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Repaginando o segundo capítulo da franquia Yakuza a partir da Dragon Engine, motor gráfico estreado por Yakuza 6: The Song of Life, Yakuza Kiwami 2 é um passo para a frente mas também dá alguns passos para trás, porém digo isso num bom sentido. Aproveitando e melhorando os novos efeitos gráficos e também uma física mais realista para as lutas, Kiwami 2 resgata elementos queridos do passado que infelizmente ficaram de fora do sexto jogo, além de incluir algumas novidades interessantes.

Na história original de Yakuza 2, o protagonista Kazuma Kiryu é forçado a se envolver com questões da máfia japonesa novamente, após o assassinato de um importante membro do Clã Tojo. Enquanto procura os culpados, outros indivíduos de interesse aparecem no caminho de Kiryu: Ryuji Goda, o “dragão de Kansai”, e Kaoru Sayama, uma detetive que é enviada para controlar a situação antes que ela exploda, literalmente, para fora do submundo do crime.

Vendo com novos olhos… ou olho

Em Yakuza Kiwami 2, até mesmo a história conta com novidades. Em certo ponto da narrativa original, Kiryu vai ao local secreto conhecido como Purgatory e reencontra Goro Majima, que agora chefia uma construtora. Partindo do pressuposto que o jogador tenha experimentado outros capítulos e já conheça o personagem, o novo jogo traz uma campanha paralela que nos revela o que Majima fez entre o final do primeiro Yakuza e o início deste, incluindo também pontos narrativos e personagens que remetem à sua história em Yakuza 0. Sem necessariamente interromper a trama principal, os capítulos de Majima são destravados um a um no menu principal e possuem seu próprio arquivo de save, embora sejam mais lineares.

Faquinha!

Construindo sobre as melhorias gráficas implementadas pelo sexto jogo, Yakuza Kiwami 2 representa também alguns avanços para a Dragon Engine, oferecendo uma resolução maior de imagem e cenários mais ricos em detalhes, com uma aparência mais dinâmica e palpável. Embora Kamurocho não mude muito em relação ao game anterior, Sotenbori faz sua estreia na nova engine e é representada de maneira estonteante, com prédios e outras estruturas bastante coloridas, sem falar nos enfeites de natal que podem ser encontrados em diferentes cantos da cidade. As animações, tanto em combate quanto fora dele, também estão perceptivelmente mais fluidas, dando peso a cada detalhe.

Mas, apesar da beleza gráfica, é a maior fluidez no combate que realmente importa para Yakuza Kiwami 2. Além de ser um prazer ver objetos diversos sendo obliterados pelo cenário durante a pancadaria, a fluidez das animações permite que o timing dos golpes de Kiryu (e Majima) seja ainda mais preciso do que no sexto jogo, incentivando uma maior atenção aos combos e trazendo um desafio adicional muito bem-vindo – não que Kiwami 2 seja um jogo difícil, mas desta vez é simultaneamente mais simples e mais desafiador encaixar combos mais longos.

Uma ótima adição ao combate, pelo menos na nova maneira com a qual são acrescentadas, são as muitas armas que Kiryu pode equipar em seu inventário. Armas brancas e de fogo não são uma novidade para a série, mas aqui elas são melhor aprofundadas em seu uso. Durante o combate, Kiryu pode coletar armas deixadas pelos inimigos e guardá-las para depois, num sistema de inventário prático que permite chavear equipamentos de sua escolha aos botões direcionais. Essas armas também possuem efeitos diferentes, podendo causar dano incendiário, elétrico etc. Compensando pela falta dos estilos de luta diferentes introduzidos por 0, o uso de armas ajuda a dar alguma variedade ao combate e portanto torná-lo menos repetitivo do que no sexto jogo, por exemplo.

Isso deve doer!

Kiryu, o aventureiro

Em relação às muitas atividades que Kiryu pode realizar no mundo aberto, são acrescentadas a gerência de cabarés de Yakuza 0 e o Clan Creator de Yakuza 6, que funciona como um game de estratégia em tempo real. Embora essas adições sejam do agrado de alguns jogadores e garantam mais conteúdo a um pacote que já vem repleto dele, a implementação desses sistemas na história acaba por criar alguns contratempos. Para explicar e justificar o uso dessas ferramentas, são introduzidas novas subtramas que interrompem a narrativa principal e portanto a deixam mais cadenciada e difusa do que deveria ser. Não é nada que arruine a experiência geral, mas o ritmo sai prejudicado.

Lembram de quando falei que Yakuza Kiwami 2 dá alguns passos para trás, mas no bom sentido? Pois bem: as chaves de armário estão de volta! Já que Kiwami 2 também acerta em deixar o jogador solto no mundo desde os primeiros minutos, fui imediatamente lembrado do prazer de explorar o mapa atrás dessas preciosidades, que garantem uma variedade de itens valiosos que ajudam (e muito) na hora de sair na porrada. Com o design mais vertical e fluido dos cenários abertos, além de Kamurocho realmente completa desta vez (sem os bloqueios do 6), pode-se passar algumas horas de qualidade descobrindo novos segredos, o que inegavelmente acrescenta grande valor ao jogo.

Embora aparente à primeira vista como um jogo comum da série, Yakuza Kiwami 2 é um reconhecimento e também um aperfeiçoamento do que a franquia da SEGA aprendeu ao longo dos últimos anos, especialmente na transição entre as gerações de consoles. Unindo ideias de Yakuza 0 e Yakuza 6, além de possuir boa continuidade com o primeiro Yakuza Kiwami, Yakuza Kiwami 2 peca apenas pela condução inicial da história, mesmo que seu mergulho no ridículo traga uma despretensão divertida para a aventura. É, acima de tudo, um sinal de que a SEGA não deixou de fazer sua lição de casa e prezou por uma experiência mais definitiva que a última. Como um de muitos admiradores de experiências imersivas em mundo aberto, espero que essa ambição siga viva daqui em diante.

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