticos.

Isso é o melhor que eles podem oferecer?

Outro detalhe nada prático é o fato de que você precisa segurar o quadrado (ou o X no Xbox One) para interagir com qualquer coisa, seja para pegar itens, abrir portas, instalar armadilhas ou seja lá o que você precisar fazer. Tudo poderia ser resolvido tão facilmente com o simples apertar de um botão, mas aqui não, você precisa ficar pressionando e aguardar pacientemente até a ação ser concluída. Além disso, o quadrado também recarrega sua arma – quantas funções um único botão pode fazer?

Com respeito ao modo competitivo, é algo surpreendente e ainda assim uma adição bem-vinda, contando com todos aqueles modos que todo jogo costuma ter, como mata-mata em equipe, captura de territórios etc. Esses modos são constantemente invadidos por zumbis, então além de caçar os jogadores do time adversário, você também terá de se preocupar com os mortos-vivos.

Até comecei a curtir o multiplayer, mas infelizmente os servidores do jogo não colaboraram nem um pouco e não consegui terminar uma única partida sequer. O modo online da campanha se apresenta bem estável no momento, mas o competitivo segue um desafio, pois os servidores estão completamente instáveis e é quase uma certeza que você será desconectado em minutos. A maioria das partidas nem começam, já te desconectando na tela de loading.

Eu tenho uma motosserra e não tenho medo de usá-la!

Quem ainda está se recuperando da péssima otimização de Anthem nos consoles, saiba que não é o único. Em momento algum sofri com quedas de framerate ou crashes de World War Z no PS4, mas inexplicavelmente existem momentos em que o jogo trava o console inteiro, te forçando a desligá-lo na tomada. Esse é o tipo de coisa definitivamente inaceitável em um jogo, e mesmo assim parece estar se tornando cada vez mais frequente.

World War Z é muito genérico em sua fórmula e em todo o resto, mas tinha potencial para ser mais, muito mais. Mesmo possuindo um multiplayer aceitável para ser jogado com amigos, todos os seus problemas de mecânicas, servidores, otimização e o prato principal tornam deste um título pouco recomendável. A grande maioria desses problemas podem ser resolvidos com vários patches de correção, que acredito que virão com o tempo, então é melhor esperar a poeira abaixar e deixa os desenvolvedores fazerem o trabalho deles – e pode acreditar, eles têm muito trabalho pela frente.

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