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Seria um erro diminuir Utawarerumono: Mask of Deception categorizando-o simplesmente como um “jogo japonês”, limitando ainda mais seu potencial ao compararmos aos RPGs ocidentais. A cada dia perdendo mais espaço e fazendo com que títulos como esse dificilmente cheguem por esses lados, seu estilo peculiar pode não agradar a todos, mas com certeza merece destaque e elogios. Se não fosse pelo esforço e confiança da ATLUS na qualidade e potencial desenvolvido pela Aquaplus, não seria tão fácil encontrarmos uma visual novel de alto nível como essa.

Como foco no enredo e explorando a narrativa sob ponto de vista de um protagonista, você acompanhará uma excelente história através das 60 horas que o jogo reserva. Ao contrário do estilo ocidental, esse é um título que necessita de dedicação, atenção e, claro, muito domínio da língua inglesa ou japonesa. Com uma jogabilidade fluída, simples e que tenta se diferenciar dentro do estilo já consagrado, Utawarerumono vai além de apenas um game e se torna uma boa opção de entretenimento para quem curte uma narrativa e animação de qualidade.

Aquilo que é cantado

Como uma alusão às lendas e tudo aquilo que é transmitido verbalmente, de onde vem o seu título, Mask of Deception é apenas uma etapa de uma história muito maior do que um simples jogo. Inicialmente lançado para os PC, PS2 e PSP em 2002, também ganhou adaptação para animê, mangá, OVA e somente em 2017 retornou aos consoles.

Personagens bonitinhos do início ao fim

Você acompanha toda a história sob o ponto de vista de um personagem que acorda em uma floresta nevada e que, com a ajuda de Kuon, acaba ganhando um nome: Haku. O clichê de um rapaz desmemoriado e que parte em uma jornada desconhecida apenas pelo pedido da jovem com orelhas e cauda de animal para o bem de sua própria tribo.

A partir de então fica o convite para você sentar e, literalmente, acompanhar um ótimo animê. Você encontrará excelentes personagens, belíssimas localidades, além de sequências hilárias e emocionantes. Tudo isso pode passar em frente aos seus olhos sem a necessidade de você apertar um único botão, com a opção “Auto Mode”, para simplesmente acompanhar as animações até o próximo combate ou escolha de local a ser visitado.

Em Utawarerumono você acompanha e participa de diversas histórias e jornadas através do Império conhecido como Yamato, formado por nações e que sofre uma crise capaz de dividi-lo em dois. Além do plot principal, você terá a oportunidade de participar de subplots sobre bando de ladrões, monges e suas habilidades misteriosas, máscaras e armas mágicas, animais sagrados, guardiões e os Generais dos Oito Pilares. Por trás dos personagens você presenciará a construção de questões políticas e opressão, o místico e misterioso das lendas, além da jornada do herói e o crescimento de Haku como ponto principal dessa história. Não é Game of Thrones, mas merece destaque como uma excelente obra de entretenimento.

Jogue pouco e divirta-se mais

Não sei se repararam, mas evitei chamar de jogo o lançamento da ATLUS, pois para mim ele vai além de uma mídia para ser consumida em consoles. Mesmo sendo considerado uma visual novel, sua interação será apenas durante os combates ou o destino de Haku, Kuon e seus companheiros. Porém, uma das críticas que deve ser feita é a falta de opções para diálogos e as maneiras como sua decisão pode afetar o rumo da história.

Você verá pouco essa tela de combate

A ATLUS errou em trabalhar o marketing desse lançamento de maneira dupla: divulgações divididas em reforçar a chegada de um RPG japonês ao Ocidente, além de criar propaganda para atingir o público órfão de Visual Novels. Utawarerumono não é nenhum nem outro! São poucas as oportunidades de combate e ao mesmo tempo em que o básico para transformar no gênero que nos lembra um animê interativo acaba não acontecendo. Ele é uma excelente animação e que se lembra do jogador de vez em quando.

