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No meio de tantos títulos que não mexeram muito comigo, eu encontrei em Yakuza 0 um pouco de luz e diversão. Afinal, quando você mistura porradaria, a máfia mais mística e intrigante que existe até hoje e um bom roteiro, o resultado tende a ser algo bom. Apesar da série Yakuza ser sempre chamada pelas terras tupiniquins de “o GTA japonês”, eu sinceramente acho que nomeá-la assim é quase uma afronta, já que temos uma série que possui toda uma personalidade própria, gameplay único e a dose certa das estranhezas do lado de lá do mundo.

Back to the 80’s

Yakuza 0 leva você de volta aos anos 80, para um Japão no auge do crescimento do mercado imobiliário e também da predominância da máfia. Se você nunca jogou nenhum título da série, fica tranquilo que a história é perfeita para acompanhar à partir de agora e também perfeita para conhecer o universo do jogo. Vemos Kiryu lidando com o começo da sua vida “underground” como um simples membro de rank baixo da Yakuza, quando este se vê envolvido numa complexa trama de traições e mentiras envolvendo a família Dojima e um terreno importante que todos querem. Vemos também o passado de Goro Majima, começando o jogo do lado de fora da Yakuza enquanto tenta o seu retorno que não será nada simples.

cutscenes... cutscenes everywhere!
Cutscenes… cutscenes pra todos os lados!

O game é dividido em capítulos e faz com que você alterne entre Kazuma Kiryu e Goro Majima a cada dois capítulos. As histórias de Goro e Kiryu começam distantes e o jogador fica por um tempo sem entender por qual razão está jogando com dois personagens diferentes, mas a impressionante narrativa vai nos encaminhando para um cruzamento excelente, sendo a história um dos grandes trunfos do título. Por falar em história, este jogo definitivamente não é para quem gosta de simplesmente sair por aí atirando e fazendo coisas aleatórias como se não houvesse amanhã. Yakuza 0 foca muito no enredo e possui uma quantidade pra lá de considerável de cutscenes, dando um contexto denso que exige uma maior atenção do jogador.

Diversão infinita

Além da história principal, existe uma quantidade considerável de missões paralelas que o jogador acaba se envolvendo enquanto perambula pelo mapa que, deixo claro, não é de mundo aberto como GTA. É uma espécia de mundo semi-aberto com “paredes invisíveis”, mas que funciona muito bem para o RPG. Essa missões adicionam bom tempo à jogatina e são bem divertidas, produzidas com cuidado para que não sejam repetitivas e cansativas. O jogador acaba por conhecer vários personagens e adicionar muita coisa à história durante as pernadas pelo mapa.

A cereja do bolo na diversão nonsense são os mini games e a quantidade de coisas “diferentes” para se fazer durante uma tensão e outra, como cantar no karaokê (quer coisa mais japonesa que um isso?), jogar fliperamas clássicos da SEGA como OutRun (que estão disponíveis como jogos completos), curtir um boliche, arremessar uns dardos, tentar agarrar um bichinho de pelúcia naquelas máquinas de garra que comia fichas de muita gente e até mesmo gerenciar o próprio bar de “atendentes sexy”.

Nada como jogar um jogo no jogo! (jogoception)
Nada como jogar um jogo dentro do jogo! (jogoception)

Porradaria da boa

O sistema de luta é extremamente divertido e eficiente. Cada personagem possui até três estilos de lutas que você vai adquirindo com o desenrolar da trama e são alternáveis durante cada briga. A cada personagem derrotado, você recebe dinheiro e é o meio de você evoluir o personagem, pagando para liberar novas habilidades na “Skill Bar” e desbloquear golpes mais fortes que agora são utilizados conforme você enche uma “Heat Bar” tripla (diferente dos outros títulos da série, em que era uma barra única), permitindo dar mais de um movimento forte em sequência.

Junto aos combos e golpes especiais, você ainda pode usar praticamente todos os objetos à sua volta no cenário e vai se encontrar em cenas engraçadas usando jarros gigantes e até mesmo uma bíblia para frear os inimigos.

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Tem bugs, mas nada que seja do milênio

Apesar dos gráficos e física deixarem claro que o jogo não é 100% next-gen, já que o original foi lançado no Japão há 2 anos para o PS3 (além do PS4), eles agradam e não atrapalham a diversão, exceto por eventuais bugs de física como NPCs que continuam andando enquanto você barra o seu caminho. Eventualmente você vai ver cutscenes onde os lábios se movem, o texto de legenda aparece, o som ambiente está okay mas nenhuma voz é emitida. Então já adianto: o game mistura quatro formatos de cutscenes, algumas mais simples e sem diálogos em áudio.

Mesmo com os gráficos não sendo extremamente fantásticos, a ambientação surpreende. Você vai se sentir no Japão dos anos 80 e é muito legal como o jogo trabalha de forma que você sente a cidade extremamente viva. Além das ruas, podemos entrar em locadoras de filmes e lojas de cacarecos extremamente apertadas e claustrofóbicas, típicas da época.

Quase hentai

Infelizmente o jogo peca em algo que costumeiramente acontece em jogos japoneses: a super sexualização de personagens femininas. As mulheres são retratadas claramente como quase gueixas modernas em vestidinhos que não protegem muito ou como super fracas e indefesas vítimas que não teriam vida se não fosse o seu poder de mantê-las a salvo. Apelativo em certas cenas, mas infelizmente típico de jogo japonês e, embora você vá encontrar Kiryu tentando dar lições de respeito às mulheres para outros personagens, fica quase hipócrita quando o mesmo vai assistir a softcore e lutas de meninas com peitos enormes usando dois fios de roupa.

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Enfim…

O jogo como um todo é extremamente divertido e apresenta uma história muito bem elaborada que deve consumir mais de 40 horas dos jogadores. Com um sistema de luta bem feito e bastante coisa para se fazer no mundo nipônico de Yakuza, o jogo merece ser jogado até mesmo por quem não é fã de jogos japoneses. Yakuza 0 é um ótimo refresco para a série e a SEGA acertou a mão no jogo, pena que demorou muito para trazê-lo para o lado de cá do globo.

Review – Pepper Grinder

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