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Zombie Army 4: Dead War é uma verdadeira máquina de catarse, dentro da franquia e de si mesmo. A oportunidade de matar zumbis nazistas múltiplas vezes, incluindo seu desprezível líder Adolf Hitler, nunca se esgota em apelo, nos dando a missão de enterrar nos confins do inferno um mal até hoje impensável.

Desenvolvido e distribuído pela Rebellion, este é o primeiro jogo “completo” da franquia spin-off de Sniper Elite, turbinando as mecânicas e conteúdos para muito além de um DLC glorificado. Dead War oferece um pacote profundo para os fãs de jogos de zumbis, shooters e colecionáveis variados, permitindo jogar solo ou cooperativo.

Nazi Zombie May Cry

Em termos narrativos, a inesperada campanha de Zombie Army 4: Dead War faz apenas o necessário, estabelecendo um ponto de partida e um objetivo para que os jogadores viajem pelo mundo caçando os mortos-vivos de Hitler, que sobem à superfície através de portões infernais que devem ser lacrados.

Imagem do jogo Zombie Army 4: Dead War
Acho que invadi um jogo da From Software sem querer…

O elenco de personagens jogáveis não possui também um contexto muito profundo, indo desde uma soldada chinesa ao veterano de Sniper Elite Karl Fairburn. Suas interações com os oficiais do outro lado de um rádio raramente mudam, e diálogos com NPCs são breves ao ponto de serem esquecidos.

A verdadeira interação em Zombie Army 4, caso seja do desejo do jogador, está na possibilidade de jogar a campanha com até outros três jogadores. Ainda assim, pelo design inteligente das hordas e quantificação de inimigos, o modo história de Dead War pode ser completamente aproveitado quando se está sozinho.

Aliás, devo dizer quão caprichada esta campanha está, visto que a Rebellion poderia apenas ter requentado mapas multiplayer limitados. Pelo contrário, os nove capítulos da campanha se dividem em fases longas e divertidas, com locações variadas e uma gama vasta de easter eggs, inimigos e até alguns sustos.

Imagem do jogo Zombie Army 4: Dead War
Mate zumbis e quebre o selo.

Em seu beabá, Zombie Army 4 remete um bocado ao que foi visto na franquia Devil May Cry e tantos games que segmentam suas seções de combate em “salas”, onde devemos pontuar combos e exterminar inimigos para avançarmos à próxima área. Por vezes, fui lembrado de Doom na frequência de movimentação.

Nas lutas, há os chamados “ataques diretos”, golpes corpo-a-corpo especiais que devolvem ao jogador uma quantidade de vida. Jogadas de estilo como encaixar uma série de headshots são incentivadas, já que preenchem o medidor desses ataques. O que é útil, pois só podemos carregar um kit médico por vez.

Até a enésima onda

Além desta necessidade de ações rápidas e violentas, a estrutura do combate em ondas de Zombie Army 4 não cansa por sempre contar com alguma reformulação, seja no surgimento de novos inimigos ou na exigência de ações específicas para avançar à próxima área.

Sempre gratificante.

Certas vezes, devemos apenas matar todos os zumbis de uma sala para quebrar um selo em uma porta, enquanto em outras devemos matá-los em um raio de uma área específica, alimentando uma fonte de sangue. Existem também as sequências que envolvem proteger geradores e bases de ondas sucessivas.

Outra escolha que permite aliviar a fadiga está na segmentação dos capítulos em fases menores, encerradas e iniciadas em abrigos que permitem o reabastecimento de itens e o uso de upgrades. Assim, preservando o progresso nesses abrigos e nos diversos checkpoints, não é necessário jogar horas por vez.

Mais do que nos capítulos recentes de Sniper Elite, as mecânicas de tiro de Zombie Army 4 estão fluidas e refinadas tanto para as seções de sniper quanto as armas de mira direta, que são complementadas por upgrades em aspectos como recuo, dano e controle, resultando em uma experiência prazerosa.

Imagem do jogo Zombie Army 4: Dead War
Nem o zumbi faz ideia do que aconteceu aí.

A violência extrema, alavancada pela presença da amada câmera de bala com raio-X, pode ser sentida na vibração bem-calibrada dos controles e é animada com graça, instigando o uso de diferentes armamentos – moer hordas com uma serra giratória foi um deleite absoluto digno do melhor Dead Rising.

O restante do sistema de level-ups em Zombie Army 4 também satisfaz em sua profundidade, ainda oferecendo uma série de modificações passivas que são desbloqueadas por nível. Combinar as melhorias das armas com estas habilidades, além dos stats de personagem, possibilita uma experiência customizável, ao gosto de cada jogador.

Um pacote variado

Como a única maneira de pontuar em Zombie Army 4 é massacrar zumbis, variar entre o modo campanha e partidas do modo horda é algo que recomendo, já que os pontos e progresso são mantidos através de todas as modalidades. O modo campanha permite treinar habilidades, enquanto o horda antecipa inimigos avançados.

Estamos em 2020 e isso continua na moda em jogos e baladas hipster.

O avanço do jogador, no entanto, também inclui a busca pelos inúmeros colecionáveis. Os kits de aprimoramento usados para melhorar armamentos estão escondidos em áreas secretas e mesmo por trás de puzzles criativos, com direito a algumas referências agradáveis a filmes e séries clássicas ou recentes.

A quantidade bruta de easter eggs, documentos, capas de quadrinhos, mãos zumbis e até figurinhas para completar um álbum é de fazer qualquer jogador que se considere um “completionist” corar, possivelmente rendendo dezenas de horas para se esgotar. Por isso, é ótimo que o gameplay central seja tão legal.

Indo além do jogo em si, Zombie Army 4: Dead War oferece no PS4 Pro dois modos que variam da preferência de cada jogador: o modo de desempenho, em resolução de 1080p com taxa fixa de 60 quadros por segundo, e o modo de qualidade, em resolução de 4K com taxa fixa de 30 quadros por segundo.

Imagem do jogo Zombie Army 4: Dead War
Cortando zumbis que nem manteiga.

Mesmo jogando no modo de desempenho com uma saída em upscaling, a taxa de fps se manteve sólida, até em meio às hordas de Zombie Army 4, que podem chegar a um volume enorme de inimigos. Além disso, menus oferecem variadas opções de acessibilidade, áudio, controles e até funcionalidade para teclado e mouse.

Contudo, um pormenor técnico foi o bastante para me deixar encucado, pelo menos em um primeiro momento. Personagens, emotes e vestimentas podem ser apenas alterados na seleção de fases do menu principal, mesmo que as mesas dos abrigos disponibilizem esta opção – só as armas eram alteradas in-game.

Do que mais você precisa?

De resto, Zombie Army 4: Dead War peca apenas pela falta de maiores ambições. Mas eu estaria sendo hipócrita se dissesse que o game não entrega exatamente o que se espera de um bom jogo de hordas zumbis, com personalidade em suas fases variadas e uma vasta gama de opções técnicas para os jogadores.

Álbum de figurinhas zumbi – preciso dizer mais?

As intenções do último game da Rebellion podem até ser superficiais, mas o pacote que entregam é profundo e revela um carinho visível da desenvolvedora com sua principal franquia e derivados, que melhoraram cada vez mais ao longo da última década, marcada por séries que, pelo contrário, só decaíram em qualidade.

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