Misturando elementos de RTS e RPG tático, você terá a chance de montar sua equipe toda vez que um novo inimigo for enfrentado. Através do estágio mapeado, você poderá posicionar seus personagens e trabalhar em sua estratégia de ataque e defesa, sem contar a exigência de sua atenção para pressionar corretamente o botão de ataque no momento exato para dar continuidade à sequência de ataque, ataque crítico e até mesmo um ataque carregado. Quanto mais level você ganhar e mais forte seus personagens estiverem, sua unidade de ataque conseguirá criar melhores sequências de ataque e finalizações.

Uma nova forma de jogar: RTS e RPG estratégico

Após algumas horas será fácil notar que o combate é algo um tanto quanto desnecessário no jogo, pois você estará imerso na história e sentirá como se cada encontro com inimigos interrompessem algo incrível que você está apenas assistindo. Essa opinião também ganha força quando você percebe que dificilmente perde uma batalha por conta da opção de revisitar vários turnos, além do Overzeal, ações que acontecem após um determinado número de ataques e são capazes de curar seus personagens.

Utsukushii Game

“Um belíssimo jogo”. Se existe o ponto negativo por conta do pouco gameplay, a equivocada divulgação no Ocidente e as questões que o afastam do gênero Visual Novel, Utawarerumono: Mask of Deception tem um visual incrível e uma trilha sonora capaz de te levar para dentro desse universo mágico. O design dos personagens se preocupa com o carisma, inclusive os mais misteriosos e ameaçadores, e fará você ficar surpreso com a maneira como cada um deles conseguem ganhar espaço, além de te deixar na dúvida sobre qual será o seu preferido.

Mesmo sendo um tanto quanto repetitivo por conta das paisagens estáticas ao fundo ou até mesmo em primeiro plano, quando Haku está imerso em seus pensamentos, o visual é recompensador e gratificante para acompanharmos apenas diálogos em voice over. Com uma pequena limitação por conta das animações em tempo real e poligonais, que não sejam ilustrações estáticas, a direção de arte se mantém impecável e não encontramos problemas de queda no frame rate, mesmo que sacrifiquem o padrão visual dos jogos mais atuais e realistas.

Menus são os únicos detalhes que não acompanham a beleza do jogo

Infelizmente a beleza do jogo não foi pensada para acompanhar os menus durante os combates, talvez mais um ponto que reforce a minha opinião por serem totalmente secundários ou até mesmo desnecessários. Com suas diversas opções, a arte dos textos, botões e informações são muito básicas e sem nenhum estilo, muito comum para quem acompanha RPG desde gerações passadas. Por outro lado, prepare-se para presenciar uma das melhores e mais belas aberturas que um jogo apresentou nos últimos anos!

Aprenda a jogar algo novo

Esse foi um desafio que me fez aprender a jogar algo totalmente diferente do que estou acostumado e que também serviu como um respiro para a mesmice dos jogos ocidentais que inundam a atual geração. O game da Aquaplus tem um foco claro na narrativa e não na jogabilidade, servindo como porta de entrada para esse gênero aos mais curiosos, já que o hype de Persona 5 (análise) também serviu para quem sempre teve vontade de jogar uma Visual Novel, porém pode ter achado complexo o nível de interação.

Personagens fofinhos também são perigosos

Fica claro a limitação do jogo e que ao mesmo tempo também pode ser o ponto de frustração dos mais desavisados, por iniciarem a jornada pelo Império Yamato sem ao menos se preocuparem em pesquisar sobre a franquia. Afinal, Haku foi achado para decidir o futuro de uma nação dividida e em crise, mas não para fazer grind com objetivo de se tornar o personagem mais forte.

Fuja do comum e dê à Utawarerumono: Mask of Deception a chance que você precisava para experimentar novas experiências. E se você gostar tanto quanto eu gostei dessa “novidade” crescente no mercado ocidental, uma boa notícia: a continuação Mask of Truth chega ainda esse ano!

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